Opinião

Acabou a superioridade do Brasil no futebol – ou Nem sempre o melhor vence

A tática do adversário era levar para os pênaltis, e o Brasil caiu na armadilha

Publicado em 10/12/2022

Meus amigos da Coluna Por Trás da Tela, sim!!! Eu sinto que as pessoas precisam, cada vez mais, de jornalistas que não dependam de patrocínio para viver. Nesta sexta-feira (9), pela manhã, eu estava com meu menino, Luiz, na piscina de casa – pois é, eu também sou filho de Deus -, e ele me perguntou: “Pai, qual é a chance do Brasil nesse jogo?”.

Eu disse: “O Brasil tem 50% de chance”. O Luiz me olhou com cara de desconfiado, do tipo “Meu pai é um pessimista”. Mas eu disse a ele que sou da geração de 1982. Eu tinha 10 anos na época da Copa do Mundo da Espanha e vi a Itália de Paolo Rossi, o homem que acabou com o sonho de uma das melhores Seleções que acompanhei na vida.

A começar pelo técnico, Telê Santana, que foi um dos mais competentes que observei fora das quatro linhas. Claro que o Telê foi um bom jogador, mas foi melhor técnico. O que quero dizer?

Qualquer curioso que deseje ver a Seleção Brasileira contra a Itália, na Copa de 1982, pode conferir o embate na íntegra, ou os melhores momentos do jogo (pelas redes sociais), uma partida com a Seleção comandada por Zico, na companhia de Sócrates, Éder Aleixo, Cerezo, Falcão e outros que fizeram do time brasileiro o melhor de todos os tempos – ou um dos melhores.

Aliás, Júnior, que foi um dos grandes nomes daquela Seleção do Telê, jogador de que sou fã, comentou a Copa do Mundo do Catar, e nunca chegou a garantir o título do Brasil neste ano – não que eu tenha percebido.

O craque Júnior, escolado e pertencente a uma Seleção “de ouro”, sucumbiu à Itália, “econômica”, que ganhou o título em 1982. Exatamente por isso, para mim, Júnior foi a melhor escolha para comentarista da Copa de 2022. Talvez o time dele fosse melhor do que o atual.

Além de ser competente, inteligente e um craque, Júnior sempre provou ser ótimo comentarista, desde quando trabalhei com ele no SporTV – eu era repórter, trabalhei num jogo com a presença do craque, e só não trabalhei mais por causa da “panelinha” que ronda minha profissão.

Enfim, Júnior pareceu pressentir o nosso final agora, em 2022, apesar de não dizer claramente – pelo menos foi o que senti como espectador, posso estar errado. Mas o que quero dizer?

Na minha opinião, como disse anteriormente, a Seleção de Júnior era melhor do que a atual – guardadas as devidas proporções de época. E por que seria diferente agora? Não era diferente. A única “nuance”, ou “diferença” dessa Copa é o fato de todos os envolvidos (emissoras, time, CBF, patrocinadores) precisarem de dinheiro, grana, money, para sobreviver. Claro, precisam de dindim desde sempre, mas me parece que a necessidade de ouro é sempre maior a cada Copa. O que quero dizer?

A Seleção de hoje é muito boa, tem grandes craques, com Vini Jr. e Neymar – que deixou seu gol marcado. O que faltou? Da mesma maneira que o Brasil tem “complexo de vira-lata” em economia, política, sociedade etc., o mesmo não se repete quando a questão é futebol. No futebol nos comportamos como Primeiro Mundo, mas outros países, como a Croácia, fazem o contrário.

Quando o Brasil fez o primeiro gol com Neymar (parabéns), a tática era segurar o resultado até o final. Mas, de repente, “fluiu” na mente dos jogadores, e mesmo dos torcedores, uma superioridade que não existe desde o tempo de Pelé, de Zico, de Ronaldo Fenômeno (em 2002), independente de quem ganhou ou não ganhou títulos.

Voltou ao Brasil o raciocínio “Vamos matar, vamos metralhar”. Mas o futebol não é mais assim. Acabou a superioridade do Brasil, e nem sempre o melhor vence. Explico: nem sempre o craque, ou o mais técnico, é o mesmo que ganha.

A tática do adversário era levar para os pênaltis. E o Brasil caiu na armadilha. Mesmo assim, parabéns a todos que participaram da competição com “coração”. A partir de agora, infelizmente, vamos acompanhar os que dependem de dinheiro para viver e lucrar nos meios de comunicação.

Não falo dos que entregaram a “alma” para a Seleção, mas daqueles que dependem de audiência e motivação para vender suas cotas – e aqui também não me refiro a nenhuma pessoa ou emissora especificamente. Agora vamos acompanhar a Festa da Mídia, ou de quem depende de patrocinador!

Mas fica meu registro, como jornalista e torcedor, para todos que jogaram com emoção, coração, sangue nos olhos, sem pensar em dinheiro. Nunca vi na vida um time tão coeso e unido. Parabéns aos guerreiros. Que na próxima Copa do Mundo não nos esqueçamos de que ainda somos bons, mas não vai ser mais como na época de Pelé. Nós já deveríamos ter aprendido a lição.

Valeu, Brasil. Muito obrigado por honrarem nosso País! Não vamos baixar a cabeça. Como diz o velho ditado, “Perdemos a batalha, mas não a guerra”. Logo, logo, estaremos lutando por mais um caneco. E que venha a próxima Copa!

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