5 ANOS

Como 3% abriu as portas na Netflix para Round 6 brilhar

Produção nacional foi a primeira série de língua não inglesa da plataforma a fazer sucesso no mundo todo

Publicado em 04/10/2021

Há cinco anos, a Netflix engatinhava na produção de séries de língua não inglesa. E a brasileira 3% (2016-2020) foi a primeira desse filão a fazer sucesso internacional, um fato que muita gente no Brasil tem de engolir. A trama de ficção científica abriu as portas para atrações como Round 6 brilharem ao redor do planeta.

Lançada em 25 de novembro de 2016, 3% foi tratada pela mídia mundial como um tipo de Jogos Vorazes, franquia do cinema que também serviu de comparação a Round 6, parte da missão de explicar a série para alguém.

Existem semelhanças entre as séries brasileira e sul-coreana, como crítica a um sistema de elite opressor, jogos eliminatórios, pobreza e competição entre pessoas na luta pela sobrevivência. 

Porém, o mais importante é a ligação no alcance a pessoas que falam um idioma diferente daquele dito pelos atores. O detalhe é que 3% chegou no terreno quando tudo era mato e teve de criar uma trilha para outras produções seguirem em frente.

E atualmente, Round 6 é a número um de audiência na Netflix em mais de 90 países e caminha para ser a série mais vista da história da empresa.

Ponto fora da curva

Embora muita gente no Brasil torça o nariz para 3%, um complexo problemático explicado pela psicologia, a série conquistou fãs por aqui e no exterior. O que mais chamou a atenção foi justamente essa aprovação universal, bem aceita em países como Estados Unidos e Alemanha, assim como no Sudeste da Ásia.

E 3% tinha uma premissa incomum dentro da produção de cinema ou televisão no Brasil. Tratava-se de uma narrativa distópica na qual um evento apocalíptico devastou o território brasileiro. 

O chamado Continente era a maior fatia da terra, onde havia muita miséria e sujeira. Jovens com 20 anos completos poderiam se inscrever em uma competição chamada de Processo, com o objetivo de morar no Maralto, uma ilha privilegiada onde imperava a fartura. Apenas 3% dos concorrentes nesse vestibular da vida mudavam de lado.

Conhecido mais por novelas padrões sem fugir muito da fórmula certeira do dinheiro e do sucesso, o Brasil cravou no mundo do entretenimento uma atração diferenciada.

A atriz Laila Garin em cena da ficção científica 3%
A atriz Laila Garin em cena da ficção científica 3 DivulgaçãoNetflix

Reconhecimento

De propósito, a Netflix usou o Brasil para fazer esse experimento, de uma série com potencial de conquistar o coração de assinantes das mais diversas nacionalidades. Vale lembrar que na época não existia La Casa de Papel nem produção considerada estrangeira em Hollywood vencendo o Oscar de melhor filme (o sul-coreano Parasita).

3% precisou vencer a barreira das legendas. E conseguiu. Nos Estados Unidos, por exemplo, a série conquistou fãs. Revistas prestigiadas como Variety e The Hollywood Reporter recomendavam o drama futurista, rasgando elogios.

Em 2017, ano subsequente ao de lançamento, 3% foi a segunda série mais maratonada na Netflix em todo o mundo. E Ted Sarandos, diretor de conteúdo da plataforma, por onde passava em conferências e eventos, citava com orgulho que o drama brasileiro cativou o público internacional. Era o primeiro passo de coisas grandes que estariam por vir.

Relembre a vinheta de abertura de 3%:


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