O impacto da transferência da apresentadora Eliana do SBT para a Globo não se restringe às emissoras envolvidas ou as profissionais e projetos adaptados para receberem a loura na nova empresa.
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Ganha força a proposta para ressuscitar o clássico Vídeo Show, agora numa versão dominical sob o comando de Tati Machado e que pode concorrer com a nova atração de Rachel Sheherazade já que a Record também aproveita esse mexida no tabuleiro da TV brasileira para tentar virar o jogo. .
Inicialmente cogitado para entrar em 2025 na grade das tardes de sábado sob o comando de Angélica no formato retrô, como parte das comemorações pelos 60 anos da Rede Globo. Depois, Eliana foi ventilada, mas chegaram a conclusão de que a nova contratada não teria histórico e lugar de fala para reviver a trajetória da empresa na qual acabou de entrar.
Medo da Geladeira
Eliana tomou algumas providências preventivas. O receio vem de uma prática administrativa que remete ao passado global. Contratava-se quem tinha audiência significativa somente para tirar da concorrência. Esses profissionais eram mantidos fora do ar na “famosa geladeira da Globo” perdendo popularidade enquanto aguardavam a possibilidade de serem incluídos em projetos concretos que para alguns nunca surgiram ou foram subaproveitados.
Precavida, a presença em tela foi garantida em contrato pela loura. Por isso, comandará atrações avulsas enquanto espera até o ano que vem quando deve ter um programa para chamar de seu. Para atender as exigências, alguns postos tiveram que ser sacrificados para abrigar a nova funcionária em atrações já em andamento.
Isso porque faltam menos de seis meses para acabar o ano e sem tempo hábil para criar e implantar novas propostas que possam ser exibidas ainda no exercício de 2024. Para abertura de espaço, a Globo teve que emergencialmente sacrificar alguns titulares, como a saída da cantora Ivete Sangalo do The Masked Singer , da competente Astrid Fontenelle do Saia Justa – do GNT e da própria Tati Machado de um programa de vendas para a Black Friday
Tati Machado: Vingança do SBT?
Notícias circulam apontando que a emissora da família Abravanel quer dar o troco após a perda de Eliana. Estariam abrindo o baú para cobrir com grande vantagem financeira o valor do passe da jornalista. Apesar desse convite ser negado por todos os envolvidos, é obvio que se houver um fundo de verdade, não deve ser movido por vingança.
Embora narrativas desse tipo façam parte da história da TV brasileira, é inverossímil que essa prática encontre espaço nas administrações profissionais de hoje. Essa versão maldosa e passional desqualifica tanto a apresentadora quanto o SBT que possuem grande potencial e afinidade para um projeto juntos. Também não tem cabimento especulações de que a profissional poderia integrar o elenco do Fofocalizando. Por mais que o salário oferecido seja alto, não agregaria nada ao currículo da profissional.
Três fortes argumentos para o retorno do Vídeo Show
Os diretores globais acreditam que o aproveitamento mais efetivo de Tati Machado pela atual empregadora neutralizaria a tentação de uma possível transferência. A profissional recebeu um banho de água fria depois da proposta de ganhar um programa seu em 2025 ter sido arquivada por tempo indeterminado diante da mobilização para agregar Eliana.
Desengavetar o projeto pensado para a especialista em celebridades iria demandar tempo, recursos, além da falta de espaço na grade de programação para atender tantos contratados fora do ar demandar uma forte disputa de bastidor.
Já oferecer a ela a reprodução do Vídeo Show seria muito mais simples, ágil e econômico, pois o modelo já é conhecido, pertence a própria Globo e seu retorno já estava no radar. Esse seria o primeiro argumento já que a clássica atração é a cara da jornalista.
Auto-divulgação
O segundo é a avaliação da atual cúpula da empresa de que houve precipitação para retirada do programa do ar sem que fossem esgotadas as possibilidades de recuperar e alavancar sua audiência. A revista televisiva perdia em alguns estados para as versões locais do Balanço Geral nas filiais da Record, principalmente durante o quadro A Hora da Venenosa comandado por jornalistas de Celebridades regionais.
Circula a tese entre a diretoria de que se Tati Machado tivesse despontado antes, ela poderia ter sido um dos trunfos para neutralizar o avanço da concorrente na ocasião, sem precisar sacrificar a atração apontada nas pesquisas como um dos programas de mais forte memória afetiva pelo telespectador.
Na cúpula a Globo, hoje existe um censo quase comum a respeito da importância do conteúdo do programa para o conjunto institucional. Ele tinha forte vocação para divulgar e ressaltar a programação da casa através de sua cobertura.
Nesses cinco anos ausente da telinha, o mercado audiovisual sofreu intensas transformações potencializando hoje a sua potencialidade. Fora que, na atualidade um programa de TV pode ser fatiado em dezenas de conteúdos curtos para movimentar as mídias sociais, como Instagram, X e Facebook, além das plataformas de som e imagem, como o Youtube e as de vídeos curtos como Tik Tok e Kwai.
Tem ainda o avanço da sinergia. Por isso, agora o raio de cobertura do Vídeo Show não ficaria restrito a Rede Globo, mas estenderia seus holofotes para as atrações dos canais pagos do grupo, como: Multishow, Bis, GNT, Viva entre outros.
O ressurgimento pode ainda marcar um grande diferencial a favor da Globoplay, com reforço na divulgação de lançamentos e na promoção do catálogo, criando um diferencial vantajoso em relação ao seu maior concorrente, a Netflix.
Machado X Sheherazade
Embora a ameaça seja maior para o SBT, que é o principal alvo da Record, o terceiro argumento é de que o horário cogitado para o Vídeo Show com Tati Machado poderia neutralizar um possível crescimento da nova uma revista eletrônica que está sendo criada a toque de caixa para ser exibida entre 12h e 14h15 na emissora ligada à Igreja Universal.
A TV do Bispo Macedo contratou Rachel Sheherazade para comandar o novo produto. A ideia é apostar no vácuo feminino deixado nos domingos após a saída da Eliana. A Record só perde para o SBT, em média, neste dia.
Os executivos acreditam que esse possa ser o momento da virada diante da falta do anúncio em torno do nome de uma substituta de peso o que poderia enfraquecer o peso do domingo da família Abravanel.
Os diretores da Record trabalham com a possibilidade de a médio prazo possa fique cansativa a solução caseira que estendeu as durações do tempo de tela de Celso Portiolli e do Programa Sílvio Santos como forma de tapar o buraco deixado na grade da emissora após a saída da Eliana.
Domingo Record
A produção corre a toque de caixa para dar vida a nova revista dominical da hora do almoço, mostrando que os diretores entenderam o obvio. Apenas se perderam no prazo, já que a intensão inicial era lançarem em tempo recorde o programa da Sheherazade propositalmente no domingo seguinte após a despedida da Eliana. Descoberta por Sílvio Santos, a jornalista teve a sua popularidade multiplicada através da participação como concorrente do reality show A Fazenda.
Finalmente os executivos do Bispo Macedo enxergaram a estratégia mais lógica de não enfrentar os líderes Globo e SBT tentando igualar-se a eles, mas sim criando uma alternativa. E também parece que se conscientizaram que o clássico auditório dominical não é o seu forte.
Tentaram com a própria Eliana – na época retirada do SBT, com Ana Hickmann e até a compra do passe de Gugu a peso de ouro retirado dos braços de Sílvio Santos, algo que nem a Globo conseguiu levar adiante.
A Record já tinha encontrado o seu próprio caminho dramatúrgico investindo no seu filão religioso. Faltava achar seu próprio modelo de entretenimento. Apostam no apanhado de notícias lights para conquistar sua audiência dominical, seguido pelo game Acerte ou Caia! comandado pelo humorista Tom Cavalcanti. Estreiam no mesmo dia, 18 de Agosto, já com a árdua tarefa de cativar a audiência para alavancar a atração seguinte, A Hora do Faro.
Todas tentativas de recuperação já foram feitas para tentar salvar o programa de auditório de Rodrigo Faro, que num passado distante chegou a ter seus duas de glória. No entanto, nos últimos tempos segue em queda livre perdendo consecutivamente para Eliana. E mesmo com a saída dela, continua sendo vencido pelo SBT.
A escolha da atração no segmento de revista eletrônica é baseado nas experiências positivas do canal que domina bem a produção desse tipo de conteúdo. No entanto, essa opção não impede que possa vir a ser uma casca de banana jogada para ela própria escorregar. O excesso pode ser o grande pecado da Record. Possui duas revistas matutinas diárias, Fala Brasil e Hoje em Dia.
A emissora tem entre suas maiores audiência e faturamento o Domingo Espetacular. Devido ao sucesso, esse programa foi sendo dilatado até chegar ao exagero de quatro horas de duração, o dobro do Fantástico.
A grande dúvida é se em um dia morto com poucos acontecimentos já que a maioria das pessoas e empresas estão de folga, terá matéria prima suficientes para produzir duas revistas eletrônicas sem que se canibalizem ou fiquem repetitivas, sensacionalista e irrelevantes. Tem fôlego para isso, Record?