ANÁLISE

Autor de Renascer, Bruno Luperi fala sobre rejeição à Mariana na versão original da novela: “Sofreu com o moralismo da época”

Novelista também apontou a complexidade da personagem ao se envolver com pai e filho no folhetim da TV Globo

Publicado em 08/02/2024

O autor Bruno Luperi, de 36 anos, responsável pela adaptação do remake de Renascer, comentou sobre as críticas que a personagem Mariana, interpretada originalmente por Adriana Esteves em 1993, recebeu do público e da imprensa que acompanharam a novela, na época. Em entrevista ao gshow, o novelista apontou que a personagem foi vítima do moralismo do telespectador dos anos 90 e que ela é destinada a uma tragédia de sentimentos.

“Acho que a Mariana sofreu muito pelo moralista da época. O pai pegou a mulher que o filho gostava. E julga-se a mulher. É muito doido isso”, analisou o autor.

Bruno Luperi também adiantou que a Mariana (Theresa Fonseca) de sua versão em Renascer terá os seus dilemas mais aprofundados na história e que ela viverá em conflitos com a sua própria felicidade.

“Acho que ela tem uma característica que explorei muito mais nessa versão que é o fato de ela ser uma heroína trágica. Ela se apaixona por um homem, que é um menino, que não está pronto para a complexidade que ela tem e seus dilemas, e ele não assume a Mariana porque ele não tem essa explosão de enfrentar o pai. E ela se encanta por um cara que ocupa um vazio existencial na vida dela, de uma figura paterna, ela o chama de ‘painho’. Então, é muito trágico, porque em nenhum dos dois caminhos ela vai ser feliz. […] Ela chega na hora errada para os dois”, entregou o novelista.

Ainda na entrevista, o autor declarou que não dá para julgar as motivações pessoais de Mariana na trama, já que ela sempre foi completamente incompreendida por suas escolhas.

“Não acho que não dá para diminuir a Mariana nesse espaço de ‘ah, ela vai virar uma vigarista para se vingar’. Acho que é muito mais complexo. Ela vive uma tragédia. Tem um encontro de um afeto, de um espaço, de uma ocupação necessária para dar um pulso de vida, um tesão. E tem uma incompletude afetiva. Ela nunca vai ser Maria Santa, e ele (José Inocêncio) nunca vai ser o João Pedro. E isso é bonito. Novela é conflito, novela é dificuldade. Então, a Mariana vai passar por um turbilhão de emoções”, finalizou Bruno Luperi.

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