
A falta de um capítulo pode comprometer o entendimento do público que acompanha uma determinada novela? Esse é um questionamento que rende diversas interpretações, principalmente quando assunto é teledramaturgia.
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Avenida Paulista (1982), minissérie escrita por Daniel Más e Leilah Assumpção, foi a última produção resgatada no mês de outubro no Globoplay, após duas produções de Gilberto Braga: Pátria Minha (1994-1995) e Escrava Isaura (1976-1977).
Com Antonio Fagundes, Bruna Lombardi, Dina Sfat, Walmor Chagas e outros nomes no elenco, a produção de 17 capítulos surpreendeu o público que não esperava esse resgate e chamou atenção por um detalhe: a falta de um deles.
Detalhes que surpreenderam
Ao se deparar com o resgate, o público pôde perceber que o capítulo 6 não pode ser resgatado e que o capítulo 14 possui algumas falhas de áudio. Esses detalhes ainda surpreendem o público, que, ao pensar no resgate de novelas e minisséries na íntegra, acredita que terá a obra completa.
Ter as produções completas depende do fato delas existirem preservadas em condições no acervo. Quando falta algum capítulo, isso se deve a motivos variados como descarte ou problemas de conservação.
É o fim do mundo se falta um capítulo?
Assistir a uma trama completa é sempre uma experiência satisfatória, mas ter um capítulo faltando pode comprometer a compreensão do público? Não vejo como algo que faria o mundo acabar.

A novela Roda de Fogo (1986-1987), por exemplo, entrou na lista de novelas resgatadas, não possui o capítulo 90 e isso não prejudicou o entendimento da história de Lauro César Muniz e Marcílio Moraes. Só fez aumentar a curiosidade de quem acompanhou a trama, que gostaria de saber o que aconteceu neste capítulo em específico.
No caso de uma minissérie, por ter uma ação bem concentrada e poucos capítulos, talvez comprometesse um pouco a compreensão. Entretanto, quando uma novela ou minissérie está em exibição, há quem perca um capítulo ou outro. Hoje temos a possibilidade de ver ou rever no streaming.
Apego a todos os detalhes
É ótimo ter tudo completo para ser apreciado, mas será que não é exigir demais? O Projeto Resgate existe há três anos e transformou o consumo e a relação do público com as novelas. Todo mês é possível ter mais de uma história para ser reassistida ou acompanhada pela primeira vez.
O projeto visa resgatar o que for possível e estiver disponível no acervo da Globo. Que bom que essa possibilidade existe e isso é motivo para comemorar e apreciar os produtos, mesmo com algo faltando, seja em versões internacionais ou compactas.
No mundo ideal, o noveleiro teria todas as histórias que deseja, com tudo em ordem. Todavia, a equipe do Globoplay tem feito o que pode, com os recursos disponíveis e o trabalho tem sido muito positivo.
É sabido que a régua do noveleiro tem sempre um alto nível de exigência, mas há detalhes que são demais. Um único capítulo faltando não compromete a história toda. Pode deixar o gostinho de quero mais, a curiosidade e gerar questionamentos, mas não ter um capítulo não é o fim do mundo, portanto comemorar a cada resgate feito e apreciar as inúmeras opções disponíveis no catálogo é uma boa alternativa.
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