CRÍTICA

Truque de The Great é exagerar (e muito) os fatos, tipo Nelson Rubens

Segunda temporada da comédia de época estreia neste domingo (19), no Starzplay

Publicado em 19/12/2021

O apresentador Nelson Rubens é dono de um dos mais memoráveis bordões da TV brasileira: “eu aumento, mas não invento”. Essa linha de raciocínio cabe como uma luva em The Great, comédia de época sobre a tomada de poder da imperatriz russa Catherine, the Great (Catarina, a Grande), interpretada por Elle Fanning. A série exagera fatos sem fugir do que realmente aconteceu.

A segunda temporada de The Great estreia neste domingo (19), no Starzplay. A atual leva tem dez episódios, um lançado por semana. A narrativa segue o levante de Catherine contra Peter (Nicholas Hoult), para tirá-lo do trono e assumir o poder, provocando uma revolução em meio a um golpe.

No começo de cada episódio, The Great informa ao telespectador que ali será contada “uma eventual história real”. É um recado para não deixar margem a qualquer dúvida. Quem quiser assistir a uma atração mais fidedigna, procure um documentário -ou a minissérie de Helen Mirren disponível na HBO Max.

O truque da comédia é justamente pegar alguns fatos reais e acentuar, criando cenas hilárias e bizarras, o fundamento da série. Uma licença criativa simples: Catherine está grávida e o desejo incontrolável dela é… comer terra. Não apenas ingeri-la, mas saborear como se fosse um brigadeiro suculento. Chupar um prego para nutrir o bebê com “ferro”? Por que não?

Os dribles na história

A segunda temporada começa com Catherine assumindo o poder na sequência do golpe. Isso ocorreu de verdade, mas a série propôs uma abordagem diferente. Na realidade, ela só chegou ao poder seis meses após dar à luz. E Peter morreu oito dias depois de perder a coroa. A série mantém Peter vivo, e Catherine grávida pós-golpe, para apimentar mais a história.

Com as rédeas em mãos, Catherine sofre na busca de agradar à corte e comandar a Rússia como deseja. A resistência à imperatriz coincide com a realidade. Um ingrediente a mais torna a situação intrigante.

Em The Great, a loira germânica se torna a primeira mulher no trono russo. Contudo, ela seguiu outras mulheres, tanto que o nome oficial dela é Catarina 2ª. 

Ao aplicar essa adaptação, a série dá espaço a uma jornada de revolução, uma mulher líder lutando contra o patriarcado e o status quo, almejando uma choque cultural contra a tradição paralisante e inócua.

Os delírios de The Great são excelentes, quanto mais absurdo melhor. Como muita coisa bizarra ocorreu de fato naquela corte lunática, fica difícil distinguir a ficção ali inserida, por mais que a cena seja de uma grávida chupando um prego, pois cabe perfeitamente no contexto. 

Assim, o aviso “uma eventual história real” é justo, um “eu aumento, mas não invento” em outras palavras. Huzzah!


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