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Protagonista de Malhação, Carmo Dalla Vecchia fala sobre personagem: “É um cara ético”

Publicado em 25/02/2018

No próximo dia 7 de março o público verá o primeiro capítulo de Malhação – Vidas Brasileiras e conhecerá Rafael, personagem de Carmo Dalla Vecchia. Dono da ONG Percurso, ele cuida de jovens carentes, e em parceria com a professora Gabriela (Camila Morgado) possibilitará que alguns deles tenham educação numa escola de alta performance. O ator conversou com nossa reportagem durante o evento de lançamento da trama e falou sobre a preparação para viver o galã da temporada, sua interação com o elenco jovem e sobre outra arte que ele domina: a fotografia. Confira:

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Como foi a preparação para a Malhação – Vidas Brasileiras e para viver o Rafael na trama?

Na preparação tivemos um trabalho muito bacana com a TV Globo, e pudemos ter contato com jovens que viveram em sua vida situações que serão retratadas na novela.  Tivemos uma troca de experiência muito legal, e talvez minha preparação para o personagem tenha a ver com minha prática religiosa. Ele é dono de uma ONG, um personagem de humanismo muito grande, e como sou budista há 20 anos, talvez um pouco a ver com o que acredito.

Você já chegou a levantar alguma bandeira por alguma causa?

Levanto várias no meu dia a dia, mas o budismo que pratico já é uma ONG, pois é uma instituição que não tem o clero, e todas as nossas atividades que pratico lá têm esse formato.

Como está sendo voltar às novelas, e trabalhar com este elenco jovem?

Está sendo uma delícia, um elenco jovem com quem temos muito a aprender. Eles trazem um frescor para as cenas, e tem sido um prazer muito grande fazer Malhação.

Seu personagem, o Rafael, vai chegar a atrapalhar o casamento da Gabriela, personagem da Camila Morgado?

Isso não sei, mas sei que ele era um namorado dela de 15 anos atrás, e por alguma razão se perderam um do outro e vão se encontrar 15 anos depois. Vamos ver o que acontece a partir daí. Apesar de ele não ser um santo, ele é um cara ético, e a princípio ele respeita a entidade casamento, e talvez comece a iniciar um encanamento entre os dois, mas como vai se resolver, isso não sei, porque temos muitos capítulos. Parece-me que será a Malhação mais longa da história.

Você é fotógrafo também, realizou até uma exposição, não é?

Já, é uma parte que adoro inclusive. Tenho que tomar cuidado para não me desconcentrar porque senão fico fotografando o dia inteiro. Aqui não fiz fotos de bastidores ainda, mesmo porque tenho uma coisa de respeito à TV Globo, mas hoje isso mudou um pouco. Hoje em dia todo mundo partilha tudo na mídia, e tenho que entender como funciona a filosofia da casa. Atualmente não posso fazer nada sem autorização.

Serão 17 atores novos em Malhação – Vidas Brasileiras. Quem você imagina que vai estourar?

Nunca vou te falar isso. Se eu falar de um, os outros vão me odiar (risos). Pelas coisas que vi na minha carreira, isso não tem regra. Eu já vi atores que começaram bem e desaparecerem, já vi ator que gaguejava em cena e hoje é estrela, então tem de tudo. Eu fiz Chiquititas, vi crianças crescerem, não trabalharem depois e irem para outros caminhos. Realmente não tenho como saber.  Depende da dedicação de cada um, e agora não estou falando de adolescentes e sim de crianças. Quando se é muito novo, geralmente se está realizando o desejo dos pais que querem aquilo para o filho.

Como você vê essa geração de Youtubers que surgiu recentemente?

Eu tenho a sorte de não ter visão crítica sobre isso porque realmente não vejo. Mas não é por preconceito, é porque gosto muito mais de televisão.

O Rafael tem algo de vilão?

Quem me dera ser vilão. Eu adoro fazer vilão. O meu personagem aqui é o bom moço, o que acho mais difícil de fazer. Ele é o dono de uma ONG que tem um espírito de humanismo muito grande, e quer tirar jovens da periferia e colocá-los em escolas bacanas para que eles estudem e tenham a possibilidade de uma vida melhor.

Ele tem um filho, não é?

Tem. Não recebi os capítulos ainda, mas sei que ele tem. Eu acho que esse filho volta para cobrar dele o motivo pelo qual o abandonou. E acho que é isso, um cara que cuida de tantos jovens, e o próprio filho dele, ele de repente não cuidou. Mas isso fiquei sabendo por alto, não tenho certeza.

Tanto seu personagem, como a personagem da Camila vivem suas vidas em função de ajudar o outro.  Você também é assim?

Sinceramente tenho. Para você ser feliz, as pessoas ao seu redor precisam ser felizes também. Não existe só você estar bem e os outros não estarem. Você é você e a sua circunstância.

Você chegou onde sempre sonhou?

Cara, eu acho que não, porque o dia que você chega onde sonhou, acabou. O ser humano deveria ser uma máquina de sonhos, e ter sempre algo a conquistar. Se você vai conquistar o seu sonho ou não, isso é talvez o menos importante, o mais importante é o caminho que você percorreu para o lugar em que quer chegar. Eu que venho do interior do Rio Grande do Sul, não tenho nenhum ator na família, então ter conquistado algumas coisas na minha vida foi muito importante, algumas delas eu nem esperava, mas depois que conquistei, vi que eu precisava sonhar mais alto senão morreria.

Quando a casa te convidou para este papel de protagonista, teve alguma insegurança?

Não. Insegurança nenhuma. Fiquei muito feliz de poder trabalhar com a Camila, Nathalia, e fazer esse texto maravilhoso. Tudo o que a gente quer em nossa carreira é fazer bons personagens e Malhação está cheia de bons personagens.

A personagem da Camila é uma espécie de feminista. Você em sua vida, se considera um homem feminista?

Eu me considero um homem aberto ao diálogo. Acho que qualquer radicalismo é muito ruim. Estamos numa fase de muito radicalismo. É interessante as pessoas abrirem os olhos e demarcarem alguns territórios sim, mas espero que essa poeira baixe logo, senão ficará tudo muito chato. Às vezes as pessoas se tornam radicais demais, e se tornam inviáveis as relações, diálogos e até o respeito ao outro. Acho o movimento importante, mas tomara que baixe a poeira.

Como está o Brasil na sua visão?

Acho difícil responder a essa pergunta porque me sinto muito privilegiado. Sou um ator que mora no Brasil, trabalho com minha profissão e vivo dela, o que já é raro, então pode-se dizer que o meu Brasil talvez não seja tão bacana porque está com muita violência e o que está ao meu redor faz parte de mim como eu disse. Muito triste nossa insegurança e tudo o que está se passando, sobretudo no Rio de Janeiro. Eu tenho fé que tudo vai melhorar, porque se pensamos que tudo vai piorar não é um bom presságio. Se a gente olha para o abismo, ele nos olha de volta. Temos que focar na luz e não na sombra.

Como você lida com rótulo de galã?

Não penso nisso. Sempre imagino aquele galã antigo que fumava, que faz um olhar sedutor, depois se movimenta. Esse é cafona (risos). Eu não penso nisso não.

O que podemos esperar de Vidas Brasileiras?

Podem esperar uma dramaturgia maravilhosa, assuntos bastante atuais e que vão contar uma história de verdade do que está acontecendo no Brasil.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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