ANÁLISE

Killing Eve fez um dos piores finais de séries de todos os tempos; saiba por quê

Drama de espionagem britânico está com a quarta e última temporada disponível no Globoplay

Publicado em 25/06/2022

A série Killing Eve, cuja quarta e última temporada estreou nesta semana no Globoplay, entrou em um clube infame: o das séries com os piores finais de todos os tempos, ganhando cadeira cativa junto de Lost e ao lado de True Blood. O desfecho da trama outrora empolgante, estrelada pelas atrizes premiadas Sandra Oh e Jodie Comer, irritou a todos, de protagonista a fãs. Triste é perceber que o fim melancólico e preguiçoso estava a caminho.

É curioso olhar eventos anteriores ao final de Killing Eve e perceber as pegadas que levaram para o precipício. O mais evidente gira em torno da troca constante de showrunners, pessoa que dita o rumo da narrativa. Cada temporada do drama de espionagem teve uma showrunner diferente. 

Essa dança das cadeiras fez com que as personagens perdessem a essência, deixando características básicas para trás, se distanciando do modelo ideal apresentado na primeira temporada (a melhor da série) e do livro usado como inspiração, intitulado no Brasil de Codinome Villanelle, primeiro volume de uma trilogia.

[Atenção: spoilers a seguir]
A polêmica gira em torno da morte de Villanelle, personagem de Jodie Comer. Na verdade, nem tanto apenas pela morte em si, mas como e pelo qual motivo foi realizada. Afinal, por Killing Eve ser uma série com corpos espalhados por toda parte, seria até aceitável uma das duas protagonistas morrer em determinado momento.

Em fevereiro, antes de a série estrear nos Estados Unidos e no Reino Unido, Jodie Comer deu uma declaração ao jornal The New York Times que passou despercebida naquele instante, mas era uma ressalva importante. No meio de uma resposta sobre um assunto não relacionado à narrativa, Jodie disparou: Eu não sei como eu me sinto sobre o final, para dizer a verdade.”

Villanelle levou dois tiros certeiros nas costas, mesmo embaixo d’água, e morreu, assassinato encomendado por Carolyn (Fiona Shaw). Isso ocorreu nos minutos finais do último episódio, provocando choque e simplesmente aniquilando toda a verdadeira natureza da série.

Jodie Comer encara Sandra Oh antes de um beijo em Killing Eve
Jodie Comer encara Sandra Oh antes de um beijo em Killing Eve

Eve e Villanelle juntas

O final da trilogia Codinome Villanelle juntou a policial Eve com a serial killer, vivendo felizes para sempre nas páginas do último volume. A série optou por um desfecho totalmente diferente, contradizendo as jornadas das personagens.

Aos trancos e barrancos, Killing Eve deixou claro traços fundamentais da dupla: Eve cada vez mais abraçava o lado sombrio da força, enquanto Villanelle se entregava à vulnerabilidade com o passar do tempo.

A série, desde o começo, flertou com um romance entre as duas, sempre as separando quando passavam a ficar próximas demais. E bem perto do final feliz, uma tragédia ocorreu fora de contexto. 

Isso chamou a atenção de movimentos da comunidade LGBTQIA+ que apontam mortes de personagens gays, lésbicas, bissexuais e trans que se dão de modo aleatório no mundo das séries, mortes essas sem alguma fundamentação plausível. Killing Eve, infelizmente, se enquadra nesse recorte.

Fãs da série de todo o mundo não aceitaram o final evitável e passaram eles próprios a escreverem (e publicarem na internet) o que seria o fim mais justo para as personagens. O gesto de tomar a narrativa para si é simbólico e representativo, deixando claro que Eve e Villanelle mereciam muito mais.

E Jodie Comer tinha razão no alerta que deu. ⬩

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