O expediente de transformar longas-metragens recentes em minisséries de início de ano já é uma prática comum da Globo. Neste início de 2018, não se fugiu à regra, e a emissora apostou em Entre Irmãs, longa do diretor Breno Silveira “fatiado” em quatro capítulos. A técnica, no entanto, vem sendo apurada e, hoje, boa parte das produções Globo Filmes já é rodada com a intenção de virar, também, série de TV, e por isso mesmo, são filmadas sequências exclusivas para a versão televisiva.
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Neste contexto, Entre Irmãs mostrou que a emissora vem acertando em cheio na fórmula. Isso porque a história baseada na obra de Frances de Pontes Peebles funciona muito bem, tanto no cinema quanto na TV. A história conta com a emoção característica do folhetim, mas sem perder de vista o apuro técnico e o roteiro mais aprofundado do cinema. E é narrada em tom convencional, sem grandes sobressaltos, tornando-a bem televisiva.
A trama arrebatou. A história das irmãs Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano), separadas por um destino traiçoeiro, emocionou. Luzia tinha a história mais forte, já que foi levada por cangaceiros, engatou uma relação romântica com o chefe do bando, e se tornou a líder. Nanda Costa esteve simplesmente genial em sua versão Maria Bonita.
Paralelamente, a trajetória de Emília dava um alívio romântico, mas não menos empolgante. A jovem é levada para a cidade grande, se casa por amor com um excelente partido, mas se frustra quando descobre que foi usada por ele para esconder sua homossexualidade. Marjorie, sensível como sempre, entrega um trabalho estofado, com uma composição impecável.
E as duas atrizes lideraram um elenco cheio de acertos, no qual se destacaram Cyria Coentro, Rômulo Estrela, Júlio Machado, Letícia Colin, Claudio Jaborandy e Fabio Lago, entre outros. Além disso, Entre Irmãs encantou com uma bela fotografia e impecável reconstituição de época.
Muitas vezes, filmes transformados em minisséries na Globo acabam se tornando produtos híbridos um tanto “estranhos”. Não foi o caso desta vez. Entre Irmãs é um belo filme, e foi também uma grande minissérie, que abriu com chave de ouro a programação de início de ano da emissora.
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