Adeus jamais

Chaves e Chapolin: Relembre a trajetória das séries no SBT

Personagens de Roberto Gómez Bolaños estrearam no Brasil em 1984, pelo SBT

Publicado em 01/08/2020

Neste mês de agosto, completam-se 36 anos da primeira exibição de Chaves e Chapolin no Brasil. Com a notícia de que o acordo entre os detentores dos direitos sobre as séries (Grupo Chespirito) e o SBT chegara ao fim nesta sexta-feira (31), o Observatório da TV relembra alguns pontos da trajetória de sucesso dos personagens de Roberto Gómez Bolaños por aqui.

As duas séries foram adquiridas pelo SBT no início dos anos 1980. Foi comprado um pacote com diversas atrações da TV mexicana. O interesse inicial era apenas nas novelas, das quais Os Ricos Também Choram foi a primeira a ser exibida, a saber, em 1982.

Silvio Santos mandou que dublassem cinco episódios de Chaves. Eles seriam colocados no ar como teste de receptividade. Na avaliação da diretoria da emissora, a maioria acreditava que os cenários de papelão e os atores adultos em papéis de crianças não convenceriam o público. Mas Silvio sabia o que fazia.

A estreia ocorreu em 24 de agosto de 1984, como atração do vespertino TV Powww!. Paulo Barboza, radialista e apresentador recentemente falecido, foi o responsável pelo anúncio do primeiro episódio de Chaves, “Caçando Lagartixas”.

Após algum tempo como atrações de infantis da emissora como o programa do palhaço Bozo, tanto o “Polegar Vermelho” Chapolin quanto Chaves e suas confusões na vila ganharam horários próprios, de 12h às 13h.

No decorrer dos anos, e com o sucesso crescente, especialmente no final dos anos 1980, Chaves gerou uma série de licenciamentos – gibis, LPs etc. E chegou a ser exibido na faixa nobre, em confronto direto com a novela das 20h da Globo.

Os mais novos devem se recordar de uma exibição diária na faixa vespertina, por volta de 13h. Logo após Chapolin, que vinha às 12h30. Em meados dos anos 1990, as duas séries tinham nova sessão ainda à tarde, na faixa das 17h.

Os “episódios perdidos” e a flutuação na grade

Existem muitos episódios, da leva adquirida e dublada pelo próprio SBT, que foram exibidos nos primeiros anos e depois sumiram das telas. Quer seja por motivos técnicos, quer por serem remakes de histórias anteriormente exibidas na própria série, os chamados “episódios perdidos” se tornaram lendários entre os fãs.

Na década de 2010, alguns deles foram resgatados pela emissora, que colocava na tela uma marca informativa. A exibição das duas séries pelo canal pago Multishow, iniciada em 2018 e também encerrada em 2020, destacou-se pela postura desejada pelos admiradores há tempos.

Tanto Chaves quanto Chapolin foram exibidas na íntegra, com vinhetas de abertura e encerramento. Bem como os episódios foram ao ar na ordem em que foram originalmente produzidos e exibidos no México. Algo que nunca havia ocorrido na transmissão brasileira.

Ademais, os muitos anos de uso como coringa e tapa-buraco na grade levaram o SBT a editar episódios, reprisar constantemente uma mesma seleção de histórias. E passar algumas temporadas dando-se ao luxo de tirar do ar os programas de Bolaños, que não raro atingiram o primeiro lugar na audiência. Que o diga a grade vespertina da TV Globo no começo dos anos 2000.

Chapolin passou anos inteiros sem dar o ar da graça, não sem muitas manifestações dos telespectadores. Só para ilustrar, a série está de novo fora do ar desde junho de 2017 em São Paulo, apesar de ir ao ar em determinadas praças, como Brasília e Porto Alegre.

Assim como ao retornar ao ar após hiatos Chaves teve suas exibições programadas para horários inóspitos. As peripécias do garoto da vila ocuparam quase todos os horários possíveis na grade do SBT. Quer fosse pouco depois do galo cantar na manhã de domingo, quer fosse a linha de shows da faixa nobre do sábado. Inesperadamente, até na madrugada.

Gerações de espectadores cresceram com Chaves e Chapolin na hora do almoço. Os personagens são objeto de estudo mundo afora, em razão de “encantar” audiências e de sua renovada importância, desde o começo dos anos 1970. Goste você ou não das séries, eles já estão fazendo falta, ícones culturais que são há tempos.

Despedimo-nos agora, mas sem dizer adeus jamais, como na letra de “Boa Noite, Vizinhança”, que embala um dos momentos mais celebrados da história de Chaves: a ida dos personagens a Acapulco.

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