#TBTdaTelevisão: A carreira de Hebe Camargo, Rainha da Televisão Brasileira

Publicado em 07/03/2019

Nesta semana, nem poderia ser diferente. Fábio Costa resgata no #TBTdaTelevisão a vitoriosa carreira de Hebe Camargo como apresentadora na televisão brasileira. De 1955 a 2012, quando faleceu, após complicações de um câncer no peritônio, a saber, Hebe marcou gerações de espectadores com seu talento e espontaneidade.

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TV Paulista, Canal 5: onde tudo começou

Desde os anos 1940, Hebe já se apresentava e fazia gravações como cantora. Mas foi apenas em 1955 que ela se lançou como apresentadora de televisão. E não, não foi na pioneira TV Tupi, mas em sua concorrente direta dos primeiros tempos: a TV Paulista. Foi de Walter Forster a ideia de tornar a cantora Hebe apresentadora. Juntou-a a um grupo de atrizes, entre as quais Eloísa Mafalda e Yara Lins, e assim teve início O Mundo É das Mulheres, exibido semanalmente. O primeiro entrevistado da atração foi o então prefeito de São Paulo, Juvenal Lino de Mattos. Na mesma emissora, Hebe apresentou outros programas, como Calouros Cristal e Musical Manon. Só para ilustrar, era basicamente um programa diferente por dia.

A temporada carioca da loira: Hebe Comanda o Espetáculo

Em 1960, Hebe Camargo chegou ao Rio de Janeiro. No mesmo ano, ela passou a se deslocar entre Porto Alegre, Curitiba e Recife para apresentar programas locais. Nunca é demais lembrar que esses eram tempos nos quais as redes nacionais de televisão ainda não haviam sido implementados.

A TV Continental chegou em 1959 para concorrer pelos telespectadores cariocas com as TVs Rio e Tupi. De cara contratou as duas maiores estrelas da Tupi paulista, a saber: Hebe Camargo e Walter Forster. Este estrelava com Yara Lins a comédia romântica Intimidade. Uma versão local de O Mundo É das Mulheres e o Encontro Musical Com Hebe Camargo foram os programas inicialmente apresentados. Posteriormente, o segundo passou a se chamar Hebe Comanda o Espetáculo. O título foi dado também a um disco da loira. Logo após a temporada da TV Continental, Hebe atuou também na TV Rio, entre 1962 e 1963. E na Tupi carioca.

Record TV: a primeira grande fase na carreira da apresentadora

Após deixar a TV Paulista e os deslocamentos entre capitais para se casar, em 1964, com Décio Capuano. Todavia, sua ausência dos microfones na ocasião durou pouco, apenas os primeiros tempos do casamento e o início da vida de seu primeiro e único filho, Marcello. Em 1965 ela já iniciou o comando do Mulher 65, na Rádio Excelsior. Uma participação de Hebe no programa Corte Rayol Show, na Record TV, então TV Record, chamou a atenção do então dono da emissora, Paulo Machado de Carvalho, em virtude de sua repercussão. Como resultado, ele passou a querer Hebe no cast da casa. E conseguiu.

Com efeito, a Record vivia naquela época uma grande fase. Os musicais e humorísticos da emissora, com um elenco de estrelas, faziam a glória do público paulista. E viajavam o País em vídeo-tape. A saber, às segundas era exibido Dia D… Elza, com Elza Soares, ao passo que nas terças era a vez do Corte Rayol Show. Quarta-feira era dia de O Fino da Bossa, com Jair Rodrigues e Elis Regina, e na quinta, Show Em Si… monal, com Wilson Simonal. Sexta-feira era a vez de Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro com o Bossaudade, e nos sábados os sucessos do momento com Randal Juliano no Astros do Disco. As tardes de domingo ficavam para a Jovem Guarda. Faltava uma atração forte para os domingos à noite, e Hebe se revelava a apresentadora perfeita para isso.

A dinâmica do programa de Hebe na Record

A chamada “Equipe A” da Record ficou incumbida de produzir o programa. Manoel Carlos e Nilton Travesso eram os produtores, Antonio Augusto Amaral de Carvalho (o Seu Tuta) era o diretor de TV e Raul Duarte criava as fichas com as perguntas a serem feitas para os convidados. Não havia grande segredo: um sofá, convidados variados e Hebe conversando com eles, além dos números musicais. Renato Corte Real, Agnaldo Rayol (os amigos que a receberam em seu show pouco antes), Roberto Carlos e Apparicio Torelly, o Barão de Itararé, estiveram na estreia, em 10 de abril de 1966.

As maiores personalidades brasileiras e estrangeiras, expoentes de suas áreas de atuação, revelavam coisas públicas e privadas no sofá de Hebe. E o prestígio do programa e da apresentadora só aumentavam. Chegou-se aos 80% de audiência com o dominical. No entanto, as coisas começaram a se complicar com a chegada da década de 1970. Os concorrentes podiam ser sintonizados no Brasil todo ao mesmo tempo, de conformidade com a transmissão dos conteúdos via satélite para as emissoras afiliadas ou parceiras. Já a Record seguia local, sem a mesma prática. Os muitos astros do elenco, que faziam aparições no programa, também foram deixando a casa pouco a pouco e o boom dos shows na Record passou. De tal forma que a coisa foi minguando e a passagem de Hebe pela emissora se encerrou em 1974.

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Tupi, um arrependimento, e Band, uma experiência válida

Ainda em 1974, Hebe estreou na Rede Tupi. O auditório, que ela dominava e encantava como poucos, cedia na época muito espaço aos estúdios, isso desde a última fase do programa na Record. Inicialmente, tudo correu bem, mas a dificuldade de relacionamento com o produtor e diretor Wilton Franco, que integrava a equipe, fez com que a Hebe contasse os dias para o fim de seu contrato. Após um ano de programa, ela deixou a Tupi e não voltou mais. Ficou até 1979 fazendo apenas um programa matutino na Rádio Mulher. Por mais que dissesse que não, ela queria voltar à TV.

Em 1979, Hebe Camargo iniciou sua temporada na Rede Bandeirantes. A emissora a escalou para competir nas noites de domingo com o Fantástico. No entanto, em 1981 a apresentadora entrou em atrito com Walter Clark. Contratado pelos Saad para melhorar a situação da Bandeirantes no cenário de audiência, ele implementou diversas mudanças e desejava ter Hebe na faixa da manhã. Posto que, ao invés de enfrentar o Show da Vida, ele a queria batendo de frente com o TV Mulher de Marília Gabriela, Hebe se desagradou. Clark ficou um ano na emissora, exatamente o ano que Hebe passou fora dela. A apresentadora voltou em fins de 1982 e seguiu na emissora do Morumbi até 1986.

Hebe chega ao SBT e se consagra de vez como a maior das apresentadoras da TV brasileira

No início de 1986, descontente uma vez mais com a Bandeirantes, Hebe ingressou no SBT. Desse modo, tinha início uma escalada da emissora rumo a mais prestígio e faturamento. Depois que Hebe chegou, vieram Carlos Alberto de Nóbrega, Boris Casoy e outros profissionais que atraíram “audiência qualificada” e valorizaram o intervalo comercial da emissora.

Nair Bello, Roberta Close, Carlos Alberto Torres, Tereza Sodré, Sônia Abrão e Agnaldo Rayol estiveram entre os presentes no programa de estreia de Hebe no SBT, em 4 de março de 1986. Poucos dias antes de completar 57 anos de idade, a apresentadora iniciava outra grande fase de sua carreira já extensa na ocasião.

A partir dos anos 1980, Hebe passou a ser enxergada para além da mulher bonita, simpática, que cometia gafes e dizia amenidades distribuindo “gracinhas”. Em contrapartida a esse estereótipo, soltou o verbo e começou a emitir opiniões sérias. E levou a seu sofá figuras controversas da época, como Juca Chaves e Plínio Marcos. O que não a impediu de ser condenada por sua amizade com pessoas como Paulo Maluf, por exemplo.

Primeira abertura do programa de Hebe Camargo no SBT, estreado em 1986.

Após algumas mudanças de horário e reduções em seu salário, Hebe decidiu aceitar o convite da RedeTV! e deixou o SBT no final de 2010. Mas não foi muito feliz na troca. Por isso, queria voltar à antiga casa. Quando assinou novo contrato e estava de volta à emissora de Silvio Santos, infelizmente, sofreu uma parada cardíaca e faleceu.

Hebe permanece viva e influenciando as apresentadoras de TV

Uma exposição temática dos 90 anos de Hebe e uma série contando sua vida, produzida pela Globo, a ser exibida em breve. Essas são mais duas das mostras da representatividade da loira para a televisão brasileira. Hebe merece ser lembrada e reverenciada, tanto neste #TBTdaTelevisão como de outras formas possíveis.

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