Rixa

Globo admite erro que enfureceu Eurico Miranda e fez Vasco divulgar SBT em final: “Decisão infeliz”

Camisa rara de Romário com símbolo da emissora pertence a Silvio Santos

Publicado em 16/11/2023

Em mea-culpa inédito, a Globo admitiu ter errado na cobertura da queda do alambrado do estádio São Januário, durante o jogo entre Vasco e São Caetano pela final da Copa João Havelange (o Campeonato Brasileiro de 2000). A tragédia marcou o início da rixa histórica entre o manda-chuva vascaíno e a emissora, culminando na camisa com o símbolo do SBT na partida remarcada.

A Globo conta sua versão no quarto episódio de A Mão do Eurico, série documental do Globoplay sobre Eurico Miranda, polêmico cartola do time carioca. Eurico havia se enfurecido com reportagens do canal que o colocaram como “vilão” por supostamente querer retirar os feridos do gramado para reiniciar a partida de futebol. A série, em contrapartida, mostra Eurico preocupado com os torcedores machucados e exigindo mais ambulâncias no campo.

Por determinação do então governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, a final foi suspensa. Posteriormente, Eurico Miranda chegou a acusar a Globo de pressionar pelo fim da partida para não atrasar a novela Uga Uga. Renato Ribeiro, atual diretor de Conteúdo do Esporte da emissora, trabalhou na final do Brasileirão como repórter e analisou os erros da cobertura.

“No sábado, a reportagem do Jornal Nacional foi ao ar e não houve contestação dos vascaínos, do Eurico ou do Vasco. O problema se deu nas reportagens de domingo. Por causa dessas reportagens, o Vasco fez uma reclamação formal à Globo. E, nesse caso, o Vasco tinha razão. As reportagens foram infelizes, porque elas não obedeceram à ordem cronológica dos fatos. Pareceu que o Eurico não se importava com as pessoas que poderiam estar feridas ali”, afirmou Ribeiro na série.

“Foi uma decisão infeliz na forma como as reportagens foram conduzidas, mas não houve uma intenção deliberada da Globo de vilanizar o Eurico, tanto que na segunda-feira pediram para que eu fizesse uma reportagem contando de forma bem didática e na ordem cronológica tudo que tinha acontecido no jogo. Talvez esse arrumo na rota tenha sido tarde demais, porque o Eurico tomou um ranço com o que aconteceu e, dali em diante, a relação nunca mais foi a mesma”, complementa o diretor global.

Torcedores atacaram a equipe de reportagem da Globo uma semana depois da final interrompida. Eurico Miranda, então, bolou uma ideia para afrontar a emissora que iria transmitir o jogo remarcado: trocar o símbolo do sabão em pó Ace, patrocinador do Vasco, pelo do SBT, mesmo sem autorização de Silvio Santos.

“Eu não sei se foi o Euriquinho [filho de Eurico Miranda] ou alguém que deu essa ideia. A frase foi assim: ‘Bem que a gente podia foder a Globo'”, recordou Romário. “O objetivo inicial era botar o Ratinho. Tinha um bonequinho que tinha um bigodinho, igual ao do Ratinho. Era para botar esse bonequinho na camisa. Acabou que ele [Eurico] achou por bem ser o símbolo da SBT”, revelou Euriquinho no documentário.

Fernando Pelégio, recém-demitido do SBT, participou da série do Globoplay ainda como diretor do canal, e comentou o susto que foi ver a marca na camisa do Vasco. Segundo ele, a camisa 11 usada por Romário na decisão foi obtida por Alexandre Sousa [filho do locutor Silvio Luiz e diretor de chamadas da Record] e, depois, foi entregue a Silvio Santos: “Então está em boas mãos”, brincou o ex-atacante.

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