A História de Ana Raio e Zé Trovão estreava há 27 anos

Publicado em 12/12/2017

No dia 12 de dezembro de 1990, a extinta Manchete estreava sua nova aposta em teledramaturgia. Naquele dia, ia ao ar o primeiro capítulo de A História de Ana Raio e Zé Trovão, trama concebida por Jayme Monjardim e escrita por Marcos Caruso e Rita Buzzar, e que tinha como missão manter o estrondoso sucesso de Pantanal, trama que a antecedeu.

A História de Ana Raio e Zé Trovão tinha uma proposta diferente de novela. A ideia era fazer uma trama itinerante, que acompanhava uma comitiva de peões que viajava pelo Brasil participando de rodeios. A história começa quando Ana de Nazaré, então com 13 anos de idade, é estuprada por Canjerê (Nelson Xavier). Ela engravida, mas, quando a criança nasce, é raptada pelo pai. Passam-se alguns anos e Ana se torna Ana Raio (Ingra Liberato), uma peoa que participa de rodeios pelo país. Enquanto faz sucesso pelas arenas, Ana alimenta a esperança de reencontrar sua filha desaparecida. Ana conta com o apoio de João Riso (Giuseppe Oristânio), um homem apaixonado e que faz de tudo para agradá-la.

Enquanto isso, a comitiva de Dolores Estrada (Tamara Taxman) percorre o Brasil, na qual um dos principais destaques é Zé Trovão (Almir Sater). A dona da comitiva nutre uma paixão pelo peão, que não sabe nada a respeito de sua origem. Na verdade, Zé Trovão é filho de Verônica (Lolita Rodrigues), uma mulher traumatizada que é mantida por Dolores numa casa de repouso. Isso porque, no passado, Verônica e Dolores disputaram o amor de Azelino (Daniel Ávila), que acabou morto por Dolores depois de uma discussão. Ela, então, passa a culpar Verônica, que esquece a cena em razão do trauma e fica presa a uma cadeira de rodas. Dolores a mantém desde então na casa de repouso, com medo que Verônica se lembre do ocorrido e lhe desmascare.

Ana Raio é contratada por Dolores Estrada, passando a fazer parte de sua caravana. E é assim que ela conhece Zé Trovão, e os dois se apaixonam. E, claro, Dolores não aceita o romance dos dois, e arma para que a peoa seja acusada de roubo, demitindo-a da caravana. Mesmo assim, Ana Raio segue participando dos rodeios, sempre acompanhando Dolores Estrada e sua comitiva. Mais adiante, Zé Trovão funda sua própria comitiva, e Ana Raio faz o mesmo. Assim, as três comitivas seguem juntas viajando pelo Brasil.

A História de Ana Raio e Zé Trovão vinha com uma proposta diferente do folhetim tradicional, ao fazer uma novela sem cenários fixos e nem uma trama preestabelecida. A trama ia percorrendo as regiões e, a partir daí, as histórias iam surgindo. Não havia cenas em estúdios, e as sequências eram filmadas em locações, em várias cidades e em feiras cenográficas. Por conta desta estrutura, seu elenco contou com mais de cem participações, dentre elas atores e artistas circences. Entre as participações, Irene Ravache e Regina Braga (vivendo elas mesmas), Beto Carrero, Orlando Orfei, Sula Miranda, Roberta Miranda, Rui Mauriti, Renato Teixeira, Chitãozinho & Xororó, Sandy & Júnior, Milionário & Zé Rico, Xangai, Sérgio Reis, Nalva Aguiar, Lílian, entre outros.

Segundo o site Teledramaturgia, o autor Marcos Caruso disse, numa entrevista, que escrever Ana Raio e Zé Trovão foi uma experiência “terrível e maravilhosa”. “Ela [a novela] não era ruim. Não é porque eu que escrevi, não. Ela era mal programada. Eu soube que ia escrever Ana Raio três semanas antes de acabar Pantanal. Porque eles iam fazer Amazônia e o [diretor] Jayme [Monjardim] descobriu que na Amazônia, para ver os bichos, você tinha de estar a cem metros de altura, e não tinha horizonte, era tudo fechado, então ele desistiu. Aí ele foi à Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos para gravar uma cena de Pantanal e ficou deslumbrado com aquele mundo. Ele me chamou, pegou uma sela branca, chegou no meio da sala e jogou: ‘Ana Raio!’ Pegou uma sela preta, jogou no meio da sala e disse: ‘Zé Trovão!’ E ficou olhando para mim. Eu falei: ‘Prazer, Tarzan’. Ele disse que a história estava na cabeça e eu ia escrevê-la. E avisou: ‘Quero, a cada 20 capítulos de quatro blocos, mudar de cidade e percorrer o país inteiro’. O slogan da Manchete na época era ‘O Brasil que o Brasil não conhece’, aí eu fui e fiz. Eu ia escrevendo a novela em um aviãozinho bimotor, literalmente nas coxas. Uma empreitada inacreditável. Foi terrível e maravilhoso ao mesmo tempo”, disse o autor.

Por conta de sua estrutura diferenciada e ausência de elementos folhetinescos, A História de Ana Raio e Zé Trovão não conseguiu manter o sucesso de Pantanal. Alcançou média de 15 pontos de audiência e o segundo lugar para a Rede Manchete no Ibope. Não foi um resultado ruim, mas ficou bem atrás de Pantanal, que era um fenômeno.

A novela foi reprisada duas vezes. Em 1993, a Manchete exibiu uma versão compacta da trama, em 92 capítulos, na faixa das 18 horas. Anos depois, em 2010, o SBT tirou a poeira das fitas da trama e a exibiu novamente. A ideia do canal de Silvio Santos era exibir uma versão mais enxuta da obra, mas acabou fazendo uma transmissão mais longa do que a original, resultando em 258 capítulos.

Com 251 capítulos, A História de Ana Raio e Zé Trovão teve direção de Roberto Naar, Marcos Schechtmann, Henrique Martins e Marcelo Travesso, e direção-geral de Jayme Monjardim.

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Relembre a abertura de A História de Ana Raio e Zé Trovão:

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