A Globo vai transmitir o Carnaval fora de época, adiado de março para agora, mês de abril, por conta da pandemia. Uma das novidades da emissora é a apresentação de Maju Coutinho.
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A âncora do Fantástico estará ao lado de Alex Escobar e dos comentaristas Milton Cunha e Pretinho da Serrinha para acompanhar os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro nos dias 22 e 23.
Em entrevista, Maju abriu o jogo sobre sua preparação para liderar a tradicional festa e qual o significado dela em sua vida. Acompanhe.
Qual a importância do samba e do Carnaval para a cultura brasileira? E também para as comunidades?
O Carnaval é a expressão máxima da cultura brasileira, manifestação cultural mais importante desse país, está no DNA do povo brasileiro e traz a ancestralidade preta.
O Carnaval não alimenta só a alma dos integrantes das escolas, ele também é uma indústria que coloca comida na mesa de muita gente que passou por um período difícil nessa paralisação por causa da pandemia e mostrou resiliência, porque continuou na luta.
Muitas escolas apoiaram a comunidade, apesar de não haver a festa, então esse retorno é importantíssimo para alimentar também o espírito carnavalesco e para movimentar essa indústria que é a nossa Hollywood.
O que é carnaval pra você?
Para mim, Carnaval é ancestralidade, negritude, força, alegria, disciplina e devoção. Quem acompanha de perto a preparação das escolas de samba acredita em como aquilo é quase uma seita.
Eu diria até que é mais forte do que a emoção e a comoção do futebol, pelo que eu percebi nas visitas que fiz aos barracões e às quadras.
Pra quem vê de fora, é a festa, a leveza, a alegria, mas pra quem vê de dentro, vê muita disciplina, as pessoas seguindo ordens, cumprindo, fazendo com amor. É incrível ver a capacidade de coesão sem ponto eletrônico, uma galera interagindo, fazendo aquilo acontecer. É mágico.
Cite um carnaval inesquecível pra você:
Eu costumo lembrar dos sambas que me marcaram, e acho que esse marcou muita gente: ‘Peguei um Ita no Norte’, do Salgueiro, de 1993.
Um carnaval que eu não lembro de ter assistido, mas que está na memória também por conta da sonoridade é ‘Bum Bum Praticumbum Prugurundum’, do Império Serrano, de 1982, e os carnavais de São Paulo, porque eu sou paulistana.
Eu ia à quadra da Nenê de Vila Matilde e tenho a lembrança da quadra da escola mais do que o desfile na avenida. Aquela bateria chegando na minha alma é inesquecível na memória carnavalesca de quem é paulistana.
Depois de dois anos de espera, você acha que esse carnaval será memorável?
Eu acho que depois desse período de quase dois anos de paralisação por causa da pandemia, o retorno da festa tem tudo para ser inesquecível, como relatam ter sido o carnaval de 1919 após a pandemia da gripe espanhola. E todos cairão com avidez, com voracidade, para aproveitar essa retomada.
E é muito curioso, porque percebemos isso nos barracões que eu e o Alex Escobar visitamos. Vários integrantes das escolas falam que não vão cantar o samba, vão berrar e tirar esse engasgo após a paralisação.
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