Reprise em baixa

Por que A Força do Querer, sucesso de 2017, não repete o bom desempenho em 2020?

Trama de Gloria Perez não vem tendo a mesma receptividade

Publicado em 21/10/2020

É muito difícil explicar o sucesso ou o fracasso de uma novela. Mais complicado ainda é explicar o sucesso ou o fracasso de uma reprise. Afinal, não foram poucas as novelas de sucesso que, quando reapresentadas, não encontraram a mesma receptividade do público. E até mesmo o contrário já aconteceu: tramas que passaram em brancas nuvens originalmente, mas que são mais vistas no repeteco.

Atualmente, A Força do Querer vem experimentando o gosto amargo de não conseguir repetir seu sucesso de outrora. Em 2017, a trama de Gloria Perez empolgou a plateia, conquistou o aplauso da crítica e se tornou uma das novelas mais importantes da última década. Mas a edição especial mostrada pela Globo mostra que a receptividade não tem sido grande desta vez.

De todas as reprises escolhidas pela Globo para preencher sua programação durante a pandemia, A Força do Querer é a mais recente, ao lado de Malhação: Viva a Diferença e Novo Mundo, todas de 2017. Já Totalmente Demais é de 2015; Flor do Caribe, que vem indo bem às seis é de 2013; e Haja Coração, de 2016. Fina Estampa, antecessora de A Força do Querer, é de 2011.

Neste contexto, tramas antigas parecem mesmo ter uma vantagem. Fina Estampa foi muito bem em sua reapresentação, enquanto Flor do Caribe também surpreende. São tramas que surfam no fato de que o público já não se lembra dos detalhes da história, o que torna o ato de assisti-las agora quase como uma experiência inédita. No entanto, isso não é uma regra.

Afinal, apenas um ano separa Haja Coração de A Força do Querer. E a atual “edição especial” das sete vem tendo desempenho bastante satisfatório. Viva a Diferença, do mesmo ano da novela de Gloria Perez, também tem índices de audiência muito bons. Ou seja, o fato de ela ser mais recente pode até pesar contra, mas não é um fator determinante para seu atual desempenho.

Contexto

Na verdade, a principal desvantagem de A Força do Querer é sua trama um tanto mais “densa”. 2020 tem sido um ano difícil, e as novelas que se mostraram mais “escapistas” encontraram um público mais disposto a relaxar e embarcar na emoção. Fina Estampa, Totalmente Demais, Flor do Caribe e Haja Coração são novelas leves, bem-humoradas e despretensiosas.

Novo Mundo, considerada a reprise menos bem-sucedida da temporada, já tinha um ar mais denso e soturno. E A Força do Querer é uma trama que trata de assuntos mais pesados, como a violência urbana e o tráfico de drogas. Bibi Perigosa (Juliana Paes), uma das protagonistas, faz uma escalada rumo à vida do crime.

Mesmo assim, A Força do Querer é uma trama com todas as condições de ir mais além. A história vai se desenrolando aos poucos, e é natural que o público também vá comendo pelas beiradas. É pouco provável que repita o sucesso de Fina Estampa, mas a saga de Bibi Perigosa, mesmo com suas doses de violência, deve fazer a novela crescer. Claro, não deve repetir o sucesso original. Mas não será um fiasco. Tempo ao tempo.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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