Curiosidades da TV

Não foi só Vai na Fé na Globo: relembre outras ocasiões em que novelas tiveram horário alternativo na programação

Novidade para muitos espectadores, prática não é nova na emissora nem em algumas concorrentes

Publicado em 25/07/2023

No ano passado, a TV Globo iniciou com Cara e Coragem, de Cláudia Souto, a prática de exibir o capítulo de sua novela da faixa das 19h uma segunda vez algumas horas depois, na madrugada, depois do talk show Conversa com Bial. A sucessora Vai na Fé, de Rosane Svartman, manteve o horário alternativo, e Fuzuê, de Gustavo Reiz, deve também ser exibida duas vezes por noite.

Essa prática não é nova: nos anos 1990, o SBT manteve por alguns anos a exibição do mesmo capítulo de sua novela nacional duas vezes. Uma competia com o Jornal Nacional (entrava no ar pouco antes das 20h) e outra, com a primeira linha de shows da TV Globo (por volta das 21h30, depois da trama das 20h). Isso ocorreu com Éramos Seis, As Pupilas do Senhor Reitor e Sangue do Meu Sangue, sequência de histórias da emissora de Silvio Santos entre 1994 e 1996.

Na própria TV Globo, entre o fim da década de 1960 e começo da de 1970 alguns títulos tiveram horário alternativo no começo da tarde, mas com uma diferença. A Grande Mentira, de Hedy Maia, por exemplo, estreou em maio de 1968 às 19h, e a partir de setembro passou a ser exibida às 13h desde o primeiro capítulo, sem que isso comprometesse a sequência do enredo na faixa de origem. O final só foi levado ao ar em julho de 1969; assim, por mais alguns meses a novela seguiu no ar, à tarde, até que também acabasse no segundo horário.

O mesmo ocorreu com outras produções, a exemplo de Rosa Rebelde (1969), de Janete Clair; Pigmalião 70 (1970), de Vicente Sesso; e Bicho do Mato (1972), de Chico de Assis e Renato Corrêa de Castro. Após uma pausa de dois anos na exibição do gênero em sua grade vespertina, a TV Globo voltou a veicular reprises de novelas à tarde em 1976, com Helena, de Gilberto Braga, da obra de Machado de Assis. A primeira exibição da história protagonizada por Lúcia Alves e Osmar Prado havia sido em maio de 1975.

Recuando mais no tempo, durante alguns meses de 1967 os telespectadores cariocas tiveram a oportunidade de ver os capítulos de suas novelas preferidas em horários alternativos, caso os perdessem na faixa em que estreavam. E em mais de uma emissora.

Entre março e maio daquele ano, a TV Excelsior do Rio de Janeiro (Canal 2) reexibiu por volta das 23h os capítulos de três das quatro produções em cartaz na ocasião, a saber: Redenção (1966-1968), de Raimundo Lopes; As Minas de Prata (1966-1967), de Ivani Ribeiro, da obra de José de Alencar; e O Morro dos Ventos Uivantes (1967), de Lauro César Muniz, da obra de Emily Brontë.

As novelas eram transmitidas entre 19h e 21h, e pouco depois reapresentadas. O que separava as duas emissões na grade eram basicamente um telejornal e alguns enlatados, como Peter Gunn e Markham. Curiosamente, Abnegação (1966-1967), de Dulce Santucci, não era levada ao ar duas vezes por noite. O Canal 9 de São Paulo não copiava a estratégia.

Já a TV Globo, Canal 4 carioca, exibia duas novelas da cubana Glória Magadan: às 20h, A Sombra de Rebecca, e às 21h30 A Rainha Louca. Por volta de 0h30, logo após os filmes da Sessão das Dez (que começava às 22h30), as duas produções ganhavam repeteco dos capítulos levados ao ar mais cedo. A exemplo dos folhetins da TV Excelsior, tal não ocorria no Canal 5 paulistano, àquela altura já pertencente a Roberto Marinho.

A TV Tupi do Rio de Janeiro (Canal 6) apresentou duas vezes por noite os capítulos de O Profeta (1977-1978), novela de Ivani Ribeiro. Cartaz da faixa das 20h, a história era reprisada às 23h, depois da linha de shows da casa. Todavia, isso não ocorreu desde a estreia, só começou depois de algumas semanas.

Na década de 1990, a TV Bandeirantes fez exibição dupla dos capítulos de algumas novelas, como A Idade da Loba (1995-1996), de Alcione Araújo, e O Meu Pé de Laranja-lima (1980-1981), de Ivani Ribeiro, da obra de José Mauro de Vasconcelos, esta em reprise na ocasião (1996), quando sucedeu a de Alcione. Cartazes das 19h, as histórias ganhavam nova chance de atingir o público às 11h do dia seguinte.