BATE-PAPO

Elisa Lucinda aborda trajetória e destaca livros no Trilha de Letras da TV Brasil

Processo criativo e obra Quem me leva para passear pautam a entrevista

Publicado em 26/12/2023

Nesta quarta-feira (27), a talentosa artista Elisa Lucinda participa do programa Trilha de Letras, a partir das 22h, na TV Brasil. A edição inédita traz uma entrevista da atriz, cantora, poetisa, jornalista e escritora sobre seu mais recente livro, Quem me leva para passear, com a apresentadora Eliana Alves Cruz

A conversa gravada na BiblioMaison para a produção da emissora pública fica disponível no app TV Brasil Play. O conteúdo exclusivo sobre cultura e literatura ainda tem uma versão transmitida pela Rádio MEC no mesmo dia, mais tarde, às 23h.  

Durante o bate-papo, ela fala sobre escrita, poesia, rap e racismo. Elisa Lucinda destaca como a vida a espanta. “A minha primeira paixão foi a poesia. O que eu escrevo é o produto do impacto com o meu olhar com o real. Tudo sempre me chamou a atenção. Principalmente as cores”, salienta. 

Mudança de carreira e novidades 

A convidada conta episódios curiosos de sua formação e recorda passagens marcantes como a entrevista que fez com Elba Ramalho. “É um ponto fundamental na minha história, uma esquina, uma encruzilhada boa”. Foi um momento decisivo em sua trajetória ao deixar o jornalismo e investir na carreira artística. “Eu não quero mais dar a notícia. Eu quero ser a notícia”, pensou na época. 

Na animada conversa, Elisa Lucinda explica para Eliana Alves Cruz as novidades de Parem de falar mal da rotina. Escrito a partir do monólogo que apresenta há mais de vinte anos nos palcos brasileiros, o livro acaba de ganhar uma reedição. 

A artista comenta sobre escrever para ser lida em voz alta. No Trilha de Letras, a autora inclusive lê um trecho da sua obra Quem me leva para passear. A publicação foi finalista do Prêmio Jabuti 2022 na categoria Romance de Entretenimento. 

Sobre seu processo criativo, o diálogo é fértil. “Pode acontecer a qualquer momento. Estou sempre disponível para uma ideia que vem. Escrevo não necessariamente para publicar, mas para entender o que está acontecendo, para traduzir. Amo escrever. Não é nenhum sacrifício. Gosto muito de escrever em primeira pessoa”, relata a atriz.

Elisa Lucinda também revela seus novos projetos. “Agora estou escrevendo um romance e um livro de poesia. E vou publicar um, que já está pronto, ‘Diário do Vento'”, antecipa a artista que abre o coração: “O que resume minha literatura, música, teatro, novela… Tudo que fiz e faço da vida é para proteger a minha liberdade que é inegociável e a minha criança”, sintetiza. 

No quadro Dando a Letra, espaço do programa que traz uma dica semanal de leitura, a booktuber Gabriela Costa recomenda o título A Descoberta do Frio, livro redigido por Oswaldo de Camargo com uma narrativa de mistério que trata das relações raciais no país. 

Ausência de negros nas telas e na literatura 

Elisa Lucinda é enfática ao traçar um panorama sobre a solidão de atrizes e escritoras negras estarem ‘sozinhas’ no que ela e a apresentadora Eliana Alves Cruz chamaram de cenário desértico. “É uma solidão que me exigiu muita obstinação e muito foco na esperança. Era muita opressão emocional”, reconhece.  

A entrevistada reforça a crítica. “Nós todos sabíamos que era um preto por elenco e olhe lá. Nós fomos alijados. Havia uma mudez dos nossos colegas. Assistiram aquela exclusão ou ninguém reparava que aquilo era Brasil e não tinha preto em elenco nenhum?”, declara. 

A análise demonstra como os profissionais tinham receio de sofrer retaliações. “A gente ficava muito solitário. Quando sofria racismo dentro de uma produção, sozinha de preto, você ficava com medo de falar e ainda perder essa única oportunidade. Era uma solidão amplificada por dentro. É muito sério”. 

A atriz reflete sobre essa mudança de paradigma que abriu portas para as novas gerações de profissionais. Sobre a seleção de elenco, Elisa Lucinda rememora a restrição na escolha de personagens para pessoas negras. 

“Era muito restrito. Se tinha uma dona de pousada, uma banqueira, uma médica. O preto não era pensado. Diziam para mim: ‘Elisa, infelizmente, não tem seu perfil. Não tem papel para você’. Isso durou tanto tempo que sacrificou muita gente, muitas trajetórias. Muitos amigos nossos morreram de depressão, por falta de convite, falta de respeito”, completa. 

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