TV por assinatura

Canal Viva completa 10 anos no ar em alta na audiência, mas grade demanda mais atenção

Novelas são a prata da casa, mas alguns pontos precisam ser corrigidos

Publicado em 18/05/2020

Neste 18 de maio, o Viva completa seu décimo aniversário. Seu lançamento ocorreu em 18 de maio de 2010, uma terça-feira. Inicialmente calcado numa proposta de agradar especialmente a telespectadoras de 35 a 50 anos, o Viva era, por assim dizer, “feminino”.

Não apenas programas de variedades da TV Globo – Mais Você, Caldeirão do Huck, Estrelas – como também de outros canais Globosat, a exemplo do GNT, marcaram presença na grade do Viva nos primeiros tempos. Alguns deles foram Alternativa Saúde, Mothern, Diário do Olivier e Ou Eu, Ou o Cachorro.

Nos primeiros meses, eram dois os horários dedicados a novelas: 15h30 e 16h30. Quatro por Quatro (1994/95), de Carlos Lombardi, ocupou o primeiro, e na sequência vinha Por Amor (1997/98), de Manoel Carlos.

Ainda em 2010 surgiu um terceiro horário, o de 0h45min, com Vale Tudo (1988), de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Devido ao adiantado da hora, a novela foi a primeira a ter horário alternativo, às 12h.

Os outros horários ganharam também exibição alternativa alguns meses depois, já com Top Model (1989/90), de Walther Negrão e Antonio Calmon, e Barriga de Aluguel (1990/91), de Glória Perez.

Essas foram algumas das primeiras das 45 novelas que o Viva já reexibiu, contando as que estão em cartaz atualmente. Duas delas, as já citadas Vale Tudo e Por Amor, o canal já reprisou duas vezes cada uma, com sucesso sempre.

Nesses 10 anos, a novela mais antiga que já foi ao ar no Viva foi Dancin’ Days (1978), de Gilberto Braga, em 2014, seguida de Pai Herói (1979), de Janete Clair, em 2016/17, e de outra de Gilberto, Água Viva (1980), em 2013/14.

Na outra ponta, as mais recentes foram Cabocla (2004), de Benedito Ruy Barbosa com base em Ribeiro Couto, Chocolate com Pimenta (2003/04), de Walcyr Carrasco, e O Clone (2001/02), de Glória Perez, as duas últimas no ar atualmente.

E o Viva anunciou em suas redes sociais a volta de Mulheres Apaixonadas (2003), de Manoel Carlos, em agosto deste ano. A história protagonizada por Christiane Torloni, José Mayer e Tony Ramos deve ir ao ar às 23h.

Humorísticos que marcaram a trajetória do gênero na TV também marcam presença no Viva desde sempre. Com efeito, Sai de Baixo e Escolinha do Professor Raimundo são sucessos do canal, bem como Toma Lá, Dá Cá.

Programas da década de 1980, como Chico Anysio Show e Viva o Gordo, também já figuraram entre as atrações do Viva, mas em geral em temporadas curtas e com pouca variedade entre os episódios disponíveis.

Devido a questões como direitos e preservação do material, é mais comum que os programas tenham sido produzidos da década de 1990 para cá. No caso das novelas, o recuo vai até meados dos anos 1980, mas as histórias mais antigas citadas acima foram exceções até aqui.

O sucesso do Viva levou à produção de atrações próprias, como novas temporadas da Escolinha, com Bruno Mazzeo no papel do professor; os musicais Globo de Ouro – Palco Viva e Globo de Ouro – Palco Viva Axé.

Outras foram o Reviva, espécie de Vídeo Show; o game Rebobina, calcado nos anos 1980; Viva o Sucesso, com o cotidiano de astros; e quatro episódios especiais do Sai de Baixo. Destaque para as séries de depoimentos Damas da TV, Grandes Atores e As Vilãs que Amamos.

No entanto, nem só de acertos foram construídos esses 10 anos de operações. É uma constante a reclamação dos espectadores quanto ao cancelamento de novelas anunciadas semanas, às vezes meses antes, e sua substituição por outras.

O encerramento atrapalhado da reprise de Bebê a Bordo (1988/89), de Carlos Lombardi, apresentada na íntegra até o capítulo 90 e com os outros 119 condensados em 41, em 2018, deixou os fãs de novelas de pé atrás.

Outras histórias, como Jogo da Vida (1981/82), de Silvio de Abreu, Roda de Fogo (1986/87), de Lauro César Muniz, e Força de Um Desejo (1999/2000), de Gilberto Braga e Alcides Nogueira, já foram anunciadas e deixadas de lado depois.

O caso mais recente nesse sentido foi o de Ti-ti-ti (1985/86), de Cassiano Gabus Mendes, trocada por Brega & Chique (1987), do mesmo autor. Aliás, a mesma Brega & Chique já havia sido anunciada, em 2018…

Além do fato de que nos últimos tempos a grade de programação tem vivido basicamente das novelas e de programas de humor, estes reprisados quase à exaustão. Séries clássicas adultas, como Dallas, que chegou a ir ao ar em faixa nobre no Viva, podem e devem constar das atrações do canal.

Assim como, embora se conheça os problemas para aproveitamento do conteúdo, séries nacionais como Plantão de Polícia, edições de programas como Caso Especial e Você Decide, a versão dos anos 1970 e 1980 do Sítio do Picapau Amarelo, entre tantas opções.

Ainda, as chamadas são exibidas muitas vezes e têm poucas variantes entre si. Para as novelas, verdadeira prata da casa, apenas uma chamada é feita por semana, o que leva à repetição excessiva de trechos que, por vezes, vão ao ar nos primeiros capítulos do ciclo.

Ou seja, na sexta você vê várias vezes uma cena exibida segunda ou terça, que você já viu também no próprio capítulo, se acompanha a novela em questão…

No caso das minisséries, que após algum tempo fora da grade voltaram a ela exibidas em 2019, como se fossem séries, somente nas noites de domingo, o caso da repetição de chamadas se agrava.

Durante quase 20 semanas se viu a mesma chamada de Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados (1995), de Leopoldo Serran a partir de Nelson Rodrigues, que abria com Betina Viany gritando pela filha na ficção, Maria Luiza Mendonça (Letícia). E nada indica que com Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998), de Dias Gomes a partir de Jorge Amado, a coisa mude.

O Canal Viva conquistou um público fiel, e de “feminino” passou a reunir a família em torno da nostalgia pelos programas antigos (ou nem tanto). Alguns pequenos ajustes, e seu grande sucesso de audiência só tende a se ampliar. Parabéns!

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade