Crítica

Com Luciano Huck, Globo transforma Melhores do Ano em “Oscar” e diverte

Agora no Domingão com Huck, a premiação ganhou formato de gala

Publicado em 03/01/2022

O Troféu Melhores do Ano, entregue no agora extinto Domingão do Faustão, já teve várias fases no fim de ano da Globo. Inicialmente despretensioso, sem votação popular e trazendo apenas os vencedores no palco para receberem seus troféus, aos poucos a premiação foi ganhando ares de “noite de gala”.

A maior virada aconteceu quando a premiação passou a ser exibida ao vivo e dividida em dois ambientes. No auditório, Faustão anunciava os vencedores. Enquanto isso, os concorrentes aguardavam numa espécie de salão de festas, onde comiam, bebiam e confraternizavam.

No primeiro ano do Domingão com Huck, o Melhores do Ano buscou evoluir esta proposta “de gala” ao colocar os artistas concorrentes no auditório da atração. O ambiente, salvo as devidas proporções, lembrou muito o Golden Globe, que costuma mostrar os artistas posicionados em mesas, em meio a comes e bebes. Também remeteu à edição mais recente do Oscar, que, para ter um público reduzido, apostou numa ambientação semelhante.

Luciano Huck fez as honras como um mestre de cerimônias sem grandes pretensões. Ao contrário de Faustão, que sempre tocou a premiação num tom meio debochado, Huck foi protocolar. Mas quebrou o gelo ao dividir a cena com Paulo Vieira, que circulou entre os artistas na plateia e fez piadas muito boas, que contribuíram para deixar o Melhores do Ano mais divertido.

Vieira foi dono dos melhores momentos da noite. Nada escapou de sua língua afiada: fez piada com as demissões do ano da Globo, com Paulo Guedes e até com o próprio Luciano Huck. Com isso, o Melhores do Ano até superou o Oscar, que sempre investe no humor, mas com piadas quase sempre sem graça. Aqui, não. Paulo Vieira deu show!

Quanto à premiação, houve altos e baixos. Melhores do Ano, que antes premiava apenas artistas e jornalistas, agora também premia atrações, nas categorias Melhor Novela e Melhor Série. É um reconhecimento interessante que a emissora faz à sua dramaturgia, que é o que sustenta o entretenimento tanto da TV Globo quanto do Globoplay.

Entretanto, a exclusão da categoria que premiava atores coadjuvantes é estranha. A falta deste troféu levou a algumas distorções, como a ausência de Alexandre Nero, destaque de Nos Tempos do Imperador. Além disso, a nova categoria “personalidade digital” também pareceu “sobrar”, já que, se a ideia é premiar influencers e a votação é popular, fica meio óbvio que quem tem mais seguidores ganha. Juliette levou fácil.

Ainda assim, Melhores do Ano fez justos reconhecimentos, como o trabalho de Regina Casé em Amor de Mãe, além de consagrar Sob Pressão com prêmios de melhor ator, atriz e série. Em meio aos problemas enfrentados pela dramaturgia da Globo em razão da pandemia nos últimos dois anos, são troféus que trazem significado.

Também funcionou bem trazer o Especial Inspiração, que Luciano Huck promovia no Caldeirão do Huck, ao Melhores do Ano. Trazer histórias de anônimos em meio ao prêmio dos artistas deu ao Melhores do Ano um tempero a mais.

Assim, no saldo geral, Melhores do Ano ganhou uma roupagem que valorizou a premiação. As mudanças, em sua maioria, foram bem-vindas.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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