Crítica de TV

Reis repete estratégia de Gênesis, mas sem o mesmo apelo

A nova aposta da Record TV não tem o mesmo apelo popular de sua antecessora

Publicado em 23/03/2022

Ao investir pesado em novelas bíblicas a partir do sucesso de Os Dez Mandamentos, a Record TV buscava repetir o fenômeno da história de Moisés (Guilherme Winter), que foi um marco em sua história. Mas não conseguiu e viu o filão de novelas bíblicas se desgastar a cada nova trama lançada. Até que veio Gênesis, que não chegou a ser o mesmo fenômeno, mas mostrou que o filão ainda vive e tem apelo.

O sucesso de Gênesis fez com que a emissora apostasse em Reis, sua nova produção bíblica. A trama sobre a criação do mundo chamou a atenção pela grandiosidade de sua história e formato, que contou com sete fases que narravam histórias distintas, renovando sempre seus personagens e atores. Ao que tudo indica, Reis pretende ser uma “evolução” deste formato, ao ser dividida em três temporadas distintas e narrando várias histórias.

Por conta deste formato “novo”, Reis nem ao menos é definida como novela pela Record, que prefere chamar sua nova aposta de série, em razão da divisão em temporadas. No entanto, o responsável pelos créditos da trama não “pescou” bem a ideia. Isso porque, na abertura, aparecem os dizeres “uma série de Raphaela Castro” logo no início, mas, depois, ao creditar os colaboradores de texto, a indicação nos créditos é “novela escrita por…”.

Mas, independentemente da nomenclatura do formato, fato é que Reis bebe da fonte de Gênesis. Porém, não tem o mesmo apelo de sua antecessora. Afinal, Gênesis tinha o trunfo de contar com personagens conhecidos do grande público e passagens grandiosas, já consagradas pelo cinema ou outras produções.

Gênesis começava com Adão e Eva, uma história que habita o imaginário popular até de quem não é familiarizado com a Bíblia. A trama também contou a história da Arca de Noé, que não apenas tinha um protagonista também muito conhecido, como contou com sequências arrebatadoras do dilúvio. Torre de Babel foi outra fase que também trouxe uma história conhecida e belas sequências. Tudo isso fazia Gênesis chamar a atenção do público e explica seu sucesso, sobretudo nas primeiras fases.

Já Reis não tem esta força. A trama narra a história de Israel, do momento em que o profeta Samuel é usado por Deus para guiar o Seu povo, até a queda de Jerusalém. O primeiro capítulo mostrou Ana (Branca Messina), que será a mãe do profeta Samuel, sendo humilhada por Penina (Júlia Guerra) por não poder ter filhos, e os filhos de Eli (José Rubens Chachá) se desvirtuando dos caminhos de Deus, enquanto o juiz de Israel não acredita na má índole da prole.

Foi um primeiro capítulo sem grandes atrativos. Reis é uma bela produção, extremamente bem-feita, com uma fotografia belíssima e cuja ambientação em nada lembra o clima de parque temático de Os Dez Mandamentos. Mas a trama em si não se mostra capaz de arrebatar o público geral. Reis parece focar num público já iniciado no Livro Sagrado. Falta apelo popular.

Claro, Reis está apenas no começo e pode mostrar esta força no decorrer de seus capítulos. Mas a estreia não empolgou. A trama parece longe de resgatar os áureos tempos do projeto bíblico da Record TV.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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