Gugu Liberato

Morre Gugu Liberato: relembre a carreira do apresentador, que faleceu aos 60 anos

Apresentador tinha 60 anos e morreu após queda em casa

Publicado em 22/11/2019

O apresentador Augusto Liberato, ou Gugu Liberato, como se convencionou chamá-lo, faleceu aos 60 anos de idade, nesta sexta-feira (22). Ele sofreu uma queda de cerca de quatro metros de altura em sua residência na cidade norte-americana de Orlando nesta quarta-feira, 20 de novembro. Gugu Liberato caiu de cabeça numa quina e foi hospitalizado, mas não resistiu ao quadro. Relembre a trajetória do apresentador na televisão brasileira.

Antônio Augusto Moraes Liberato, nome completo de Gugu Liberato, nasceu em São Paulo no dia 10 de abril de 1959. Seus pais eram um caminhoneiro e uma dona de casa de origem portuguesa. Quando ainda garoto, ele conseguiu um emprego como office-boy numa imobiliária localizada no bairro do Sumarezinho, na zona oeste da capital paulista. Na adolescência, Augusto já acompanhava programas de auditório e enviava diversas sugestões para a produção do Programa Silvio Santos, então exibido pela TV Globo. De maneira que foram tantas as correspondências enviadas pelo garoto que ele acabou por obter uma colocação como auxiliar de escritório na equipe do programa.

Gugu estreia diante das câmeras

Quando Silvio Santos se transferiu com seu campeão de audiência dominical para a Rede Tupi, Augusto foi com ele e integrou a equipe de produção do Silvio Santos Diferente e do Cidade Contra Cidade. No final dos anos 1970, ele trabalhou na Rádio Progresso, do município paulista de Itatiba. Na mesma Tupi, Augusto fez parte da equipe do programa Caravela da Saudade, dirigido à colônia portuguesa. Em determinada edição ele apareceu diante das câmeras, o que levou a querer dedicar-se à comunicação. Embora tenha cursado Odontologia e Pedagogia, o rapaz trocou de curso e foi fazer Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Um de seus primeiros trabalhos jornalísticos na televisão foi no quadro “A Semana do Presidente”, já durante a gestão João Figueiredo, na virada para os anos 1980.

Em 1981 tiveram início as operações do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), e na nova emissora, de Silvio Santos, Augusto despontou sorteando prêmios nos intervalos de filmes à noite. Era a chamada Sessão das Dez Premiada, cuja versão carioca era apresentada por Paulo Barboza na TVS do Rio de Janeiro.

O início do grande estrelato como apresentador

Alternando-se entre TV e rádio, ele estreou em 9 de novembro de 1982 um programa identificado com sua figura até hoje: o Viva a Noite, na TVS/SBT. Exibido aos sábados, não raro o Viva a Noite incomodou a Globo, com suas atrações musicais e quadros como o “Sonho Maluco”, no qual celebridades realizavam os sonhos mais surpreendentes possíveis dos telespectadores. Só para ilustrar, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, cortou suas unhas após anos sem fazê-lo. Além disso, no programa o agora Gugu Liberato se aventurava em arriscados processos, tais como atravessar um perigoso túnel de fogo. Nos primeiros meses, havia outros apresentadores, como Paulo Lopes e Paulo Barboza. No entanto, já em março de 1983 Gugu ficou no comando do programa sozinho.

A dobradinha de Gugu Liberato com Silvio Santos e a disputa com a Globo

No decorrer dos anos 1980, Gugu Liberato passou a ocupar cada vez mais espaço na grade do SBT. O Programa Silvio Santos passou a ser dividido pelo patrão com o jovem apresentador, que comandou os mais diversos quadros. Ademais, Gugu apresentava também o Viva a Noite, até o começo dos anos 1990, e ganhou outro programa aos sábados, o Sabadão Sertanejo, que depois passou a ser somente Sabadão. E em 1987 se transferiu para a Globo, numa operação abortada providencialmente por Silvio Santos, que manteve Gugu no SBT.

Mas foi em 1993 que ele passou de vez a “outro patamar” no panorama dos apresentadores da televisão brasileira, com a estreia do Domingo Legal. A partir daí, e pelos 16 anos seguintes, Gugu Liberato e Fausto Silva disputaram a audiência dos telespectadores ponto a ponto, com vitórias para os dois lados e boa vantagem para Gugu no final da década. Além da banheira do Gugu, de forte conotação erótica, quadros como “Gugu na Minha Casa”, “De Volta Para Minha Terra”, “Táxi do Gugu” e “Telegrama Legal” fizeram bastante sucesso e levaram a atração à liderança repetidas vezes. Show de Prêmios, Passa ou Repassa, TV Animal, Corrida Maluca e Nações Unidas foram outras partes integrantes do extenso Programa Silvio Santos apresentadas com sucesso por Gugu Liberato.

Os problemas no SBT e a troca para a Record TV

Em 2003, um episódio marcou uma mudança na visão dos espectadores sobre Gugu e seu programa. O Domingo Legal apresentou o que seria uma entrevista com supostos membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Mas veio a público que na verdade a suposta entrevista foi uma encenação feita por atores contratados para desempenhar o papel de integrantes do PCC. O já falecido jornalista Marcelo Rezende, que na época apresentava o Repórter Cidadão na RedeTV!, acusou o material de ser forjado no dia seguinte à sua exibição. A saber, Rezende foi ameaçado pelos supostos marginais. Depois disso, o Domingo Legal e a relação de Gugu Liberato com o SBT entraram num processo de desgaste. Isso devido à queda de audiência e às ranhuras provocadas na imagem da emissora junto aos anunciantes e ao próprio público.

Até que em 2009 Gugu Liberato trocou Silvio Santos, para quem trabalhava desde os anos 1970, por Edir Macedo. Deixou o SBT e foi para a Record TV, onde estreou em agosto daquele ano o Programa do Gugu, que competiu com o próprio Silvio nas noites de domingo. No entanto, essa fase dominical e noturna da nova atração não durou muito. O antigo patrão seguiu com boa audiência e o Programa do Gugu fugiu do embate direto, mudando seu horário das 20h para as 16h. A atração se manteve no ar até 2013.

Uma trajetória inegavelmente vitoriosa

Após alguns meses fora do ar, o apresentador voltou à TV (e à Record TV) com uma atração noturna semanal exibida em regime de temporadas anuais e intitulada apenas Gugu. O novo programa ficou no ar entre 2015 e 2017, ano ao final do qual a demissão de toda a equipe de produção marcou o fim do projeto. Nos últimos anos, Gugu Liberato vinha sendo aproveitado pela Record TV como apresentador de formatos importados, a exemplo do Power Couple.

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Em que pesem os problemas enfrentados pelo apresentador após a suposta entrevista com integrantes do PCC, por exemplo, é inegável que a trajetória de Gugu Liberato foi vitoriosa. Não apenas à frente de programas de auditório, como também na posição de empresário. O Parque do Gugu, as Lojas do Gugu, a produtora GGP, os empreendimentos no ramo da música, entre outros negócios, tornaram Augusto, o menino de origem portuguesa, bastante rico, além da fama conquistada na telinha. Sua passagem de quatro décadas pelos nossos vídeos marcou gerações e será sempre lembrada.

Informações biográficas de Gugu Liberato foram obtidas especialmente, a saber, no livro Almanaque da TV – 50 Anos de Memória e Informação, publicado em 2000 pela Editora Objetiva. Seu autor é Ricardo Xavier, o Rixa, que também escreveu outra preciosa fonte para os estudiosos do assunto TV: uma versão revista do mesmo Almanaque da TV, com a parceria de Bia Braune, publicada pela Ediouro sete anos depois.

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