#TBTdaTelevisão: Os 50 anos de Beto Rockfeller e a necessidade de um novo gás às novelas

Publicado em 01/11/2018

Nesta semana, o #TBTdaTelevisão com Fábio Costa, no canal do Observatório da Televisão no YouTube, recorda os 50 anos da novela Beto Rockfeller, de Bráulio Pedroso. No entanto, o vídeo não fala somente da histórica produção da Rede Tupi, que modificou o modo de se fazer novelas no Brasil. Aliás, ela serve apenas de ponto de partida. Seu objetivo é uma reflexão acerca de novas ideias necessárias para que a telenovela saia do ponto em que se encontra, maniqueísta e buscando sucesso fácil. E proponha algo inovador para seu público. Isso num tempo de tanta tecnologia e revoluções no cotidiano.

Quando produzida, em 1968/69, Beto Rockfeller deu prosseguimento a uma linha iniciada pela emissora alguns meses antes com Antônio Maria, de Geraldo Vietri e Walther Negrão. Novelas com personagens e tramas próximos da realidade brasileira, na contramão de melodramas passados em outros países. Estes eram a especialidade de Glória Magadan, escritora cubana que obteve alguns êxitos na Globo nos anos 1960. Só para ilustrar, novelas lembradas até hoje, como O Sheik de Agadir (1966) e A Rainha Louca (1967).

No #TBTdaTelevisão desta semana, o público é convidado a refletir sobre os caminhos da telenovela

Beto gerou um filme e outra novela, além de diversos “filhotes”. Depois disso, a novela brasileira mudou, como lembra o #TBTdaTelevisão nesta semana. A Tupi nunca mais repetiu essa circunstância revolucionária. Posteriormente, a Globo absorveu a brasilidade e modernidade e potencializou-as em suas produções. Não apenas no abrasileiramento do tom geral e dos conflitos, como também ao acompanhar os costumes dos telespectadores e inseri-los nas histórias. Bem como ao propor discussões sobre grandes temas. A telenovela global e a brasileira em geral se estabilizaram ao longo do tempo num crescendo de repercussão e respeitabilidade. Acima de tudo, configurou-se para o ator e o dramaturgo brasileiro um campo de trabalho no qual a arte também podia estar presente. Ao invés de apenas se valorizar e respeitar o aspecto comercial da televisão.

Laureta (Adriana Esteves), Nestor (Francisco Cuoco) e Remy (Vladimir Brichta) de Segundo Sol
Laureta (Adriana Esteves), Nestor (Francisco Cuoco) e Remy (Vladimir Brichta) de Segundo Sol (Divulgação/TV Globo)

A impressão que se tem é de que, desde os anos 1990, a telenovela passou a fazer cada vez maiores concessões à audiência. Isso em detrimento a propostas inovadoras e “difíceis”. E num cenário de concorrência que não abriu praticamente nenhum espaço para tentativas ousadas. Novelas como As Filhas da Mãe (2001) e O Rebu (2014) não alcançaram o sucesso que mereciam. Ao passo que, na contramão, fórmulas de sucesso como as de Glória Perez e Manoel Carlos deram certo por anos.

Furo no retorno de Remy mostra fragilidade de Segundo Sol

O que falta? Espírito criativo ou liberdade de ação?

Evidentemente não se esquece o caráter comercial da telenovela e da televisão. No entanto, já foi plenamente provado que é possível desenvolver trabalhos que sejam tanto êxitos de público quanto amostras de criatividade artística. Sob a sombra da Censura, entre os anos 1960 e 1980, foram produzidas várias das mais importantes novelas da nossa TV. Quem sabe não seja um espírito desafiador e criativo que esteja faltando para que o gênero resgate a repercussão de tempos anteriores? O #TBTdaTelevisão convida todos a essa reflexão sobre a nossa telenovela de cada dia – ou de cada noite.

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