CRÍTICA

Westworld voltou e… ainda vale a pena gastar tempo com a série?

Drama futurista já dominou rodas de conversas filosóficas; hoje, só vê o público fugir correndo

Publicado em 03/07/2022

Apresentando visual estupendo e trama enigmática, a provocante Westworld arrebatou o mundo das séries com a primeira temporada. Seis anos depois, a produção da HBO continua no ar com a recém-lançada quarta temporada. Porém, é apenas uma mera sombra fina em comparação com o passado. A pergunta que fica é: ainda vale a pena gastar tempo com a série?

Há quem diga que Westworld perdeu a relevância. Embora seja um comentário radical, é válido questionar em qual camada o drama futurista se encaixa atualmente. Sem dúvida nenhuma, está longe do status do ano de estreia.

Westworld não teve um começo fácil, em 2016. Pela primeira vez na década, a HBO ficou mais de um ano sem episódios inéditos de Game of Thrones (a sétima temporada do drama fantasioso atrasou porque teve de ser gravada no inverno europeu).

Assim, Westworld tinha a missão de entregar uma boa audiência e fazer bonito no circuito de premiações; GoT ficou fora do Emmy de 2017. E foi o que ocorreu.

A série registrou uma excelente média de telespectadores (1,57 milhão por episódio) e cravou 22 indicações no Emmy de 2017, somente uma a menos do que Game of Thrones conseguiu no ano anterior.

Fora isso, Westworld era assunto em todos os lugares, das redes sociais às universidades. Temas filosóficos entraram em pauta, como a questão do livre arbítrio, assim como a violência humana, o desprezo, a consciência, entre outros. As confusões de entendimento, principalmente se tratando das várias linhas do tempo, eram reais, mas toleráveis.

Ed Harris na quarta temporada de Westworld
Ed Harris na quarta temporada de Westworld

Queda de Westworld

A atração perdeu muita força na segunda leva de episódios. Na terceira temporada a queda foi pior. Como consequência, a quarta apenas pega os cacos do que sobrou, e um número exemplifica isso.

O primeiro episódio da quarta temporada de Westworld, exibido em 26 de junho, foi visto por 325 mil telespectadores “ao vivo”, nos Estados Unidos. Tal número é cerca de 65% menor do que o registrado pela estreia da terceira leva, em março de 2020.

Esse é um sinal claro de que a esmagadora maioria do público de Westworld abandonou o barco. Quem permanece firme faz parte do grupo que não larga o osso, fazendo uso do raciocínio do tipo “vamos ver até onde isso vai dar”.

Não há mais profundidade filosófica na trama, que na quarta temporada repete estruturas de episódios anteriores, com personagens fazendo o mesmo tipo de jornada de vingança. 

Ao menos existe uma única linha do tempo e os diálogos deixaram de ser tão cifrados, coisas que devem ser colocadas na coluna dos pontos positivos.

Até ficou mais fácil de explicar o que é Westworld para outra pessoa: robôs estão em guerra com os humanos e ambos brigam contra um poder que dita como cada próximo passo será dado (questão do livre arbítrio). Devido às atrocidades cometidas pelas pessoas contra os robôs na sociedade de 2050, os humanos estão na pior e dependem do perdão das máquinas.

Para um telespectador novato, ir até a quarta temporada de Westworld é um desafio; ver a primeira já tá bom. Agora, quem chegou aqui e superou tantos perrengues, vale manter-se fiel e seguir acompanhando a história. Infelizmente, a série da HBO está com cara daquelas que povoam a lista dos piores finais de todos os tempos; como perder esse acontecimento, não é? ⬩

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