A Globo e o Globoplay chamaram a atenção em 2020 com uma minissérie biográfica sobre a apresentadora Hebe Carmargo, morta em 2012. O drama conta a trajetória dela, que é considerada uma das maiores apresentadoras da história, na televisão brasileira. Um dos personagens que foram o elenco é Walter Clark.
Veja também:
Ele é o executivo que, ao lado de Boni, tornou a Globo uma das maiores potências televisivas do planeta. Na produção sobre Hebe, há um momento em que Clark tem um conflito com a apresentadora. No entanto para Gabriel Priolli, jornalista, ex-Jornal Nacional e autor da biografia de Walter Clark, O Campeão de Audiência, há um equívoco.
Ele foi perguntado pelo UOL sobre o que achou da forma como ele é retratado no drama. “Decepcionante, porque inteiramente falsa. Vi o primeiro episódio e ele constrói uma narrativa em que Walter Clark é o executivo covarde da TV Bandeirantes, que quer tolher a liberdade de expressão de Hebe para não incomodar o governo autoritário”, disse.
E completou: “O conflito que eles tiveram em 1981 não teve nada a ver com censura. Walter queria modernizar a programação e achava que Hebe tinha um estilo ultrapassado para o seu projeto. Fritou a estrela veterana enquanto pode, para forçar a sua saída. Mas acabou demitido antes de afastá-la”.
Para ele, Clark foi mostrado como uma pessoa que ele não foi. “Roteiristas podem tomar liberdades nas histórias com personagens reais, alterando a cronologia e circunstâncias menores. Mas não podem falsear o personagem, apresentá-lo como alguém que não foi. Foi o que fizeram com Walter Clark”, afirma.
Ele conclui com uma crítica ao Brasil: “Vivemos num país sem memória, que não valoriza o conhecimento da história. Por isso mesmo, está fadado a repetir e repete sempre os velhos erros. A televisão serve a isso, quando é desatenta ou irresponsável na reconstituição de fatos e personagens históricos”.