Três meses após o sucesso de O Cravo e a Rosa, Walcyr Carrasco voltava ao ar na Globo. Em nova parceria com Mário Teixeira, o autor era o titular de A Padroeira.
Veja também:
Dirigida por Walter Avancini, a trama foi baseada no romance As Minas de Prata, de José de Alencar, e entrou no ar em tempo recorde.
O autor não teve tempo de descansar e logo foi escalado para mais um trabalho. Com uma premissa interessante, a obra contava a história da padroeira do Brasil. Entretanto, acabou passando por uma série de problemas.
O primeiro foi o tom soturno adotado nos primeiros capítulos. Mesmo apostando na dupla recém saída de Laços de Família – Deborah Secco e Luigi Baricelli – como protagonistas, a história desinteressante afastou o público.
Os episódios iniciais focaram no romance proibido entre os dois, além do encontro da santa no rio. Entretanto, a trama misteriosa e lenta demais não engrenou.
A Padroeira derrubou os índices de audiência da faixa das 18h. Além disso, Walter Avancini foi afastado da trama devido a problemas de saúde. Em meio à novela, o diretor acabou falecendo.
Mudanças e novo diretor
A trama mais “flopada” de Walcyr na Globo começou a voltar aos trilhos após Roberto Talma assumir a direção. Com isso, a história foi reformulada, com destaque para a entrada de Rodrigo Faro, Giulia Gam e Susana Vieira.
Acostumada a perder para Malhação, A Padroeira aumentou seus números. Na reta final, foi esticada devido ao cancelamento da sucessora, uma obra de Maria Adelaide Amaral. No fim, Coração de Estudante entrou no lugar.
Ganhando e perdendo personagens, a novela ficou mais “solar”. Mesmo assim, terminou com média de 26 pontos. Para se ter ideia, quatro pontos a menos que a meta de 30 pontos estipulada para o horário.
Como resultado, A Padroeira se tornou uma novela de Walcyr Carrasco esquecida pela Globo. O autor, colecionador de sucessos, nunca viu essa trama ser reprisada na emissora ou no Canal Viva.
Sendo assim, a novela vai na contramão de histórias como Chocolate com Pimenta e O Cravo e a Rosa, reapresentadas exaustivamente. Hoje em dia, é claramente o folhetim menos badalado do dramaturgo.
Reprise na TV Aparecida
Por outro lado, um fato curioso é atrelado à novela. Embora descartada para reprise na Globo, acabou voltando em outra emissora.
Em 2017, a Globo cedeu a produção para a TV Aparecida, que reapresentou a história em dois horários: 19h e 22h30, de segunda a sábado.
O inusitado acordo aconteceu para comemorar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. Para se ter ideia, o canal religioso arcou apenas com custos de direitos autorais para o elenco e os músicos da trilha sonora.
Curiosidades sobre A Padroeira
A trama marcou o início da grande parceria entre Walcyr e Elizabeth Savalla. Na trama, ela viveu a amargurada Imaculada, que tinha pavor dos homens e era muito ligada à religião.
Stênio Garcia deixou o elenco para interpretar Tio Ali em O Clone. Do mesmo modo, Yoná Magalhães deixou o papel da bruxa Úrsula para entrar na novela As Filhas da Mãe.
A novela contou com alguns atores de O Cravo e a Rosa, como Murilo Rosa, Luís Melo e Luiz Antônio do Nascimento. Depois, Rodrigo Faro entrou na produção.
A Igreja Católica teve ressalvas quanto à abordagem da história da padroeira, mas gostou do resultado final e elogiou a trama. O tema de abertura dos primeiros capítulos era morno e soturno, mas mudou com a inserção da música A Padroeira, interpretada pela cantora Joanna.
Após o flop, a Globo deu um descanso para Walcyr, mas ele ficou pouco tempo fora do ar. O autor voltou no ano seguinte, dessa vez com Chocolate com Pimenta, um grande sucesso.
Pouco lembrada, A Padroeira pode chegar no máximo ao Globoplay, mas não como prioridade no canal de streaming. Portanto, os fãs da novela devem esperar para acompanhá-la na íntegra.