CRÍTICA

Quietinha, Irma Vep vira uma das melhores séries do ano da HBO

Drama metalinguístico do canal é ofuscado pela concorrência pesada, externa e interna

Publicado em 01/07/2022

O Prime Video tem The Boys. A Netflix está com o combo The Umbrella Academy-Stranger Things-La Casa de Papel: Coreia. E a HBO chega com novos episódios de Westworld. No meio dessa concorrência acirrada surge, quietinha, Irma Vep. Com episódios na segunda janela mais prestigiada da HBO, nas noites de segunda-feira, a trama metalinguística é uma das melhores séries do ano do canal premium.

Com o encanto da hipnotizante Alicia Vikander, atriz sueca vencedora de Oscar, Irma Vep convida o espectador para uma viagem delirante no mundo do cinema (ou seria TV?). A confusão apresentada pela narrativa é só um dos aspectos curiosos e fascinantes da minissérie, que propõe um olhar crítico sobre os bastidores da indústria do entretenimento.

Alicia interpreta Mira Harberg, uma celebridade americana da mais alta prateleira em Hollywood, famosa por fazer filmes de heróis tipo Marvel, sucessos absolutos de bilheteria. Desiludida, ela decide dar um breque nesses trabalhos comerciais e aceita ser protagonista de um projeto experimental, gravado em Paris (França).

Mira topa liderar o remake do filme (real) Les Vampires, um marco do cinema mudo francês da década de 1910. Um dos baratos de Irma Vep é classificar esse projeto. Para o diretor René Vidal (Vincent Macaigne), prestigiado apesar de ser volátil e problemático, trata-se de um filme cult longo, pois ele jamais iria se render ao frágil produto que são as séries de TV. 

Na verdade, o que René está gravando é mesmo uma série de TV, queira ele ou não. Irma Vep entra naquela conversa travada em Hollywood quando o assunto são minisséries, ou “um filme de oito horas dividido em oito partes”, como dizem por aí.

Por outro lado, alguns integrantes do elenco se renderam à “indústria do entretenimento controlada pelos algoritmos”. Para eles, o projeto é puramente comercial, não tem nada de cult. São visões extremadas do que realmente está rolando.

Para aumentar a dose excêntrica da minissérie, Irma Vep foi criada por Olivier Assayas, cineasta francês que por sua vez fez um filme de verdade chamado Irma Vep, lançado em 1996. A atração da HBO acaba sendo uma versão adaptada desse longa moderno, o remake do remake… produto de uma indústria que adora fazer remakes.

Elenco de Irma Vep grava uma minissérie dentro da minissérie
Elenco de Irma Vep grava uma minissérie dentro da minissérie

Para quem é Irma Vep?

Quem ama cinema e séries de TV não tem como evitar ser fisgado por Irma Vep. A narrativa apresenta uma visão bem interessante dos bastidores, assim como discute qual a função do entretenimento nos dias atuais, em que produções antigas são repaginadas de modo frenético.

A série funciona muito bem por causa de Alicia Vikander. Ela incorpora com primor a identidade de uma atriz conhecida por filmes comerciais e que tenta mudar essa visão fazendo algo tido como cult. Claro, a trama aborda os problemas na vida pessoal da personagem dela, principalmente os de ordem amorosa, para adicionar uma camada extra de dramalhão.

E ficar confuso com Irma Vep, em relação ao que está sendo gravado ali, faz parte da brincadeira. Porque nem mesmo os personagens sabem direito onde se meteram. 

A minissérie merece ser vista por causa dessa jornada insana, do charme de Alicia Vikander e de todo o universo cinematográfico metalinguístico armado. Entre um hit ou outro da concorrência, ou até mesmo de atrações da HBO, vale a pena dar o play em Irma Vep e adentrar nesse mundo quase surreal.

A HBO lança episódios inéditos de Irma Vep toda segunda, às 22h; a minissérie está disponível na HBO Max. ⬩

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