No mês do Natal

O #TBTdaTV fala nesta semana sobre as estreias de novelas em dezembro, poucas em quase 70 anos de TV no Brasil

Relembre as novelas que foram lançadas em dezembro

Publicado em 12/12/2019

Tradicionalmente, dezembro é um mês que a gente já começa pensando em como ele vai terminar. Os festejos de Natal e de Ano-Novo, as confraternizações do trabalho e com amigos, compras e preparativos, tudo isso nos desloca da rotina do resto do ano. De maneira que estrear um produto caro como uma telenovela, e que ainda por cima demanda um tempo para que o espectador se habitue à nova história e aos novos personagens, não deixa de ser um risco. Ou melhor, risco sempre é, mas no finzinho do ano esse risco se potencializa. O #TBTdaTV desta semana relembra as estreias de novelas em dezembro. Não foram muitas, mas nem todas sofreram com a época. E de vez em quando as emissoras arriscam, assim como a Record TV agora com Amor Sem Igual.

Na década de 1960, ocorreram algumas estreias de novelas em dezembro

A TV Globo promoveu pelo menos quatro estreias de novelas em dezembro nos anos 1960. Nos últimos dias de seu primeiro ano de atividade (1965), a emissora estreou no Rio de Janeiro Padre Tião e Um Rosto de Mulher. Na primeira, escrita por Moysés Weltman a partir da obra de Ghiaroni, Ítalo Rossi viveu o papel-título. Só para ilustrar, o casal tradicional de novela era aqui representado por Gracindo Júnior e Marília Pêra. Ademais, o elenco de Padre Tião também contava com Graça Mello, que a dirigia. Já a segunda era protagonizada por Nathalia Timberg, no papel de uma mulher de dupla personalidade: Elisa e Beth. O autor foi o então jovem Daniel Más, com base em original estrangeiro.

Os outros dois casos tiveram o primeiro capítulo no ar em fins de 1967. Tarcísio Meira e Glória Menezes estrearam na Globo protagonizando Sangue e Areia, de Janete Clair. A obra era baseada num original de Blasco Ibañez, adaptado também pelo cinema em mais de uma ocasião. O toureiro Juan Gallardo (Tarcísio) era alvo do amor da sensual Doña Sol de Alcântara (Glória), que chega a arrancar os próprios olhos como prova de amor. Forte. Na outro horário de dramaturgia da casa foi exibida na mesma época O Homem Proibido. Passada na Índia, a história narrava as aventuras de Demian (Carlos Alberto) e seu romance tumultuado com Surama (Yoná). A saber, em algumas praças o título foi modificado para Demian, o Justiceiro. Kim, o Bengalês era um codinome usado por Demian para combater os malvados de Canchipur sem ser descoberto.

Janete Clair foi a autora de duas das histórias que estrearam bem no no finzinho do ano

Nos anos 1970, dos muitos títulos assinados por Janete Clair nas novelas da Globo, dois deles estrearam em dezembro. No ano de 1976, foi a vez de Duas Vidas, que contava a história de diversos personagens separados pelas obras do Metrô do Rio de Janeiro. Só para ilustrar, se dependesse da autora, o nome da novela inclusive seria O Metrô. O médico Vitor Amadeu (Francisco Cuoco) e o cantor Dino César (Mário Gomes) disputavam o amor da viúva Leda Maria (Betty Faria) no conflito principal. A empresária Cláudia (Susana Vieira), dona de uma gravadora de discos, era outra personagem de destaque, bem como o casal formado pela balzaquiana Sônia (Isabel Ribeiro) e pelo jovem Maurício (Stepan Nercessian).

Francisco Cuoco na abertura de O Astro, em 1978 (Reprodução/TV Globo)
Francisco Cuoco na abertura de O Astro, uma das estreias de novelas em dezembro (Reprodução/TV Globo)

Já em 1977 Janete atacou nos últimos dias do ano com O Astro, também protagonizada por Francisco Cuoco. Aqui ele viveu Herculano Quintanilha, que ascendia de guru de churrascaria a eminência parda no império financeiro deixado por Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo), empresário assassinado misteriosamente.

Uma versão de Dona Xepa foi aposta da Globo em dezembro de 1990

Lua Cheia de Amor, uma das raras estreias de novelas em dezembro.

Dezembro de 1990 foi o mês de lançamento de Lua Cheia de Amor, novela das 19h da Globo. Ana Maria Moretzsohn, Ricardo Linhares e Maria Carmem Barbosa desenvolveram o projeto com base em Dona Xepa, texto teatral de Pedro Bloch. Anteriormente, Gilberto Braga já havia adaptado a obra de Bloch para uma novela das 18h também chamada Dona Xepa, em 1977. Yara Cortes foi a feirante Xepa, aqui convertida em Genuína, ou Genu (Marília Pêra), uma camelô. Quem roubou a cena na novela foi Arlete Salles no papel de Quitéria Jordão, ou Kika, cujo maior sonho era ser amiga íntima de sua “ídola” Laís Souto Maia (Susana Vieira).

Fora da Globo, estreias de novelas em dezembro aconteceram algumas vezes

A Rede Manchete e o SBT promoveram algumas estreias de novelas em dezembro conforme fizeram suas investidas em teledramaturgia. Tanto em 1990 quanto em 1991, a extinta emissora de Adolpho Bloch lançou novelas, que inclusive foram grandes apostas na tentativa de repetir o sucesso de Pantanal, exibida ao longo de 1990. A História de Ana Raio e Zé Trovão foi sua substituta. Jayme Monjardim criou o argumento e dirigiu a história, escrita por Marcos Caruso e Rita Buzzar. Duas caravanas de peões, a de Ana Raio (Ingra Liberato) e a de Dolores Estrada (Tamara Taxman), se cruzam Brasil afora enquanto se desenrola a busca de Ana por sua filha sequestrada, Maria Lua (Micaela Góes).

Logotipo da novela Amazônia, da Rede Manchete
Logotipo da novela Amazônia, da Rede Manchete, uma das estreias de novelas em dezembro (Reprodução/YouTube)

Já em 1991 foi a vez de Amazônia, projeto caro, que passou por vários roteiristas e diretores e nem de longe repetiu o significado de Pantanal para a TV brasileira e a própria emissora. A história começou dividida em duas épocas, final do século 19 e início do 21, e confundiu os espectadores. Numa “Parte II”, apenas o passado foi focalizado. Marcos Palmeira e Cristiana Oliveira foram os protagonistas.

Em dezembro de 1994, o SBT lançou a novela As Pupilas do Senhor Reitor, baseada no romance homônimo de Júlio Dinis. Lauro César Muniz adaptou a obra em 1970 para a Record, e seu texto serviu de base a Ismael Fernandes, Bosco Brasil, Analy Alvarez e Zeno Wilde para a nova versão. Juca de Oliveira foi o “Senhor Reitor” Padre Antônio, que zelava pelas jovens Guida (Débora Bloch) e Clara (Luciana Braga). Na ocasião, a emissora havia reativado seu núcleo de novelas com Éramos Seis, antecessora de As Pupilas do Senhor Reitor.

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