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Reforço do SBT, Cleber Machado apoia fim de monopólio da Globo e sonha conhecer Silvio Santos

À coluna, narrador esportivo analisa novo desafio na TV aberta e almeja final da Champions League

Publicado em 26/09/2023

Nesta terça-feira (26), o público ouvirá a voz de Cleber Machado novamente na TV aberta. Contratado pelo SBT, ele fará a transmissão de Corinthians x Fortaleza pela semifinal da Copa Sul-Americana e reencontrará o time paulista responsável por sua primeira locução na Globo, em julho de 1989. Após mais de 30 anos na principal emissora do país, o profissional conquistou o direito de “sentar na janelinha”. Em abril, narrou a final do Campeonato Paulista na Record. Hoje, estreia na principal audiência da nova casa.

À vontade na rede de Silvio Santos, Cleber Machado quer ir além. A partir de 9 de outubro, apresentará o novo Arena SBT, com formato semelhante ao Arena SporTV, que ancorou nos anos 2000. No último domingo, foi “batizado” no Programa Silvio Santos e realizou o sonho de migrar para o entretenimento. No futebol, almeja comandar a final da Champions League, maior competição de clubes do mundo, exclusiva do SBT. Contudo, pondera à coluna que mantém os pés no chão e irá executar o que for ordenado pela emissora.

Leia abaixo a íntegra da entrevista com o apresentador e narrador esportivo Cleber Machado:

PAULO PACHECO: Cleber, depois de conhecer outras empresas, como você recebeu o convite do SBT?

CLEBER MACHADO: Ah, recebi com muita satisfação, muito orgulho. O Brasil tem um mercado de televisão que sempre foi muito centrado na TV aberta. Eu tive a honra de trabalhar em uma [Globo] durante muitos anos. Não tinha muita noção do interesse de outras… até tive, durante o meu período lá, um ou outro convite. Às vezes a gente tem uma coisa muito fechadinha do que a gente faz, para quem a gente faz, com quem a gente trabalha. Ter noção de que outras pessoas se interessam pelo seu trabalho é muito legal. E ter uma televisão que a gente viu quando começou a crescer, quando cresceu, quando atingiu bons índices, tem boa programação, boa produção. É bem legal, no melhor sentido da palavra. Orgulho, entendeu? É bacana.

PP: Você chega para narrar a reta final da Copa Sul-Americana. Você já acompanhava a competição no SBT? Entrar em um torneio já em andamento te desafia em quais aspectos?

CM: A gente sempre acompanha, né? Quem trabalha com esse negócio aqui, se não ver um pouquinho de tudo, fica por fora. Sempre vi as transmissões, ficava vendo um pouquinho de cada coisa, o que estão fazendo na TV fechada, na TV aberta, no streaming. Sempre acompanhei a Sul-Americana. Entrar na reta de partida ou de chegada acho que faz pouca diferença para quem vai transmitir o jogo. A diferença é o tamanho que a competição ganha, a importância do jogo, o fator decisivo do confronto, e, claro, a atenção do público. Tudo cresce, entendeu? A chance de ter um jogo, independentemente de tecnicamente ser um jogo bom ou ruim, vai ser tenso, elétrico, um jogo que vai envolver um monte de coisa. Isso é bom, é legal, dá recursos para fazer uma transmissão. Você não vai só acompanhar as emoções da Copa Sul-Americana. Você vai viver aquelas emoções, vai se emocionar, vai sentir o que está acontecendo para tentar passar, se tiver capacidade, para quem está assistindo.

PP: O SBT tem em sua história grandes transmissões esportivas, muitas delas exclusivas. Como você acompanhava a concorrência quando estava na Globo?

CM: Eu, como profissional, acho que quanto mais emissoras fizerem qualquer produto é melhor para o mercado. Eu me lembro de momentos, inclusive um instante em que o SBT e a Globo meio que trombaram, acho que no Campeonato Paulista [de 2003], houve questões de direitos, de disputas. O SBT entrou em determinado momento na Fórmula Indy e começou a ter corridas com bons resultados. Aquela Copa do Brasil de 1995, que o Luiz Alfredo transmitiu aqui, entre Grêmio e o Corinthians e o Corinthians foi campeão, foi uma audiência espetacular. A gente sempre vê. O Mundial de 2000 que a Bandeirantes fez, a Libertadores que o SBT ficou nesses últimos anos, a gente sempre vê. Eu acho saudável. É muito difícil a gente falar isso porque parece conversa fiada. Fosse eu dirigente esportivo, dirigente de clube, de confederação, que lidasse com direitos, quanto menos exclusividade mais eu gostaria. Se eu sou emissora de televisão, quanto mais exclusividade eu tiver mais chance tenho de obter resultados interessantes, obviamente. Mas as coisas mudaram. Com a chegada das novas plataformas, você vai ter cada vez mais a concorrência saudável. Eventualmente, vai ter eventos exclusivos, mas repito, eu gostaria que tivesse uma pluralização dos eventos nas plataformas mais diversas. E acho que há uma responsabilidade da comunicação de contar para o público onde está o jogo. Isso acho que ainda é uma tarefa que precisa ser muito bem exercitada e executada. Onde vai ser o jogo tal? Onde está a partida X? O campeonato não-sei-o-quê está onde? Está em todos? Não está? Acho que essa comunicação é um desafio para os veículos.

PP: Você descobriu que tem muitos fãs nas redes sociais pela maneira única de se comunicar. Já que chegou ao SBT, você vislumbra ocupar novos espaços na carreira até no entretenimento?

CM: Sabe aquela frase chavão, mas que é fato? ‘Estamos abertos a todos os diálogos, não existe nada fechado’. Eu sempre disse que adoraria, por exemplo, fazer alguma coisa que misturasse música com esporte, ou esporte com qualquer outra atividade, entendeu? Ter uma coisa que misturasse esporte com teatro, cinema, música, literatura, política, qualquer coisa. Eu acho que essa palavra, ‘plural’, que acho que hoje a gente pratica pouco, seria interessantíssimo. Sobre a questão da apresentação, sempre gostei muito, porque quando eu comecei era mais apresentador do que narrador. Aí as coisas foram caminhando. Eu teria que escolher entre narrar ou apresentar. A tendência seria escolher narrar, porque faço há um tempão, mas sempre achei legal apresentar. Apresentei o Globo Esporte, apresentei o Arena SporTV, coincidentemente o mesmo nome [do Arena SBT]. Eu achava ótimo. Quando mais conteúdos diferentes, mais bacana é o programa.

PP: Você acabou de narrar a final da Copa do Brasil pelo Prime Video. Seu contrato permite seguir trabalhando para empresas de streaming?

CM: Acordamos a exclusividade para TV aberta. Estou conversando para uma possível renovação com o Prime Video para o ano que vem. Já recebi convites de portais para escrever, para fazer podcast. O papo nosso aqui é TV aberta, e mesmo aqui no SBT você tem uma série de outras, como um canal de YouTube forte. Estamos aí no jogo.

PP: Você tem autonomia para escolher quais jogos você quer transmitir no SBT? Almeja narrar uma final de Champions League, por exemplo?

CM: Almejar a gente almeja tudo. Eu fiz duas finais no local da Champions quando a Globo transmitia, legal para caramba. A gente quer fazer tudo. Todos nós queremos participar de tudo, e eu acho que há jogo, evento para todo mundo. Mas eu não tenho nada assim, ‘eu escolho jogo’, eu não tenho nada. Se eu citei eu não sei, nem li o contrato, mas não tenho nada disso. A emissora escala e eu faço o jogo.

PP: Desde que foi contratado, você falou com várias pessoas aqui do SBT, como a Daniela Beyruti [vice-presidente], com diretores, o pessoal do esporte. Já teve algum contato ou uma mensagem do Silvio Santos?

CM: Não! E muita gente pergunta isso: ‘Você já viu o Silvio Santos?’. Infelizmente não vi pessoalmente o Silvio Santos, mas eu tenho um negociozinho de existem algumas pessoas que quando vejo a minha primeira reação é falar: ‘Existe mesmo, né?’. A primeira vez que eu vi o Milton Nascimento de perto, o Roberto Carlos, o Erasmo Carlos. Aí você vê um dia o Pelé, você fala assim: ‘Pô, o cara existe mesmo!’. E o Silvio Santos está nesse time.

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