Crítica

Star Wars: Andor inicia sua primeira temporada com o pé direito

Análise dos três primeiros episódios da série da Disney+.

Publicado em 22/09/2022

Ainda bem que a plataforma Disney+ não vive só de Marvel!

Lembrando-nos que toda vez que lançam qualquer produção relacionada ao universo de Star Wars, já temos uma certeza: os fãs da franquia vão voar em cima de tanta ansiedade para conhecer ou saber quais aspectos irão desenvolver e tratar desta vez!

Em Star Wars: Andor, testemunhamos uma proposta de prequela spin-off de Rogue One: Uma História Star Wars (2016) de Gareth Edwards. A série criada por Tony Gilroy (franquia Bourne; Conduta de Risco) para o serviço de streaming Disney+, segue o ladrão/espião rebelde Cassian Andor (Diego Luna) durante os cinco anos que antecederam os eventos do filme.

Sobre Cassian Andor

Convenhamos que apesar de Rogue One: Uma História Star Wars tenha deixado uma boa impressão – principalmente entre os fãs mais exigentes – não se imaginaria muito coisa saindo dali. Mas, como estamos falando da indústria hollywoodiana, já sabemos que para tudo se dá um jeito.

E, deram mesmo!

Resolveram explorar uma personagem que nem foi lá tão exaltada na época do lançamento do longa-metragem de Edwards, no caso, o espião rebelde Cassian Andor. Apesar de no papel termos uma construção e evolução atraente, tivemos pela performance do ator mexicano Diego Luna, algo um tanto frio demais para o tipo de posicionamento que este representava.

Ainda assim, alguns chefões da Disney acharam que valia a pena apostar na personagem, novamente. Para estes, fica um agradecimento efusivo!

Star Wars: Andor iniciou sua trajetória com o pé direito (e um pouco mais), simplesmente por fazer algo que já foi tentado recentemente no universo Star Wars (Episódio VIII – Os Últimos Jedi), porém nunca com tamanha qualidade técnica balanceada, com roteiro, direção, trilha sonora e performances trabalhadas de modo tão harmônico.

É Star Wars, mas não é!

Uma das críticas necessárias que podem ser feitas quando estamos tratando do universo encabeçado por George Lucas, é a de que esta franquia de megassucesso mundial apresenta muitas dificuldades de se desvencilhar de sua própria conquista.

É inegável para qualquer um – mesmo aqueles desinteressados – o tamanho e a importância do triunfo que foi o longa-metragem original de 1977. Basicamente, podemos afirmar que existe a indústria do cinema hollywoodiano pré e pós-Star Wars.

A expressão ‘arrasa-quarteirão’ que se refere às enormes filas de pessoas que tomavam as calçadas por todo um quarteirão de ruas surgiu após o sucesso estrondoso do primeiro filme da trilogia original. Quando lançaram o Episódio V – O Império Contra-Ataca em 1980, já era possível perceber que aquilo que testemunhávamos (realmente) mudaria as coisas dali em diante.

Décadas depois percebemos que o êxito mais que merecido da franquia, se tornaria uma âncora para as produções seguintes, sejam da trilogia prequela (1999 – 2005), quanto da trilogia mais recente (2015 – 2019).

O mérito em Star Wars: Andor – similar àquele visto em The Mandalorian – está em compreender o universo a que pertence, sem apelar às armadilhas que prenderiam a narrativa da história ao chamado cânone de Star Wars. Podemos facilmente afirmar que a série criada pelo talentoso Tony Gilroy enverga mais para o suspense de espionagem do que para aventuras de ação espaciais, por exemplo.

Polícia X População

Não é preciso dizer que, por apenas fazer algo diferente do costume, Star Wars: Andor pode ser elevada à quinta potência como algo mais especial. Porém, podemos elogiar, sim, suas capacidades técnicas em entregar algo diferenciado.

O que mais impressiona nesta produção da Disney+ liderada por Gilroy é a maneira como conseguiram equilibrar todos os elementos principais na construção e desenvolvimento da narrativa, através de uma linguagem de fácil identificação e absorção.

A respeito disso, já foi possível pinçar que umas das temáticas que serão tratadas em Star Wars: Andor, comenta a relação de medo e revolta da população das classes baixas com a força policial, que supostamente deveria estar lá para organizar e proteger, entretanto, não é o que vemos no dia a dia, tanto no universo criado por George Lucas, como na realidade da vida.

O terceiro episódio – o mais intenso até o momento – é o exemplo cirúrgico do argumento proposto por Tony Gilroy, quando observamos uma pequena cidade sitiada com a presença dos oficiais de segurança Pre-Mor (todos vestindo cores azuis), espalhando-se pela área na caça de Cassian Andor.

Existe uma atmosfera de tensão neste terceiro capítulo da série da Disney+ que é inegável!

Aqui, percebemos que Star Wars: Andor pode ser algo muito mais arrojado do que prometia a encomenda, e caso consiga isso até o fim desta primeira temporada, certamente já teremos o suficiente para confirmar que Star Wars acerta mais uma vez em fugir da própria regra.

A primeira temporada de Star Wars: Andor estreou no Disney+ em 21 de setembro de 2022, com os três primeiros de seus doze episódios. O resto dos episódios será lançado semanalmente até 23 de novembro. Uma segunda temporada de doze episódios está em desenvolvimento, que concluirá a série e levará aos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars.

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