altos e baixos

A Fazenda x The Voice: reality da Record cresce, enquanto programa da Globo se desgasta

Programa musical não soube se reinventar, ao contrário do reality rural

Publicado em 05/11/2020

A direção da Record TV está rindo de orelha a orelha com o sucesso de A Fazenda 12. E com todos os méritos, afinal, fazia anos que o reality rural não atingia resultados tão bons. Por outro lado, a Globo tem amargado baixos índices de audiência com o The Voice Brasil, que vem perdendo preciosos pontinhos justamente para A Fazenda.

O cenário atual mostra que a Record foi feliz no processo de “resgate” de A Fazenda. Afinal, vale lembrar que a atração foi se desgastando ao longo do tempo, e não demonstrava qualquer sinal de que esta queda seria estancada. As últimas edições apresentadas por Britto Jr. e Roberto Justus são de triste lembrança.

A mudança de apresentador foi o primeiro passo para que A Fazenda ressurgisse do limbo televisivo. Marcos Mion trouxe viço a uma apresentação cansada e pouco envolvente dos comandantes anteriores. Mostrou mais preparo e jogo de cintura para a função, e isso colocou A Fazenda de volta ao radar do público.

A atual edição atraiu ainda mais holofotes por ter conseguido reunir um time bastante heterogêneo e disposto a jogar. Mesmo que a narrativa esteja meio em baixa, graças à saída de algumas peças fundamentais (como Luiza Ambiel), ainda assim o time tem sabido atrair a atenção do público e alta repercussão. Ou seja, há uma série de fatores que explicam o fato de A Fazenda ter ganhado uma sobrevida, depois de quase ter sido abandonada pela Record.

The Voice cansado

No fundo, A Fazenda voltou a fazer sucesso porque conseguiu se reinventar. Enquanto isso, o The Voice Brasil tem ido no caminho contrário. A falta de novidades tem feito o programa definhar pouco a pouco. Se num passado não muito distante a disputa musical da Globo era campeã de repercussão, hoje parece passar quase despercebida.

Claro que o sucesso de A Fazenda ajuda a explicar o desempenho ruim do The Voice, afinal, os dois programas são concorrentes nas noites de terça e quinta. Porém, há que se considerar também que o reality show musical não tem potencial para roubar algum público de A Fazenda. E isso se deve justamente à sensação de mais do mesmo que o programa de Tiago Leifert provoca.

As mudanças feitas entre os técnicos são sempre “seis por meia dúzia”. Ao trocar Ivete Sangalo por Carlinhos Brown, o programa nem ao menos trouxe alguém diferente, preferindo resgatar um técnico “das antigas”. A interação entre Brown e seus colegas Lulu Santos, Michel Teló e Iza nunca muda. São sempre os mesmos gracejos e tiradas.

E a mecânica do programa também não muda. Assim, cada vez que uma nova temporada começa, dá a impressão que a temporada anterior voltou. Ou seja, aos poucos, a tendência é que o interesse do público diminua.

A falta de interesse no The Voice Brasil já vem sendo percebida há alguns anos. Mas o programa não tinha grandes concorrentes para lhe tirar o sono. Agora tem. A Fazenda ganhou um importante impulso em 2020 e se tornou um páreo duro de vencer. Talvez seja a hora de a direção do The Voice repensar o programa. A fórmula cansou.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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