O jornalista Chico Pinheiro, de 69 anos, revelou que a direção da TV Globo se mostrou incomodada com uma fala dita por ele no final do Jornal Nacional, exibido em 2 de dezembro de 2017. Na ocasião, o ex-titular do Bom Dia Brasil havia encerrado a edição do principal jornalístico da emissora, celebrando ‘saravá’ por conta do Dia Nacional do Samba.
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“Quando chega o fim do jornal, eu pensei: ‘putz, hoje é 2 de dezembro, dia nacional do samba, e não tinha uma matéria no Jornal Nacional’. Quando chegou no fim, eu fiquei [com aquilo na cabeça]: ‘coisa absurda, a gente esqueceu de celebrar o dia de hoje’. Chegou na hora em que eu virei e falei assim: ‘é melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração, saravá no dia nacional do samba. Terminei o jornal”, contou ele em entrevista ao Flow podcast.
O ex-funcionário da TV Globo também criticou a falta de reportagens sobre datas festivas em celebração de entidades ligadas às religiões de matrizes africanas, mas destacou que a emissora tem avançado em dar espaço para todas as pluralidades de fé. Chico Pinheiro também revelou a bronca de sua chefia, após citar o trecho da música Samba Bênção na final do jornal.
“‘Você não pode nos pegar de surpresa, como é que você fala aquilo?’ Eu falei: ‘por quê? Incomodou falar saravá?’ Aí quando viram que eu tinha cutucado a coisa do saravá… [O diretor disse:] ‘não, não é por causa do saravá, é porque a gente foi surpreendido, isso não estava no script'”, relatou.
“Eu falei: ‘mas tinha que tá no script o dia nacional do samba’. Então houve o incômodo na direção, mas ao mesmo tempo a repercussão disso nas redes foi estrondosa, porque o mundo negro, do samba, o mundo saravá se viu representado por um branco”, detalhou Chico Pinheiro.