SÉRIE NACIONAL

Milhem Cortaz toma conta de Irmandade na pele de traficante infantilizado

Bandidão tem Autorama e joga Aquaplay, brinquedos clássicos dos anos 1990

Publicado em 18/05/2022

Em cena da segunda temporada de Irmandade, quatro bandidos estão em uma biqueira sentados à mesa, fumando maconha, bebendo… e brincando de Pega Varetas?! Sim, esse é só um de vários momentos surreais, e até cômicos, liderados por Oseas (Milhem Cortaz), o traficante infantilizado que toma conta dos novos episódios da série nacional da Netflix.

O experiente Milhem Cortaz elevou o nível de Irmandade com esse personagem bizarro, para dizer o mínimo. Na cena descrita acima, por exemplo, ele surta ao acusar um dos comparsas de cometer falta na brincadeira, por ter mexido em uma vareta fora da regra do jogo. Aos gritos, o chefão aponta arma para o rosto do rapaz e só sossega quando ele admite que a tal vareta mexeu mesmo.

Logo depois, Oseas vai irritado ao banheiro fazer as necessidades dele (o número 2) e durante o processo fica brincando de Aquaplay. O joguinho tem várias versões, a dele é do basquete; consistia em movimentar uma bola dentro de um recipiente com água e passá-la dentro da cesta.

Oseas (Milhem Cortaz) joga Aquaplay em Irmandade
Oseas Milhem Cortaz joga Aquaplay em Irmandade

Nostalgia dos anos 90

A segunda temporada de Irmandade se passa em 1994. Então, os brinquedos e referências infantis associadas a Oseas são daquela época, como os casos do Pega Varetas e Aquaplay.

Logo quando é introduzido na história, o traficante mostra que não é nada comum. Darlene (Hermila Guedes) chega na biqueira dele para propor um negócio. Oseas interrompeu a brincadeira na hora do encontro: estava “pilotando” um Autorama, brinquedo de gente rica.

E não era qualquer Autorama, pois havia um circuito personalizado pelo qual o carrinho, emulando a McLaren vermelha e branca usada pelo Ayrton Senna na Fórmula 1, passava comandada por um controle. Eis o brinquedo favorito de Oseas.

O comportamento infantil dele contrasta com a agressividade exposta após o mínimo sinal de contrariedade, mesmo com os soldados dele, pessoas leais que estão ali para protegê-lo. De tapa na cara a esporro descontrolado, vale tudo.

No meio disso, ele pega de uma criança uma figurinha que não tem para colar no álbum da Copa do Mundo. E assiste a um jogo de futebol tomando tubaína, usando um canudinho dentro da garrafa.

Em certo momento, ele expulsa as pessoas de um bar e toma conta do lugar. Na TV passava um programa policial sensacionalista. Então, Oseas ordena para um capanga: “Vai pro canal 2 aí”. Em São Paulo, essa é a sintonia da TV Cultura, famosa pela programação infantil. Ao ver um desenho animado na tela, o traficante sorri.

As duas posturas extremas, infantil e bruta, funcionaram bem por causa de Milhem Cortaz, que soube transmitir com rara felicidade expressões tão distintas, em muitos casos uma seguida da outra. Provocando assim, ao mesmo tempo, medo e riso. ⬩

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