#TBTdaTelevisão: Globo Repórter chega aos 46 anos

Publicado em 04/04/2019

Nesta semana, o #TBTdaTelevisão relembra algumas passagens marcantes da história do Globo Repórter. Companheiro das noites de sexta-feira de muita gente, o jornalístico mais longevo da TV brasileira chega aos 46 anos no ar. Com efeito, com fôlego de recém-estreado. E isso se deve ao trabalho incansável de sua equipe na busca por reportagens que reflitam preocupações do cotidiano, evoluções sociais e científicas. Decerto não são também esquecidos detalhes da vida em todas as partes do mundo.

No Globo Shell Especial, o embrião do Globo Repórter

Em janeiro de 1971, a saber, a Rede Globo lançou em sua grade o Globo Shell Especial. Sob patrocínio da empresa de combustíveis, como o próprio nome denota, o programa exibia reportagens produzidas pela americana CBS. No final do mesmo ano, já havia produção nacional, com direção de Paulo Gil Soares. O cineasta Domingos de Oliveira, recentemente falecido, também integrou a equipe do Globo Shell Especial. Entre 1971 e 1972 foi feita uma série de 20 programas sobre temas brasileiros.

Em 1973 o nome foi modificado para Globo Repórter. Já sem o patrocínio da Shell, mas mantendo a tradição do jornalístico diferenciado na programação da emissora. Temas de interesse geral e também alguns mais espinhosos, que em virtude do horário eram alvo de maior condescendência da Censura. Assim foram os primeiros anos de programa. Atualidade, Documento, Pesquisa, Ciência, História e Futuro foram alguns dos temas gerais que as reportagens abarcavam. E que indicavam a edição que o espectador acompanharia semana a semana como um subtítulo do programa.

Problemas do Globo Repórter com a Censura, no #TBTdaTelevisão

A saber, o núcleo paulista do Globo Repórter, em atividade nos anos 1970, produziu alguns dos melhores documentários já exibidos pela televisão brasileira. Só para ilustrar, especialmente um, sobre o marginal Wilsinho Galileia, morto pela polícia aos 18 anos em 1978, incomodou muito a Censura. Tanto que teve sua exibição proibida. A direção, deste como de outros programas, coube a João Batista de Andrade.

Outra edição com problemas foi “A Escola de 40 Mil Ruas”, centrada na realidade dos menores de rua na capital paulista. Sua exibição foi restrita a essa praça, enquanto para o resto do País foi ao ar outro programa.

Nos anos 1980, readequações do formato do Globo Repórter

Na virada para a década de 1980, uma grande mudança foi feita. Houve a troca da película cinematográfica pelo videoteipe na captação das imagens para o Globo Repórter. Há técnicas diferentes de narrar com imagens, conforme o suporte e o desdobramento de edição e sonorização. Assim, essa era do videoteipe no programa inaugurou um ciclo de mais reportagens por edição. E não mais apenas uma, centrada num grande tema. No entanto, sempre que necessário houve edições de um assunto só. O jornalista Roberto Feith foi o editor-chefe dessa fase de mudança, e em 1984 foi substituído por Jorge Pontual. Este ficou na função até 1995, quando Silvia Sayão tornou-se coordenadora editorial. Há alguns anos ela responde pela direção-geral do jornalístico.

Década de 1990: jornalismo investigativo e a natureza como pauta

A tendência de mais de uma reportagem por edição foi retomada no começo dos anos 1990 por breve período. A essa altura o Globo Repórter era apresentado por Celso Freitas, até a volta de Sérgio Chapelin. Este, aliás, é a pessoa que mais vezes apresentou o programa, com apenas breves pausas nos anos 1980 – algumas delas porque o próprio jornalístico saiu do ar – e nos anos 1990. Também fizeram apresentação ou locução Cid Moreira e Eliakim Araújo.

Nos anos 1990, começaram a ganhar força as pautas centradas em vida animal, por exemplo. A vida em locais afastados da civilização, bem como os desafios da convivência nas grandes metrópoles e as mudanças pensadas para facilitar o cotidiano urbano, se tornaram mais frequentes. Temas que interessassem a todas as faixas de público passaram a ser o objetivo do programa. Todavia, ele procurava ao mesmo tempo manter a tradição das reportagens diferenciadas que sempre o caracterizaram. Além disso, o jornalismo investigativo e de denúncia veio com todo o gás.

Edições emblemática do Globo Repórter nos anos 1990, no #TBTdaTelevisão

Algumas edições do Globo Repórter se tornaram históricas, como a da entrevista com a fraudadora da Previdência Social, Jorgina de Freitas, e aquela em que Caco Barcellos revelou ao público o cemitério clandestino em Perus, na zona oeste de São Paulo, com dezenas de ossadas de desaparecidos políticos da época da ditadura militar. Só para exemplificar, o Caso Riocentro, ocorrido em 1981, também foi pauta nos 15 anos do atentado.

A batalha com a concorrência e os novos tempos

Nos anos 2000, as concorrentes diretas da Globo, como SBT e Record TV, investiram em atrações que roubassem audiência da emissora carioca. Em diversos casos tiveram bastante êxito. Um grande exemplo foram os filmes “arrasa-quarteirão” que a TV de Silvio Santos passou a exibir às terças e sextas-feiras, no Cine Espetacular e na Tela de Sucessos, respectivamente. O Globo Repórter perdeu público para as películas de ação e aventura nessa época.

Mas se recuperou depois, em virtude de erros estratégicos da própria concorrência e de uma nova orientação para suas pautas jornalísticas. Num movimento que já vinha dos anos 1990, a voz de cientistas e pesquisadores brasileiros, por exemplo, passou a ser ouvida quando os assuntos tratados envolviam doenças, busca por curas para grandes males e o comportamento do brasileiro. O Globo Repórter passou a mostrar ao público brasileiro que no nosso próprio país havia grandes autoridades que nada ficavam a dever aos “cobras” estrangeiros de suas áreas de pesquisa.

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