“O reconhecimento na rua é o primeiro termômetro do sucesso do personagem”, diz Edmilson Barros, o Aníbal de Pega Pega

Publicado em 19/12/2017

Na novela Pega Pega, que chega ao fim em janeiro, Edmilson Barros vive o malandro Aníbal. Em conversa com o Observatório da Televisão, o ator que também atuou como engenheiro, e atualmente cursa uma segunda graduação no Rio de Janeiro, contou que está feliz com o crescimento e repercussão do personagem, e defendeu o padrasto de Sandra Helena (Nanda Costa), ao afirmar que ele não parece planejar o mal, como outros personagens. Confira o bate papo completo:

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A gente achava que o Aníbal era um monte de coisa. Para você foi surpresa ele estar diretamente envolvido no assassinato da Mirela?

Foi sim! Novela como obra aberta sempre tem surpresas, mas adorei essa novidade, dele estar envolvido na trama principal, o que foi um grande presente. Estamos sempre com a possibilidade de ser agraciados com essas boas surpresas.

Como é o caráter dele? Ele falou para o Athaíde que era um cara sério, que só tinha errado uma vez na vida. Isso é verdade?

Isso é um discurso que ele fez para o Athaíde. Acho que ele é mais atrapalhado do que vilão. Ele fez muitas coisas erradas, como trair a mulher, não querer trabalhar, mas isso é até de uma certa forma ingenuidade. Comete pecadinhos, não pecadões. O caráter dele é sim um pouco duvidoso, e podemos encarar como malandro, que enrola, mas não tem essência do mal. Ele quer se dar bem, mas não faz com que ele arme uma trama. Alguém que o Athaíde está encobrindo mandou ele cortar os freios do carro da Mirela, ele não trama o mal.

A casa está caindo para todo mundo. Você acha que o Athaíde vai deixar ele parar na prisão?

Eu acho que alguma coisa vai acontecer com ele. Para não passar tão impune. O Athaíde maquina o mal, elabora, e pessoas desse tipo, com certeza, ele, não vai deixar o Aníbal na boa. Se tiver vantagens para ele ainda, ele vai entregar o amigo. Enfim.

Você acha que ele mudou o comportamento dele com a mulher?

Outras  daquelas surpresas, a gente não sabe o que vem por aí. Ele se conscientizou que ama a Dulcina, e isso humaniza o personagem. Ele ser um cara sustentado por uma costureira, caso não gostasse dela, ele iria ficar com uma mulher com mais posses. Se ele está com ela, ele gosta dela. Ele era muito safado, e quando percebeu a possibilidade de perder a Dulcina, houve uma mudança de comportamento. Não sei se isso vai permanecer, mas gosto desse amor dele. Estou apostando nisso.

Dulcina (Edvana Carvalho) e Aníbal (Edmílson Barros) em Pega Pega
Dulcina (Edvana Carvalho) e Aníbal (Edmílson Barros) em Pega Pega (Divulgação/ TV Globo)

Como tem sido a repercussão nas ruas?

Tenho sido muito mais reconhecido na rua. As pessoas ficam muito com a primeira impressão, dizem que sou muito malandro e preguiçoso. O reconhecimento na rua é o primeiro termômetro que temos do sucesso do personagem.

A que você atribui o sucesso do personagem?

A gente vê malandragem nos jornais e revistas, e o que vende é o mal. O malandro tem esse charme, que chama atenção por desviar do caminho ético. As pessoas se identificam no nível de intenção, como a possibilidade de não trabalhar. O segredo do sucesso da novela é o humor, e o Aníbal tem um certo humor. Ele não é o tipo de vilão que as pessoas odeiam. As cenas da Sandra Helena flagrando ele, e ele passava mal, fazem um sucesso tremendo. Quando buscamos ter humor e humanidade na essência do trabalho, as pessoas se identificam.

Você se sente lisonjeado pelo crescimento do seu personagem?

Eu sou engenheiro, me formei em 1981, e no último ano, um amigo da faculdade me chamou para fazer teatro. Fui sem a menor noção do que seria e me apaixonei. Eu era muito tímido, e me ajudou muito, e de todos daquela época, eu sou o único que ainda continuo fazendo teatro. Fiquei nessa vida dupla, até que um dia uma professora me falou que eu precisava escolher entre ser ator ou engenheiro, porque eu não conseguiria fazer as duas coisas. Mas, agradeço a Deus por não ter desistido de nenhuma das duas, trabalhei na Petrobrás durante 27 anos, e exercer o trabalho de ator é uma emoção sem igual, porque não existe rotina, cada dia uma coisa diferente acontece e isso me mantem vivo, me faz sentir bem. Não sei se é essa energia que coloco que vai repercutindo, mas me sinto lisonjeado sim com o crescimento do personagem. Claudia Souto me deu um presente, quando os capítulos chegaram, e li, pensei: ‘poxa, ele cortou os freios’. Estou bem feliz!

Como surgiu o personagem para você?

Foi um convite. Eu já tinha trabalho com o Luiz Henrique Rios, em duas temporadas de ‘Malhação’. Em 2012, como um guru que casou a Fatinha (Juliana Paiva) e Bruno (Rodrigo Simas), e depois como Lincoln. A Claudia Souto me viu numa peça, e falou com o Luiz Henrique, que me convidou.

A Sandra Helena tinha um pé atrás com o padrasto, e fez as pazes depois. Você acha que quando ela descobrir a verdade sobre ele estar envolvido na morte da Mirella, ela vai voltar a ficar chateada com ele?

Eu acho que pode ficar chateada sim, porque é uma coisa muito séria. Mesmo que ele seja um empregado, dependa daquilo, ele fez uma coisa muito errada, e não é uma coisa banal. Isso macula a idoneidade de qualquer um, e vai ter consequência sim. Ela não está convicta da regeneração dele. A própria Dulcina, que eu acho que vai ter uma reação inesperada.

Ela perdoou a Sandra Helena que também cometeu um crime, né?

O crime da filha é bem menos grave, não matou ninguém, roubou um cara que era milionário e queria dar o cano no imposto de renda. Claro que não é ético, mas ela não destruiu a família de ninguém, então, o crime dele é mais grave, daqueles para ir para a cadeia mesmo. Não sei se a Dulcina irá esperá-lo depois desse processo.

Quem erra uma vez, erra várias vezes. Você daria a ele uma segunda chance?

Pergunta difícil, mas acho que segunda chance até daria, mas a terceira não, porque se você der, daí é só para afundar mais.

Como foi o seu ano?

Foi tranquilo. Fazer essa novela foi muito legal. Fechei um ciclo da minha vida como engenheiro, me aposentei, como eu não sou um cara acomodado, diferente do Aníbal, há dois anos resolvi fazer vestibular, e agora estou fazendo mais uma graduação na UERJ. Como a UERJ está nesse estado, que está todo servidor público, a educação, está muito negligenciada. Um monte de coisas boas estão sendo deixadas em segundo plano, e estou apaixonado pelo curso. Tive mais tempo neste ano para fazer isso, e esse ano foi muito bacana. A novela foi um sucesso, e não é sempre que vivemos o sucesso, então só tenho que agradecer.

O que você espera para 2018?

Se vier igual a 2017, está muito bacana, como a gente sempre quer um pouco mais. Que venha isso e algo mais. Quero muita paz, justiça e que tenhamos uma melhora em nosso país.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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