#TBTdaTelevisão: Yara Amaral e Etty Fraser, duas perdas no Réveillon

Publicado em 03/01/2019

Nesta semana, o primeiro #TBTdaTelevisão de 2019 resgata duas grandes atrizes, infelizmente falecidas na virada do ano. Há 30 anos, na virada para 1989, Yara Amaral morreu aos 52 anos, vítima do naufrágio do Bateau Mouche IV na Baía de Guanabara. E neste 31 de dezembro de 2018, perdemos Etty Fraser, após sofrer uma trombose aos 87 anos, em São Paulo.

Yara Amaral, que acreditava que morreria em meio às ondas, no #TBTdaTelevisão

Nascida em São Paulo em 1936, Yara Amaral queria ser professora de matemática. No entanto, ainda na juventude descobriu sua vocação para o teatro. Em cerca de 30 anos, ela atuou em 50 espetáculos, a saber, e ganhou cinco vezes o Prêmio Molière. Entre muitas montagens, destacam-se as de Sábado, Domingo e Segunda e Filomena Marturano, de Edoardo Di Filippo. Esta, aliás, estava em cartaz quando o Bateau Mouche IV foi a pique. Na ocasião, Nathalia Timberg, amiga de Yara, substituiu-a no final da temporada.

Na segunda metade dos anos 1960, Yara participou de algumas novelas nas TVs Excelsior, Tupi, Record e Globo. Mas foi em Dancin’ Days (1978), de Gilberto Braga, aos 42 anos, que ela sentiu o gosto do sucesso popular em virtude de seu trabalho na TV. Ela viveu Áurea, filha mais velha de Alberico (Mário Lago) e um pouco alheia às mudanças do mundo. A filha Inês (Sura Berditchevsky) e a irmã Carminha (Pepita Rodrigues) eram o aposto. Áurea vivia para Inês e para o marido Aníbal (Ivan Cândido), que a traía. Gilberto pretendia fazer a personagem se suicidar, mas a interpretação sensível de Yara o fez mudar de ideia.

Outros papéis de destaque da atriz nos anos 1980 foram a Sofia de Sol de Verão (1982), a Nieta de Guerra dos Sexos (1983) e a Joana de Fera Radical (1988), seu último trabalho na TV. Ainda, a inesquecível Dona Celeste na minissérie Anos Dourados (1986). O ex-marido de Yara Amaral, Luiz Fernando Goulart, declarou à época do naufrágio que a atriz havia declarado cerca de um mês antes da tragédia algo curioso. Ela dizia sentir que um dia uma onda a levaria e seria assim a sua morte. Um presságio infelizmente confirmado.

Yara Amaral como Joana em Fera Radical, sua última novela (Divulgação/TV Globo)
Yara Amaral como Joana em Fera Radical, sua última novela (Divulgação/TV Globo)

O #TBTdaTelevisão relembra também Etty Fraser: muito além da senhora gordinha e bonachona

Etty Fraser nasceu no Rio de Janeiro em 1931. No ano de 1959 estreou profissionalmente nos palcos com a peça A Incubadeira. Integrou o grupo do Teatro Oficina na década de 1960. Esteve em montagens históricas como as de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade; Pequenos Burgueses, de Máximo Górki; e A Vida Impressa Em Dólar, de Clifford Odets.

Pela mesma época, nos anos 1960, Etty Fraser estreou na TV. Neste veículo, seu tipo sempre favoreceu sua escalação para personagens bonachonas e alegres: gordinha, sorridente, expansiva. Participou de novelas nas TVs Excelsior, Tupi, Bandeirantes, Globo, Record e SBT. Entre elas, Beto Rockfeller, Nino, o ItalianinhoO Machão, Torre de Babel, Cidadão Brasileiro e Uma Rosa Com Amor.

Etty Fraser em Uma Rosa com Amor (Divulgação)
Etty Fraser em Uma Rosa com Amor (Divulgação)

Nos anos 1980, nas TVs Bandeirantes e Record, apresentou com sucesso o programa de culinária À Moda da Casa, e chegou a ter uma coluna do gênero na revista Amiga. O curioso disso é que Etty não era uma cozinheira de mão cheia, e foi aprendendo ao longo dos anos conforme ensinava as receitas para o público. Nos últimos anos, Etty estava afastada da televisão e atuando apenas em teatro. As dificuldades de saúde do fim da vida a impossibilitavam de se deslocar, por exemplo, para o Rio de Janeiro, onde ficam os estúdios de dramaturgia da Globo e da Record. Fica a nossa saudade.

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