Muito antes de Moisés e Jezabel: o #TBTdaTelevisão relembra as produções da Record TV nos anos 1990 que já eram inspiradas na Bíblia e em preceitos cristãos

Publicado em 04/07/2019

Os Dez Mandamentos, de Vivian de Oliveira, iniciou em 2015 uma trajetória de muito bons resultados de modo geral para a Record TV no campo das novelas. Anteriormente, a emissora iniciou um ciclo de minisséries inspiradas em histórias da Bíblia, e resolveu arriscar também nas novelas. A primeira delas foi A História de Ester, em 2010, certo? Errado. Foi na segunda metade dos anos 1990 que a chamada teledramaturgia cristã da Record TV teve seus primeiros exemplos. O #TBTdaTelevisão relembra nesta semana as minisséries que inauguraram o filão da dramaturgia cristã da Record TV.

Elementos da trama de Jezabel não são novidade na dramaturgia cristã da Record TV

Literalmente, a saber. Na semana do Natal de 1997, a emissora exibiu os cinco capítulos da minissérie O Desafio de Elias, escrita por Yves Dumont. A narrativa foi centrada no profeta Elias (Guilherme Linhares), defensor do culto a um Deus único, ao passo que a ardilosa princesa fenícia Jezabel (Sônia Lima) enredava o rei Acab (Othon Bastos) no sentido de popularizar entre os israelitas o politeísmo e o culto a Baal. A atual atração do horário das 20h45min na Record TV, Jezabel, de Cristianne Fridman, mudou o foco da trama para a personagem-título (Lidi Lisboa). Com efeito, o profeta Elias (Iano Salomão) é um personagem de grande importância, mas não o protagonista. O rei Acab é agora vivido por André Bankoff.

https://www.youtube.com/watch?v=wrt4SsaFQEM

Série Verdade: a teledramaturgia cristã da Record TV começa com maldades do diabo e macumba

Em março de 1997, foram ao ar duas minisséries numa faixa da programação da Record TV intitulada Série Verdade, às 20h. Ambas foram escritas por Ronaldo Ciambroni, a saber. Com cinco capítulos, A Filha do Demônio foi protagonizada por Patrícia de Sabrit. Ela vivia Ana, jovem cuja alma fora vendida por seu pai, Mário (Luiz Carlos de Moraes), ao demônio (João Vitti), em troca de dinheiro e mulheres. Logo após o final de A Filha do Demônio entrou no ar Olho da Terra, com 10 capítulos. Passada no interior, a história tratava do uso de macumba por Sara (Arlete Montenegro) para separar seu filho Marcelo (Alexandre Frota) de Branca (Valéria Alencar). Sara acreditava que os jovens eram irmãos, uma vez que no passado seu marido Joel (Roberto Pirillo) a traíra com a mãe de Branca, Rosa (Aldine Müller).

Mesmo sem a Bíblia ou testemunhos por trás dos enredos, a essência permeou a dramaturgia cristã da Record TV

No decorrer de 1997, a Record TV seguiu investindo em dramaturgia. O que na ocasião não fazia havia mais de 20 anos. Direito de Vencer, também de Ronaldo Ciambroni, apresentou uma história que abordava o tema das pessoas excepcionais. Isso em meio a problemas familiares e homossexualidade. Luigi (Luiz Carlos de Moraes) não consegue engravidar a esposa. Por isso, ele pede a seu irmão gay Carlo (Edwin Luisi) que doe seu sêmen a fim de que possa ter um herdeiro. A criança nasce com necessidades especiais e é trocada por outra, enquanto passa a vida numa entidade assistencial. Adulto, Cesco (João Vitti), o filho excepcional rejeitado, descobre a verdade sobre sua origem.

Escrita por Vivian de Oliveira, Por Amor e Ódio foi uma minissérie mais longa (durou dois meses), que tratou de temas como tráfico de drogas. Em seguida, a primeira novela da nova fase: Canoa do Bagre, de Ciambroni. Numa aldeia de pescadores que batizava a história, os conflitos dos moradores. Gianfrancesco Guarnieri, Othon Bastos, Lolita Rodrigues, Maria Estela e Márcia Real eram alguns dos veteranos reunidos no projeto. Só para ilustrar, nem sempre os enredos das histórias eram eminentemente cristãos. No entanto, diversos habitantes de Canoa do Bagre frequentavam cultos da Universal liderados pelo Pastor Luiz (Fernando Kojin).

Caminhos da Esperança: nas manhãs da Record TV, ficção em capítulos com base em testemunhos de fiéis da Universal

Em outubro de 1997, a emissora deu início ao projeto Caminhos da Esperança. No insólito horário matutino (às 8h), foram exibidas minisséries cujos enredos partiam de testemunhos de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. A primeira delas foi Uma Janela Para o Céu, de Paulo Cabral e Lilinha Viveiros. O personagem principal era Aparecido (Felipe Martins), delinquente que se regenera na prisão ao “encontrar Jesus”.

Posteriormente, em novembro foi ao ar Velas de Sangue, com Sandra Barsotti na pele de uma mãe de família de classe média que passava pela experiência da possessão demoníaca. Em dezembro, A Sétima Bala tratou de outra regeneração através de Cristo. Dessa vez o felizardo era um assassino de aluguel. Roberto Frota, Raymundo de Souza e Tamara Taxman estiveram no elenco.

Do Fundo do Coração: um ponto fora da curva em Caminhos da Esperança

A primeira história de 1998 de Caminhos da Esperança não era cristã, tampouco bíblica. Do Fundo do Coração contava a história de Camila (Valéria Alencar), jovem que se muda do interior para São Paulo após a morte da mãe. Ela vai morar com sua madrinha, Alzira (Lolita Rodrigues). Camila desconhece que seu pai é um homem muito rico, Raul Castanheira (Adriano Reys), noivo da interesseira Suzana (Simone Carvalho). A jovem vai trabalhar como empregada doméstica na casa de Guilherme (Edwin Luisi) e Tereza (Clarisse Abujamra), e chama a atenção de Gabriel (Rubens Caribé), noivo da filha dos patrões, Fabiana (Valéria Zoppello).

Na sequência veio Alma de Pedra, cujo protagonista Leandro (Rodrigo Veronese) era um rapaz angustiado e atormentado. Somente ao se converter à fé cristã é que ele encontrava a paz que lhe faltava.

Uma rainha judia marca a trajetória da dramaturgia cristã da Record TV

No final de 1998, a Record TV exibiu em 10 capítulos a minissérie A História de Ester. Daniela Camargo protagonizou a história bíblica da judia Hadassa, que esconde sua origem e muda de nome a fim de proteger seu povo. Ela se apaixona pelo rei Assuero (Giuseppe Oristânio), mas resiste ao sentimento em virtude de ser representante de um povo oprimido.

Essa foi a última produção da dramaturgia cristã da Record TV até 2010, quando A História de Ester foi refeita em nova adaptação e com produção milionária. Novamente em 10 capítulos, Gabriela Durlo e Marcos Pitombo foram Ester e Assuero. Além disso, Giuseppe Oristânio voltou à cena, no papel de Joel.

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