Censura

Censurada há 45 anos, Roque Santeiro acabou se tornando um dos maiores clássicos da teledramaturgia

Criada por Dias Gomes, história só ganhou as telas 10 anos depois, em outra versão

Publicado em 27/08/2020

A TV Globo pretendia estrear em 27 de agosto de 1975, há 45 anos, sua primeira novela em cores na faixa das 20h, trazendo também na ocasião algumas mudanças no estilo do horário: Roque Santeiro, de Dias Gomes, foi a história escolhida.

Habitualmente autor das novelas das 22h, o dramaturgo baiano falecido em 1999 foi “antecipado”, assim como sua esposa Janete Clair, “Nossa Senhora das Oito”, passou com Bravo! a criar temporariamente as emoções do horário das 19h.

Só que, como se soube apenas anos e anos depois, o governo militar grampeou um telefonema de Dias Gomes para o historiador Nelson Werneck Sodré – autor, entre outros, de História da Imprensa no Brasil – no qual tratava de seu próximo projeto de novela: uma adaptação de um texto teatral censurado em 1965 por falar de militares de forma que não os agradou: O Berço do Herói.

“Esses militares são muito burros”, declarou Dias a Nelson quando este lhe perguntara sobre a liberação da sinopse da novela para produção e para o horário. Ao justificar a posterior proibição, a Censura se saiu com termos como “ofensa à moral e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja”.

Antes que se soubesse da origem do argumento da novela, a Censura Federal liberou Roque Santeiro para a TV, e com isso Dias escreveu cerca de 50 capítulos e mais de 30 haviam sido gravados na data da estreia, quando a notícia da proibição tornou-se oficial depois de alguns dias de apreensão e expectativa.

Nesta semana o TBT da TV relembra o caso da censura a Roque Santeiro, que apenas 10 anos depois enfim pôde ser acompanhada pelo público brasileiro, que lhe rendeu um dos maiores sucessos da história da nossa TV – ou mesmo o maior. Confira o vídeo:

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