aniversário

SBT chega aos 40 anos apático e com pouco a comemorar

Emissora de Silvio Santos vive do passado e opera sem criatividade

Publicado em 19/08/2021

Uma reprise do (ótimo) documentário produzido por Leonor Corrêa em homenagem aos 85 anos de Silvio Santos (sim, é uma produção de 2015) será a grande atração da noite em que o SBT comemora 40 anos. Um cenário bem diferente do visto há 10 anos, quando o semanal Festival SBT 30 Anos passava a limpo a história do canal.

Sim, a pandemia da covid-19, que atingiu até mesmo Silvio Santos, atrapalhou qualquer tentativa de maiores festejos. Ainda assim, o surto do coronavírus não pode ser considerado o único empecilho que impediu uma comemoração mais encorpada. Afinal, o atual cenário apenas reflete o que o SBT tem se mostrado nos últimos anos: uma emissora apática que opera no “piloto automático”.

Há alguns anos, o canal apenas celebra o seu passado de glórias, mas não olha para a frente. Um passado digno de nota, afinal, o SBT nasceu da vontade de fazer uma emissora aberta popular e incomodou os demais canais logo de cara, ao ponto de assumir a vice-liderança em pouco tempo. O SBT apostou numa identidade muito forte, formatos variados e revelou grandes nomes da TV. Construiu um legado.

No entanto, este legado foi erguido numa fase de intensa criatividade e efervescência. O SBT do passado tinha gana de sucesso, não jogava para perder e partia para apostas inusitadas, quase sempre ousadas. Errou muito, claro, mas também colecionou acertos.

Esta vontade de fazer algo relevante era refletida nas vinhetas, sobretudo as exibidas no início da década de 1990, que reunia o elenco em clipes animados. Os jingles “chiclete” casados com rostos de artistas do quilate de Hebe Camargo, Jô Soares, Carlos Alberto de Nóbrega, Angélica e Irene Ravache (entre tantos outros) realmente passavam a mensagem de que ali era uma TV feliz, familiar e produtiva.

Nos últimos anos, por conta das inúmeras crises enfrentadas (não apenas pelo SBT, mas por todos os canais), a emissora deixou de lado as apostas no escuro e ficou mais cautelosa. O resultado foi uma grade repleta de programas comercialmente bem-sucedidos, mas que não arrebatam o grande público.

Claro, o SBT é uma empresa, que precisa de um caixa saudável para operar. No entanto, ao deixar de lado a criatividade e mergulhar numa zona de conforto, a emissora perdeu aquela intimidade que sempre estabeleceu com seu público. Era uma emissora quente e barulhenta, como os auditórios dos programas que exibia. Hoje, é um canal frio, que perdeu até mesmo a vocação de lançar novos nomes.

Não é a primeira grande crise que o canal enfrentou, e nem há de ser a última. A história do SBT já mostrou que a emissora vive de ciclos, alguns bem-sucedidos, outros nem tanto. Assim, espera-se que, aos 40 anos (e quando a pandemia permitir), o canal, mais uma vez, renasça das cinzas e reassuma seu posto de relevância na história da televisão brasileira.

Já que a pandemia não permitiu uma boa aglomeração para celebrar esta data tão especial, que ao menos sirva como um período de reflexão. E que a nova fase que há por vir faça jus a esta história tão bonita e especial que o SBT construiu nos últimos 40 anos.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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