Mulher forte

Helena de Mulheres Apaixonadas tem sido vista de forma diferente pelo público em segunda reprise na TV aberta

Protagonista vivida por Christiane Torloni se mostra mais forte e não se resume apenas a ajudar os outros

Publicado em 10/11/2023

Quando o assunto são Helenas de Manoel Carlos, sempre há muitas opiniões sobre qual a melhor ou qual história delas é mais interessante. Nas tardes da Globo, a Helena que movimenta as telas e as redes sociais é Helena de Mulheres Apaixonadas (2003).

Interpretada pela atriz Christiane Torloni, essa é uma das Helenas pouco citada nas listas de protagonistas preferidas pelo público, ao falar das histórias do autor.

Nessa reprise exibida no Vale a Pena Ver de Novo, as cenas de Helena têm gerado repercussão nas redes, com o público enxergando a personagem de um jeito diferente.

Helena sem grande conflito

A protagonista de Mulheres Apaixonadas sempre foi vista como a Helena sem uma filha e os grandes conflitos que a relação materna das Helenas exige. Casada com Téo (Tony Ramos), ela tem o filho Lucas (Victor Cugula), que, na verdade, é fruto de uma relação amorosa que Téo teve com a ex-garota de programa Fernanda (Vanessa Gerbelli), além da menina Salete (Bruna Marquezine), criada pela mãe solteira.

Helena vive um casamento de 15 anos com o músico e se questiona, após muitas crises, sobre o amor e a convivência nessa relação. Esse dilema ganha mais força quando reencontra César (José Mayer), um respeitado neurocirurgião, pais de dois alunos da Escola Ribeiro Alves – ERA.

Fernanda e Téo sofrem um atentado de violência urbana, ela baleada, acaba morrendo. Em seu leito de morte, conta a Helena toda a verdade sobre a relação com Téo, um segredo que a protagonista desconhecia. Ela diz tudo sobre Lucas, o filho do casal, tido como adotado, na verdade, é fruto de um encontro entre Fernanda e Téo – assim como Salete.

O conflito aparece

Helena (Christiane Torloni) e Téo (Tony Ramos) de Mulheres Apaixonadas
Helena (Christiane Torloni) e Téo (Tony Ramos) de Mulheres Apaixonadas (Reprodução – TV Globo)

Helena, que até então parecia apenas ter um casamento fracassado, algo que não aparenta ser um grande conflito para o público, na realidade tem algo muito complexo em sua vida.

Ela é uma mulher que tenta engravidar, consegue, mas perde o bebê. Acaba adotando um menino, mas não sabe a verdade sobre essa adoção: o menino é filho do marido, fruto de um caso extraconjugal.

Essas camadas da personagem foram pouco exploradas, e talvez isso tenha dado a sensação da falta de um grande conflito, além dela ter que lidar com os problemas das irmãs Hilda (Maria Padilha) e Heloísa (Giulia Gam) e da escola.

As questões externas fazem com que Helena passe a sensação de que não tem conflitos familiares, diferente das outras Helenas do autor.

Anti-heroína?

Diferente das anteriores, que pareciam certinhas e se anulam por amor às filhas, a Helena de Torloni é uma mulher que já traiu o marido, que aos 40 deseja terminar um casamento infeliz e viver um grande amor. Esse comportamento mostra o quanto é dona de si e age em busca da felicidade, independente do que os outros vão pensar ou não.

A Helena de Mulheres Apaixonadas não é tradicional, ou seja, ela seria quase como uma anti-heroína, assim como a Helena de Por Amor (1997), interpretada por Regina Duarte. Ela não tem o mundo da novela girando em torno de si, além de focar muito tempo em César, algo que não é comum em todas as Helenas.

As reprises, por mais que sejam muito questionadas, são interessantes por conta da possibilidade que oferecem ao público, de ver personagens de uma maneira diferente. Se muitos deles vistos como fracos ou incríveis, a cada reprise as ideias mudam, mostrando que o tempo e a maturidade quando o assunto é novela podem ser fascinantes, e que nossa memória afetiva pode nos trair.

As informações e opiniões expressas nesta crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade