Os fãs de teledramaturgia, especialmente os que também admiram a atriz Glória Pires, seguramente sabem do desagrado da atriz com a personagem Rafaela, que interpretou na novela O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, levada ao ar pela primeira vez entre junho de 1996 e fevereiro de 1997 e atualmente reapresentada pela TV Globo no Vale a Pena Ver de Novo.
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Mas o que talvez muita gente não saiba, ou não se recorde mais, diante dos quase 27 anos decorridos da estreia da produção dirigida por Luiz Fernando Carvalho, é que o papel destinado a Glória Pires no enredo inicialmente era outro, não o de Rafaela.
Em vez de dar vida à falsa sobrinha do cafeicultor e criador de gado leiteiro Geremias Berdinazzi (Raul Cortez), e passar-se por Marieta durante um terço da história, Glória interpretaria Luana, a boia-fria que conquista o coração do Rei do Gado, Bruno Berdinazzi Mezenga (Antonio Fagundes), e que é a verdadeira Marieta Berdinazzi, filha de Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas), irmão de Geremias.
No entanto, depois de viver com o mesmo Benedito Ruy Barbosa a Zuca da primeira versão de Cabocla (1979) e a forte Maria Moura na minissérie Memorial de Maria Moura (1994), de Jorge Furtado e Carlos Gerbase, da obra de Rachel de Queiroz – duas personagens rurais fortes -, mais a Pierina do filme O Quatrilho (1995), de Bruno Barreto, Glória preferiu “mudar de ares” e interpretar Rafaela, uma personagem em princípio interessante, com possibilidades, mas que a decepcionou.
A direção da novela então inverteu as atrizes: Glória Pires ficou com o papel da impostora e Patrícia Pillar, que a viveria, ganhou a personagem Luana, de grande sucesso e que marcou sua carreira positivamente. Patrícia já havia trabalhado com Benedito em três novelas na ocasião: a versão original de Sinhá-Moça (1986), como Ana do Véu; Vida Nova (1988-1989), como Bianca; e Renascer (1993), no papel de Eliana.