Apesar do motivo trágico, a pausa de Salve-se Quem Puder acabou fazendo bem à novela. Com mais tempo para trabalhar em seu texto, o autor Daniel Ortiz conseguiu aparar algumas arestas e melhorar a qualidade do humor da trama. É um humor ainda meio “bobinho”, verdade, mas que passou a não se levar muito a sério, o que deu um charme à trama.
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A grande sacada desta “parte dois” de Salve-se Quem Puder foi vestir a capa de absurda sem nenhum tipo de constrangimento. A trama das sete da Globo assumiu de um tom meio surreal, o que lhe conferiu mais substância.
Isso fica claro a partir do momento em que Luna (Juliana Paiva), Alexia (Deborah Secco) e Kyra (Vitória Strada) decidem investigar por elas mesmas os crimes de Dominique (Guilhermina Guinle). Para isso, elas fazem referências explícitas a As Panteras, e texto e direção a colocam como se tivessem tirando sarro de si mesmas. Com isso, o que poderia ser constrangedor acaba se tornando simpático.
Outra cena que ilustra bem esta pegada mais surreal é a sequência em que Dominique quase flagra o trio, que buscava provas contra ela. Para que a vilã não visse as três meninas, Ermelinda (Grace Gianoukas) age como uma vendedora ambulante em pleno corredor de um prédio, oferecendo seus produtos à vilã para ganhar tempo. E Dominique a responde, como se realmente fosse possível uma vendedora ambulante estar perambulando no corredor do prédio. A cena ficou verdadeiramente engraçada.
Evolução
Novo nome festejado do horário das sete, Daniel Ortiz acabou marcado por comédias românticas açucaradas e despretensiosas, como Alto Astral (2014) e Haja Coração (2016). Salve-se Quem Puder segue a mesma linha, mas conseguiu mostrar uma evolução se comparadas às suas antecessoras.
Ao rir de si mesma, Salve-se Quem Puder ganha em musculatura e inteligência. Ainda não se compara ao texto aloprado de um Carlos Lombardi, mas pode ser o início de uma fase menos infantiloide no horário das sete da Globo.
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