Por onde anda Daniel Uemura? Ele ficou famoso como Raiden de Malhação, resolveu se afastar das novelas e, nesta terça-feira (20), volta à TV na condição de pai. O filho do ex-global, Bernardo Uemura, é um dos oito participantes da segunda temporada de MasterChef Júnior, da Band. Fã de gastronomia, o garoto de 11 anos também herdou o talento como artista e já acumula trabalhos como ator.
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Procurado pela coluna, Daniel Uemura reconhece o “sumiço” e revela por que escolheu parar no auge para se dedicar à paternidade e aos negócios. Atualmente, produz campanhas publicitárias de alimentos e chegou a administrar dois restaurantes. “A pandemia me quebrou, agora só cozinho em casa”, ironiza ele em entrevista exclusiva. Aos 34 anos, o ator se surpreende por ainda ser abordado nas ruas por seus trabalhos na TV. No ano passado, decidiu retomar a carreira artística e participou de séries como Os Ausentes (HBO Max) e Rota 66: A Polícia que Mata (Globoplay).
“Estou no mercado desde 2006, minha primeira novela foi Pé na Jaca e fiz 16 trabalhos na televisão. Por mais que as pessoas tenham mudado, sempre encontro uma galera que fala: ‘Olha, você voltou!’. Muita gente lembra porque na época só havia TV. Hoje há TV, TikTok, YouTube. Quase nenhum adulto conhece os tiktokers, mas a criançada conhece todos. Depois de 15 anos, é impressionante. Se estou em uma festa, um bar ou em um mercado as pessoas me reconhecem. Quando o Bernardo está do lado, brinca: ‘Meu pai é famoso!’. Eu morro de vergonha (risos), pode soar prepotente”, conta Daniel.
“Fiquei cinco anos praticamente parado. No meio da pandemia, estava com bastante tempo ocioso e decidi retomar. Em setembro, gravei a série Os Parças, do Globoplay. Foi bem diferente, porque vim de uma televisão sem streaming nem internet. Agora, com os influencers, estou reaprendendo a trabalhar, apesar de já ter feito quatro trabalhos nos últimos dois anos. É difícil entrar e mais difícil se manter, mas estou pegando muitos testes. Embora às vezes o cachê tenha diminuído, a quantidade de produções aumentou, então compensa. Minha ideia é tentar voltar para a TV aberta”, projeta.
Polêmica em Sol Nascente fez Daniel Uemura deixar novelas
Além de Malhação, Daniel se destacou como apresentador da TV Globinho e repórter do Mais Você, onde mostrou pela primeira vez seus dotes culinários. Em novelas, teve papéis fixos na Globo e no SBT, e a virada na carreira ocorreu em Sol Nascente. Entretanto, virou para pior. Na trama com núcleo asiático, ele viveu o protagonista jovem interpretado na velhice por Luis Melo, sem ascendência japonesa. A produção sofreu críticas por “yellowface” e a participação de Uemura foi cortada.
“Meus primeiros trabalhos foram extremamente estereotipados, me chamavam de ‘japa’ inclusive no roteiro. O fato de eu ter parado um pouco a carreira foi quando fui convidado pelo Leonardo Nogueira, meu diretor em Malhação, que era diretor artístico da novela Sol Nascente. Quando deu essa polêmica, o Leo me ligou: ‘Dani, infelizmente vamos ter que cortar suas cenas, a Globo não quer comprar essa briga’. Entendo e concordo com o ‘yellowface’, mas fiquei muito chateado. Na época, recebi críticas até de amigos: ‘Pô, cara, como você aceita um papel desses?’. Isso começou a me perturbar. Estava há 10 anos batalhando para termos representatividade e acontece um negócio desses. Refleti que precisava parar e focar em outra coisa. Foi um ano perdido para mim. Parei”, afirma.
Reconhecido pelos fãs, Uemura também tem o respeito de colegas de profissão com ascendência japonesa, que hoje lutam pelo fim da discriminação e colocam o ator entre as principais influências. “A galera que faz esses movimentos a favor da representatividade me tem como referência, alguém que abriu caminhos. Apesar de não ter tido essa consciência naquela época, fico muito feliz”, comemora.
“Meu coração falhou”, diz Daniel Uemura sobre MasterChef Júnior
Enquanto não reaparece na TV aberta como ator, Daniel sente na pele a aflição de torcer a distância pelo filho no MasterChef Júnior, sensação diferente de assistir ao reality show pela TV. Nos bastidores, os pais acompanharam as gravações do programa com muitas restrições e não puderam se aproximar dos filhos. O sofrimento da família destoou da tranquilidade das crianças durante as provas. O ator inscreveu Bernardo na reta final do processo seletivo e o preparou para lidar com o júri.
“Nos testes, ele estava muito nervoso. Falei: ‘Vai na fé, com calma, vai tranquilo’. Quando começou a gravar, ele voltou a ser quem era: apertou a bochecha do Jacquin, pulou nas costas do Fogaça, fez piada. Ele se divertiu muito, ficou muito feliz por participar, independentemente de ganhar ou não. As crianças têm muito mais saúde para lidar com esse tipo de coisa do que os adultos, é impressionante. Esse MasterChef é um show de controle emocional das crianças. Não escutávamos o que era falado. Depois de um tempo, começamos a fazer leitura labial. Até entendi por que os pais não podem acompanhar as gravações, porque eles ficariam pulando para falar: ‘Abre esse negócio!’. E as mães gritando! Algumas pareciam infartar de nervoso!”, comenta.
Após o MasterChef Júnior, Bernardo Uemura já tem um trabalho garantido na TV. O artista mirim, que estreou na série Bugados, assinou contrato para uma produção inédita do Globoplay. Em 2023, pai e filho serão colegas de empresa.
“Depois de toda a batalha que tive em quase 17 anos de carreira, para mim até me emociona vê-lo assim. Ele fechou para uma série em que será filho do protagonista, começa a gravar em janeiro. Tenho muito orgulho de ver meu filho seguindo os meus passos. Nunca o travei na questão da criatividade, de poder se expressar artisticamente. Ele gosta muito de pintar, gosta de música, o lado artístico é muito desenvolvido. Quanto mais trabalhos ele fizer, mais coisas virão. Além do talento dele, que é nato, esse tipo de exposição vai ser essencial para impulsionar a carreira dele. Acredito muito que daqui para frente é só sucesso”, torce.
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