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“Amiga da onça” de Larissa Manoela, Giulia Ayumi revela como superou namoro tóxico e depressão

À coluna, atriz de 21 anos fala sobre amadurecimento e comenta trajetória de Ritinha em Além da Ilusão

Publicado em 13/07/2022

Na reta final, Além da Ilusão marca o retorno de Giulia Ayumi às novelas da Globo após quase uma década. Quando participou de Sangue Bom (2013), ainda criança, ouviu de um diretor que dificilmente voltaria a atuar por ter ascendência asiática. Esta foi apenas uma de várias provações que a ela, hoje com 21 anos, precisou superar na vida pessoal e na carreira até se consolidar como atriz.

Sucesso no cinema (em filme como Ela Disse, Ele Disse) e na internet (com a websérie autoral Condomínio do Barulho), Giulia também está no elenco do espetáculo infantil Patrulha Canina – O Musical, que estreia em agosto no Rio de Janeiro e em setembro desembarca em São Paulo. Revelada no Ídolos Kids, da Record, a atriz e cantora demorou a fincar seus dois pés na TV pelo preconceito contra artistas com traços orientais.

“Foi um processo muito dolorido, porque eu tinha só 12 anos quando estava na novela. Estudo teatro desde os 6 anos, mas não estava preparada para aquilo. Quando saí de Sangue Bom, ouvi: ‘É muito boa, mas é asiática, não temos pai e mãe para colocar para ela. Só vai trabalhar se for adotada ou quando for adulta’. Eu já tinha sido adotada na novela, qual a chance de fazer outra? Acabei ficando no limbo, sem trabalhar. Estudei muito depois disso e corri atrás do meu sonho de seguir na carreira artística. Temos quebrado esse tabu, produtores de elenco estão se esforçando para diminuir cada vez mais esse preconceito. Por exemplo, eu sou a primeira atriz japonesa em uma novela de época no Brasil. Poder estar de volta é uma realização”, afirma Giulia em entrevista exclusiva à coluna.

Em uma das tentativas de retornar à televisão, contracenou com Larissa Manoela nos testes para Cúmplices de um Resgate, no SBT. Ela não conquistou o papel, mas a experiência ficou na memória até reencontrá-la em Além da Ilusão. Na trama, Ayumi é Ritinha, “amiga da onça” de Isadora. Invejosa e linguaruda, adora diminuir as colegas com comentários desnecessários. Nos bastidores, elas compartilham até os xingamentos cafonas dos anos 40, como “papagaio”.

“Caí de paraquedas. Falaram que eu seria amiga da Larissa Manoela. Nem sabia que era uma novela de época, descobri só quando provei o figurino. Nunca imaginei revê-la na Globo, nos anos 40! Ritinha tem complexo de superioridade. A primeira fala dela para a Arminda (Carol Dallarosa) foi sobre o vestido dela: ‘Requentado. Usou ano passado no baile de formatura’. Podia ter ficado quieta! Ela quer aparecer em cima das pessoas. Adotamos as gírias para a vida! Eu não posso esquecer nada que falo: ‘Papagaio!’, ‘Ora, bolas!’. O que mais me dá alívio quando saio do set é a postura, porque as jovens da época se posicionavam corretamente, com as costas eretas. Eu saio com as costas doendo! A lombar da gata nem existe mais”, brinca.

Não sou tachada como mulher, mas como mulher asiática. Se há um teste para mulheres de 18 a 25 anos e eu envio meu material, eles mandam de volta porque dizem que não querem asiática, mas querem mulher. Eu não sou mulher? Além da Ilusão foi um passo à frente na minha carreira. Agora vão me ver não só como ‘atriz asiática’, mas como atriz.

Giulia Ayumi

Depressão, amor tóxico e superação: o amadurecimento de Giulia Ayumi

Como Isadora, Giulia Ayumi teve Ritinhas na adolescência que a empurraram para os chamados “boys lixo”. A atriz precisou amadurecer a duras penas. Passou por relacionamento tóxico, entrou em depressão e foi resgatada com a ajuda da mãe e sessões de terapia. Hoje, aos 21 anos, ela cura suas feridas com muito trabalho, amor-próprio e um namoro saudável com o criador de conteúdo Iago Aleixo.

“Eu tinha acabado de sair de casa, tinha 17 anos, era muito nova. Comecei a me sentir muito sozinha e entrei em um processo depressivo muito severo. Fiquei um mês sem escovar os dentes nem tomar banho. Não saía de casa e sobrevivia comendo salgadinho, pedia para o porteiro deixar no elevador. Quando minha mãe descobriu, saiu de Vitória e foi correndo para São Paulo: ‘Ou você se trata ou volta para Vitória comigo’. Eu: ‘Não preciso de psicóloga, estou bem. Vou fazer para te provar que isso não vai mudar minha vida’. Em suas sessões já estava bem melhor!”, recorda.

Recuperada do namoro que a deprimiu, Ayumi chegou a ficar noiva em agosto de 2020, em um pedido de casamento que virou notícia pela pouca idade do casal. Hoje, a atriz capixaba consegue enxergar os defeitos do relacionamento: “Emendei uma coisa na outra e criei uma dependência emocional muito forte. Acabamos sendo muito tóxicos um para o outro. Voltei para Vitória, onde fiz duas cirurgias plásticas, e foi onde percebi que o que tínhamos não era saudável para mim nem para ele. Foi opção minha terminar”.

O novo amor surgiu no lugar mais improvável: um evento temático de Harry Potter. Solteira e feliz, ela se interessou por um rapaz sem saber que o conhecia desde 2015. Iago apareceu em fotos antigas de Ayumi ao lado de outros amigos. “Minha amiga também o conhecia e me apresentou para ele. Acabamos ficando nesse evento. Depois vi que tinha um álbum com mais de 15 fotos dele!”, comenta a atriz, que está morando com o amado.

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