LEGADO

Como The Walking Dead dá exemplo de inclusão e diversidade na TV

Drama zumbi abriu as portas para todo tipo de pessoa que forma a sociedade

Publicado em 18/02/2022

Durante 12 anos, The Walking Dead construiu um legado respeitável de inclusão e diversidade na TV. Sim, houveram alguns escorregões no passado. Mas em linhas gerais, ainda mais comparando com a concorrência, o drama zumbi entra no último ano no ar defendendo um histórico vanguardista robusto por colocar em cena todo tipo de pessoa.

Mulheres, negros, asiáticos, latinos, pessoas com deficiência… The Walking Dead nutriu um elenco plural rico. E a última temporada serve como espelho disso, refletindo o conjunto da obra entregue pela série desde a estreia, em 2010. O progresso na frente das câmeras é visto nos bastidores, fator determinante para que haja diversidade efetiva.

As duas primeiras partes da atual 11ª temporada apresentaram uma sequência simbólica dessa inclusão, protagonizada pelos quatro aventureiros rumo à Commonwealth: a asiática Yumiko (Eleanor Matsuura), o negro Ezekiel (Khary Payton), a latina Princesa (Paola Lázaro) e o branco cis Eugene (Josh McDermitt). Eugene deu uma resposta totalmente diferente dos outros três colegas sobre ficar preso em uma comunidade desconhecida.

Os diferentes pontos de vista da mesma situação ocorrem com mais eficiência quando os roteiristas e produtores também são heterogêneos. No caso, os episódios em questão foram escritos por um roteirista negro (Jim Barnes) e por uma asiática, a showrunner Angela Kang.

The Walking Dead sempre procurou manter a sala de roteirista diversificada, misturando gente das mais diversas origens. Isso só aumentou após Angela Kang assumir o cargo de comandante da nau, na nona temporada. Mulher da minoria chefe sempre enriquece qualquer atração; os exemplos empíricos comprovam tal tese.

O drama zumbi crava a marca de ter no elenco 50% de mulheres, percentual bem acima da média vista na TV americana. É o resultado de ter roteiristas mulheres em igualdade com os homens, situação que culmina em trama mais diversificada.

Sonequa Martin-Green e Morgan Jones em The Walking Dead
Sonequa Martin Green e Lennie James em The Walking Dead

A questão racial

The Walking Dead iniciou a narrativa no Estado da Georgia, uma das regiões com a maior porcentagem de negros de todos os Estados Unidos, cerca de 30% da população, segundo o censo americano. Porém, a série não imitava isso e por muito tempo deixou a desejar no número de atores negros na história.

Quando começou a inseri-los, aconteceu outro problema. Personagens negros morriam com frequência… para serem substituídos por outros negros. Essa rotatividade impedia uma inclusão legítima.

Alguns nomes contribuíram para mudar esse cenário, como a Sasha (Sonequa Martin-Green) e Morgan (Lennie James). Mas a virada mesmo foi com Michonne (Danai Gurira), que rapidamente se tornou uma das personagens mais queridas da série, firmando romance com o mocinho Rick Grimes (Andrew Lincoln).

Também nos primeiros passos aconteceram alguns tropeços no retrato de Glenn (Steven Yeun), encarnando estereótipos do homem asiático. Conforme a trama evoluía, Glenn ficava mais encorpado, ganhava camadas interessantes no enredo e aumentava a popularidade.

Deficiência e comunidade LGBTQIA+

A comunidade LGBTQIA+, atualmente, está incluída em The Walking Dead com Aaron (Ross Marquand), Yumiko (Eleanor Matsuura), Magna (Nadia Hilker) e Kelly (Angel Theory). O ponto negativo é que os romances nunca foram tão bem explorados; o amor não é o aspecto mais forte da série zumbi, registra-se. 

Outros representantes dessa parcela da sociedade passaram por The Walking Dead e merecem ser lembrados, como Tara (Alanna Masterson), Denise (Merritt Wever) e Jesus (Tom Payne).

Na medida do possível, The Walking Dead inclui todo tipo de representação da sociedade dentro da série, sem esquecer das pessoas com deficiência. E isso posições destacadas, nada de serem escanteadas. 

É o que ocorre em posições de lideranças com Aaron (braço amputado) e Lauren Ridloff (surda); Kelly está perdendo a audição aos poucos. A língua de sinais está presente no drama zumbi, com personagens (e telespectadores) aprendendo a usá-la e interpretá-la.


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