Memória

José Wilker, morto há 10 anos, devolveu dinheiro da plateia após esquecer falas em monólogo

Publicado em 04/07/2024

Ator que foi considerado um dos principais nomes das artes cênicas nacionais, José Wilker (1944-2014) completaria 80 anos em agosto deste ano de 2024, não tivesse saído de cena há uma década vítima de um infarto fulminante durante o sono. Com uma carreira longeva no teatro, na TV e, principalmente, no cinema, Wilker colecionava histórias curiosas que aos poucos vão sendo relembradas por colegas e amigos.

Sem ter sido ainda objeto de estudo que desse origem a uma biografia sobre sua trajetória artística e pessoal, Wilker tem histórias que ainda não foram contadas em sua totalidade, como, por exemplo, sua obsessão por compras e entraves que teve com outro nome essencial da cultura nacional, Jô Soares (1938-1922), durante os ensaios da peça A Cabra ou Quem é Sylvia?, de Edward Albee (1928-2016).

Uma destas histórias veio à tona hoje, 04, com a divulgação da conversa que o empresário e produtor musical João Marcello Bôscoli teve com Benjamin Back e André Barcinski durante o podcast B3+1, onde conversam sobre música e entrevistam personalidades do gênero.

Bôscoli lembrou de um período em que Wilker e Paulo César Pereio (1940-1924) frequentavam a casa de seu pai, Ronaldo Bôscoli (1928-1994), que morava na cobertura de um prédio onde na parte de baixo funcionava um teatro, no Rio de Janeiro. Em uma dessas visitas, lembra o produtor, Wilker teria fumado um cigarro de maconha e descido para fazer a sessão.

Ao entrar em cena, o ator teria se dirigido à plateia, pedido desculpas e confessado que teve um branco. “Ele chegou lá, era um monólogo e disse: ‘Senhoras e senhores, lamentavelmente hoje nada me ocorre. Obrigado.’ E devolveu o dinheiro”, lembrou o produtor, rindo.

Bôscoli não revela nem o nome da peça e nem tampouco o do teatro, mas a história serviu para divertir os companheiros de mesa e reforçar a aura mítica de Wilker, sempre capaz de manter uma plateia entretida.