HISTÓRIA

Pequena África de Nos Tempos do Imperador existiu mesmo no Brasil?

Local compõe um dos principais núcleos da novela das seis

Publicado em 09/09/2021

Nos Tempos do Imperador retrata o Brasil em seu Segundo Reinado, cerca de 30 anos após a proclamação da Independência. Entre tantas referências, a novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson apresenta ao público a Pequena África, que deixa a dúvida no ar: será que de fato existiu esse lugar?

Reduto dos negros livres e dos fugitivos que precisam de proteção, a Pequena África mostrada na novela faz parte de um dos mais importantes núcleos. Samuel (Michel Gomes), um dos protagonistas, vive lá após ser condenado injustamente pela morte de Ambrósio (Roberto Bomfim).

O espaço é muito bem organizado, tendo como líderes Cândida (Dani Ornellas) e Dom Olu (Rogério Brito), cuja filha Zayla (Alana Cabral) irá se fazer valer de sua posição de princesa da Pequena África, para ser mimada e ambiciosa até demais.

Sim, a Pequena África foi real

A Pequena África ambientada na novela Nos Tempos do Imperador existiu mesmo no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, e tinha os mesmos objetivos vistos no folhetim. Servia como local de proteção para os negros que recebiam a carta de alforria – que muitas vezes não significava ‘liberdade’ total – ou então que fugiam de seus algozes.

Com moradias coletivas em sua maioria, esse local se situava onde atualmente se aglomeram os bairros da zona portuária do Rio de Janeiro, Saúde, Gamboa e Santo Cristo, assim como o Cais do Valongo, importantíssimo no século 19. Era por este cais, inclusive que desembarcavam os negros que seriam escravizados.

Por ali homens, mulheres e famílias inteiras acabavam ficando, com dialetos, costumes, religões e culturas diferentes e que logo se entrelaçaram para se misturar à história do Brasil – infelizmente passando pela pior tragédia do país, que gera efeitos nocivos à população negra até hoje.

Conforme registros históricos, a Pequena África existiu como reduto do negros escravizados e livres de 1850 até 1920. Atualmente, os bairros que fizeram parte dela ainda permanecem com forte herança da cultura negra, abrigando pontos turísticos bem importantes:

Museu de Arte do Rio (MAR); Morro da Conceição; Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição (1718); Igreja de São Francisco da Prainha (1696); Pedra do Sal e o próprio Cais do Valongo, que recebeu da Unesco o título de Patrimônio Histórico da Humanidade em 2018.

Pequena África, no Rio de Janeiro (Reprodução)
Estátua de Conceição Baptista, primeira bailarina negra do Teatro Municipal, no Largo São Francisco da Prainha (Reprodução)

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