A excelente série Ruptura, disponível no streaming Apple TV+, apresenta uma tecnologia assustadora. Após passar por cirurgia no cérebro, a pessoa é capaz de ter a memória dividida de forma precisa. Ela não leva os problemas do trabalho para casa e vice-versa. Essa intervenção está próxima da realidade, segundo o neurocirurgião consultor da ficção científica.
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Dan Erickson, criador da série, e Ben Stiller, diretor, procuraram retratar o máximo de autenticidade possível em Ruptura. Por isso contrataram um especialista em memórias e cérebros, o doutor Vijay Agarwal. Em entrevista ao site Variety, o médico falou sobre a possibilidade do tal procedimento ocorrer na vida real.
“Ainda não estamos no estágio apresentado na série, mas eu diria que não estamos longe”, falou o doutor perito em neurocirurgia e neurociência. “Hoje, grandes centros acadêmicos e de neurociência são capazes de colocar microcateteres no cérebro. Essas peças ajustam funções como movimento e tremor.”
“Somos capazes de colocar pequenos cateteres no cérebro e ouvir neurônios disparando”, continuou Argawal. “O que o público pode não estar ciente é que estamos muito próximos de implementar esse tipo de tecnologia [apresentada na série].”
O cuidado da produção de Ruptura com a veracidade foi tanto que o médico acabou virando ator.
No segundo episódio, uma cena mostrou a personagem Helly (Britt Lower) passando pela cirurgia para dividir a memória, dando a ela o poder de esquecer a rotina do trabalho. O próprio Argawal encarnou o cirurgião à frente do procedimento, replicando ali o que aconteceria de verdade.
Conheça a série Ruptura
A proposta da série Ruptura é tentadora para muitas pessoas do mundo real. Imagina a possibilidade de você esquecer completamente as horas que passou no trabalho e separar a vida profissional da pessoal. A brisa do drama é fazer exatamente isso com os personagens, em uma produção formidável, do mais alto nível.
No centro da história de Ruptura está a empresa Lumon Industries. No subsolo de um complexo gigante funciona o departamento Macro Data, cujos funcionários passam por cirurgia consensual absolutamente insana.
Um dispositivo é implantado dentro do cérebro com a capacidade de fazer essa divisão na mente entre o que ocorre no trabalho e fora dele, processo irreversível chamado de ruptura. Quem concorda entrar nesse projeto precisa gravar um vídeo afirmando estar ciente da operação.
O ponto de vista da narrativa é do quarentão Mark Scout (Adam Scott), viúvo que sofre com o luto. Ele aceita entrar nesse departamento da Lumon para, pelo menos durante oito horas do dia, não pensar mais na tristeza e no sofrimento da vida pessoal.
Em um belo dia, Mark chega na Lumon chorando, desesperado. Ele enxuga as lágrimas, entra no prédio e pega um elevador. No trajeto de descida até o subsolo, um sinal toca e a mente dele se transforma. Tudo o que viveu fora da companhia é esquecido e ele apenas é mais um funcionário dentro de um departamento burocrático.
O Mark do trabalho vive em loops, pois desconhece os fatos do mundo de fora. E o Mark longe da Lumon sabe muito bem que passou pelo processo de ruptura, porém não faz a mínima ideia da função exercida na empresa. ⬩
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