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Ex-marido de Helena Ranaldi, diretor de Mulheres Apaixonadas revela truques em raquetadas

Ricardo Waddington analisa novela que termina em Vale a Pena Ver de Novo nesta sexta-feira (1º)

Publicado em 01/12/2023

A reprise de Mulheres Apaixonadas em Vale a Pena Ver de Novo termina nesta sexta-feira (1º) surpreendendo pela trama, infelizmente, ainda atual, sobretudo o relacionamento tóxico entre Raquel (Helena Ranaldi) e Marcos (Dan Stulbach). Em entrevista inédita a este colunista, realizada durante a reexibição, o diretor da novela, Ricardo Waddington, também considera a história escrita por Manoel Carlos há 20 anos apropriada ao tempo presente.

“Tenho muitas obras que adoro [entre as que dirigi], mas coloco Mulheres Apaixonadas em um lugar muito especial da minha vida, em relação ao Maneco e à própria obra, que traz tantas questões. É muito atual. Com a Helena [Ranaldi] e com o Dan [Stulbach] foi um processo muito rico”, avalia o ex-chefão de Entretenimento da Globo, que deixou o cargo este ano.

A trama de Raquel provocou o debate sobre a violência contra a mulher. Na época, Waddington e Ranaldi eram casados, tornando os bastidores de Mulheres Apaixonadas mais especiais para o diretor e a atriz. Apesar da comoção com as cenas de agressão, ele colocou o profissionalismo em primeiro lugar e utilizou truques para forjar raquetadas contra sua companheira.

“Você sabe que eu nunca mostrei uma raquetada, não é? As pessoas acham que assistiram a uma raquetada e nunca viram uma raquetada. O último capítulo foi a única cena em que mostrei uma violência mais visual. Só houve maquiagem. A raquetada está na cabeça de quem assistiu. Não está no que eu apresentei”, conta Waddington.

“Não tinha como eu mostrar uma raquetada daquele horário, mas tinha como as pessoas imaginarem o horror, a violência de que é um feminicídio, de que é uma violência doméstica, uma violência contra a mulher. Acho que a novela cumpriu esse papel lindamente”

Ricardo Waddington, diretor de Mulheres Apaixonadas

Novela chegou a Brasília e ajudou a endurecer leis de proteção à mulher

A história de Marcos e Raquel foi apontada como a mais educativa da novela, segundo enquete realizada pelo Instituto Qualibest. Após a denúncia feita pela personagem à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), a delegacia do Centro do Rio de Janeiro registrou um aumento de mais de 40% na denúncia de casos de violência doméstica sofrido por mulheres.

Helena Ranaldi e Dan Stulbach também participaram, ao lado do presidente Lula, do lançamento do Programa de Prevenção, Assistência e Combate à Violência contra a Mulher. Anos depois, o chefe do Executivo sancionou a Lei Maria da Penha.

Outros segredos das gravações foram revelados por Helena Ranaldi e Dan Stulbach no Encontro da última quinta-feira (30). Homenageada pelo programa, a atriz chorou ao rever a agressão a Raquel e recebeu uma mensagem surpresa do ex-colega de Mulheres Apaixonadas.

“Fiquei emocionada mesmo, porque, óbvio que em nenhum momento ele me agrediu, mas a gente vai buscar a emoção de cada personagem e essa emoção da violência é muito difícil, muito pesada. Graças a Deus, nunca passei por isso, mas através da Raquel eu vivenciei essa situação. Dentro da sua casa, onde você merece acolhimento, ser agredida é muito forte”, contou Helena.

“A novela contribuiu muito para a mudança da lei. Lembro que Dan e eu fomos a Brasília e participamos dessa mudança. Houve um papel social fundamental, importante, que infelizmente tem que ter continuidade em outras produções, porque é um tema atual, muito presente”

Helena Ranaldi

“Todo dia eu falo da Helena, da raquete, da Raquel. Sou muito grato a Helena Ranaldi. Entrei com a novela andando, estava cheio de ideias, disposto à parceria, e fui recebido com muito carinho. Eu me lembro de uma cena no vestiário, a primeira com violência propriamente dita. Helena ficou atrás de um armário segurando uma almofada, e eu batia na almofada. O público não a via, mas ouvia sua reação. Falava: ‘Helena, segura essa almofada porque eu vou com tudo’. E ela: ‘Claro, claro, vamos!’. Eu batia e ela gritava. Ficou uma cena forte, como boa parte das cenas que a gente fez, e verdadeira. Fomos recebidos em Brasilia, algo muito fora do normnal. Aí transcendeu a novela, é quando a arte provoca o país a ser melhor. Foi muito recompensador para a gente”, declarou Stulbach.

Ranaldi emendou com outra recordação: “Uma maquiadora, tadinha… uma dessas cenas, em que eu estava muito emocionada, parou por alguma razão, a maquiadora veio me retocar e eu falei: ‘Não, pelo amor de Deus, me deixa’, porque naquele momento não me importava se estava bonita ou feia, o que eu queria era manter esse estado”.

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