Racismo

Giu Alles denuncia racismo após ser revistado e acusado de roubo no palco durante APCA

OUTRO LADO: Associação Paulista de Críticos de Arte diz que houve ruído na comunicação e que não houve intenção de constranger o ator

Publicado em 04/07/2024

Na última terça-feira, 02, durante a cerimônia de entrega do Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), o ator Giu Alles denunciou que havia sido acusado de roubo e revistado por seguranças do Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, onde ocorreu o evento, enquanto esperava para discursar ao lado dos colegas. O ator faz parte da Companhia Antropofágica, que recebeu um dos prêmios especiais da noite.

No palco, o ator afirmou que foi abordado após um dos organizadores do evento o acusar de roubar o prêmio, sugerindo que o ator havia colocado a estatueta na bolsa. Ele teria aberto a bolsa e mostrado que o que havia guardado era seu celular. O ator falou ainda que se tratou de um caso de racismo.

Durante seu discurso, Alles disse ainda que a relação que deveria haver com os racistas não era de vítima, mas de algoz. Não houve, até o momento, uma denúncia formal por parte do artista contra a Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). 

A reportagem tentou contato com o ator, mas não obteve sucesso até o fechamento desta reportagem. Ainda não houve por parte da APCA um posicionamento em suas redes oficiais. Procurada, a Associação Paulista de Críticos de Arte se manifestou por meio de uma entrevista com Celso Curi, membro do júri e da diretoria da associação. Confira abaixo a declaração completa:

“Foi uma coisa tão boba. O que aconteceu foi que os troféus não ficaram prontos antes da cerimônia e tivemos que improvisar dando troféu fake para todo mundo, para que eles pudessem tirar foto, subir ao palco e tudo o mais. Todo mundo vai receber o troféu em casa, tudo direitinho, mas esses não ficaram prontos a tempo. Mas é um processo tenso, porque as pessoas pegam o troféu, largam em lugares diferentes, a gente tem que correr e ir atrás. Nesse ano, o teatro foi a última categoria, então subiram muitas pessoas no palco, grupos muito grandes. Todos saíram juntos e alguém da produção me disse que o rapaz havia guardado o troféu na bolsa, pensando que aquele já era o troféu dele. Eu fui até ele e tentei explicar que talvez tivesse havido um engano, ele se ofendeu, abriu a bolsa e ficou essa situação chata. Imagina, eu jamais iria revistar ninguém. Não tinha segurança, eu era o segurança. Eu tentei explicar o que estava acontecendo, mas ele sumiu no meio da multidão e ali se organizou com o grupo e eles fizeram o discurso no palco. Fiquei muito chateado porque tinha sido uma noite linda, e aconteceu essa porrada que veio na contramão do que nós propusemos, com uma cerimônia que buscou ser inclusiva, diversa. É uma acusação muito séria, e eu não pedi para que ele abrisse a bolsa, só estava comunicando que pudesse ter acontecido um equívoco e na confusão, ele não entendeu. Eu, inclusive, achei melhor ir falar pessoalmente com ele porque ali naquele espaço todas as pessoas me conhecem, então assim não haveria um mal entendido ou um telefone sem fio, mas no fim aconteceu esse ruído que me deixa muito triste”.

De acordo com Curi, a companhia também foi procurada para que a associação pudesse elucidar o ocorrido, mas não haviam respondido ao pedido de contato. A Companhia Antropofágica foi a vencedora na categoria especial por seu espetáculo Okupação Antropofágica, que celebrou 20 anos de trajetória do grupo e cumpriu temporada no palco do TUSP, o Teatro da Universidade de São Paulo.