Série do Globoplay

Comunista? Álamo Facó explica evolução de jornalista de esquerda em Arcanjo Renegado

Ator se inspira em Eliane Brum, Glenn Greenwald e Leandro Demori para compor papel em segunda temporada

Publicado em 25/08/2022

Destaque da primeira temporada de Arcanjo Renegado, Álamo Facó retorna mais rico, poderoso e vulnerável na nova leva de episódios lançados nesta quinta-feira (25) no Globoplay. Seu personagem, o jornalista Ronaldo Feitosa, conquistou notoriedade incomodando o poder no canal Rio Sob Custódia. Nos primeiros quatro capítulos do segundo ano da série, ele sofre dois atentados e quase morre, o que futuramente lhe dará forças para criar um projeto mais audacioso e perigoso de investigação.

“Ronaldo Leitão volta com mais força, mais popularidade e até mais próspero, por isso também é um alvo mais fácil de ser encontrado, porque ele não anda com escolta, e está realmente muito popular neste momento. Ele sai de um jornalista que trabalha com uma câmera e um celular e passa a ter um coletivo chamado Contexto, e vai propagando suas informações, suas causas e descobertas”, descreveu Álamo Facó durante a apresentação da segunda temporada de Arcanjo Renegado à imprensa.

A mudança de vida do jornalista de esquerda intrigou inclusive a equipe da série policial, que questionou se o personagem ainda era “comunista”. Álamo explica qual ideologia Ronaldo Leitão defende.

“Ele é um cara que não faz voto de pobreza, de forma alguma. Até brincaram: ‘Nossa, o Ronaldo está em um apartamento ainda maior! Está mais rico! Que comunista é esse?’. O diretor me perguntou, brincando, no primeiro dia de filmagens na casa dele. Falei: ‘Não, ele não é comunista, ele é um neotropicalista. Não na estética, mas existe uma frase do tropicalismo que é ‘entrar no sistema para modificá-lo’. Ronaldo Leitão não abre mão de uma vida boa, de um apartamento bom, de querer que suas ideias sejam propagadas para um maior número de pessoas. Ele chega com mais força e mais garra para combater a corrupção e tudo o que há de ruim nessa cidade de problemas tão graves”, ressaltou.

Inspirado em jornalistas reais, Ronaldo Leitão sintetiza a perseguição do poder contra a imprensa e o trabalho incessante de jornalistas fora dos veículos tradicionais, com maior liberdade para investigar e expor criminosos dos setores público e privado. Na segunda temporada, com a amizade mais forte de Mikhael (Marcello Melo Jr), o personagem terá no combate às milícias seu principal foco.

Eliane Brum, Glenn Greenwald e Leandro Demori inspiram ator

Leandro Demori, Glenn Greenwald e Eliane Brum
Leandro Demori, Glenn Greenwald e Eliane Brum

Questionado pela coluna sobre quais profissionais da imprensa o inspiraram a compor Ronaldo Leitão, Álamo Facó lista jornalistas como Eliane Brum (uma das mais premiadas do Brasil), Glenn Greenwald e Leandro Demori (responsáveis pela conhecida Vaza Jato).

“Há muitos personagens da vida real que me inspiram para este personagem, como Eliane Brum. Ela saiu de São Paulo e foi morar em Belo Monte para lutar pelos ribeirinhos e pelos indígenas daquela região. Ela passa a fazer o trabalho dela, que antes era de gabinete, de escritório, em um trabalho de campo. Passou a ser uma referência grande para mim, porque o Ronaldo não fica só no escritório. Ele vai ao lugar do assassinato, chega em casa sujo de sangue. Eliane Brum é uma grande referência”, comparou o ator.

“Na primeira temporada, o Glenn Greenwald foi uma grande referência para mim. Depois de ter desvendado toda aquela questão do hacker, ele foi recebido de uma forma muito entusiasmada pela plateia, com Wagner Moura e Caetano Veloso, todo mundo gritou: ‘Glenn! Glenn!’. Quando aconteceu isso, liguei para o [Jose] Junior [criador de Arcanjo Renegado] e falei: ‘Tem que ter alguma cena do Ronaldo Leitão em que gritem: ‘Leitão! Leitão!’. Leandro Demori, que agora abriu o próprio canal e fala aos seus ouvintes diretamente, tem uma relação próxima com os seus seguidores que o Ronaldo Leitão também tem. Acho que esses três são as principais referências”.

Álamo Facó

O intérprete de Ronaldo Leitão também aponta dois jornalistas com mesmo sobrenome e outras semelhanças ao seu papel em Arcanjo Renegado.

“Ronaldo Leitão tem esse sobrenome porque vem de Leslie Leitão, um dos investigadores do assassinato da [vereadora] Marielle [Franco], que até hoje segue com lacunas não respondidas, e outra referência é a Miriam Leitão, que foi torturada na ditadura militar. Um spoiler: quando faço O Jogo que Mudou a História [série em produção pelo Globoplay], descubro que o pai do Ronaldo Leitão lutou contra a ditadura militar brasileira. Isso é um estofo ainda maior para o meu personagem. Saber que o pai dele pode ter sido um Fernando Gabeira, que esteve preso na Ilha Grande, por exemplo. Ele não é só um ativista por sentimentos pessoais e causas que vê e sofre na sociedade carioca”, defende.

Siga o colunista no Twitter e no Instagram.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade